por Ellen White
Parábolas de Jesus
Este capítulo é baseado em Gênesis 12: 2; Êxodo 33:18 – 19; 34: 6, 7; Deuteronômio 4:5 – 8; 7: 6, 9, 11 – 15; 8:11 – 14, 17, 19 – 20; 32: 9 -12; Salmos 19: 7; 50:23; 67:2; 78:24; Isaías 5:1- 7; 43:12; Jeremias 2: 21; 5:9; 7:4; Oséias 4:6; 10: 1; Mateus 21: 1 – 33, 37 – 38, 42 – 44; 27: 22, 24, 25; Marcos 16:15; Lucas 19:42; 23:18; João 3:16; 15:8; Romanos 11:17 – 18, 20, 21;
A parábola dos dois filhos seguiu-se a da vinha. Numa Cristo expôs aos mestres judeus a importância da obediência. Na outra apontou as ricas bênçãos concedidas a Israel, e nestas mostra o reclamo de Deus a sua obediência. Apresentou-lhes a glória do propósito de Deus, que pela obediência poderiam ter cumprido. Removendo o véu do futuro mostrou como pela omissão de cumprir Seu propósito, toda a nação estava perdendo as bênçãos e acarretando ruína sobre si.
“Houve um homem, pai de família”, disse Cristo, “que plantou uma vinha, e circundou-a de um valado, e construiu nela um lagar, e edificou uma torre, e arrendou-a a uns lavradores, e ausentou-se para longe.” Mateus 21:33.
O profeta Isaías faz uma descrição dessa vinha: “Agora, cantarei ao meu amado o cântico do meu querido a respeito da sua vinha. O meu amado tem uma vinha em um outeiro fértil. E a cercou, e a limpou das pedras, e a plantou de excelentes vides; e edificou no meio dela uma torre e também construiu nela um lagar; e esperava que desse uvas boas, mas deu uvas bravas.” Isaías 5:1, 2.
O lavrador escolhe um pedaço de terra no deserto; cerca, limpa, lavra e planta-o de vides seletas, antecipando rica colheita. Espera que esse pedaço de terra, por sua superioridade ao deserto inculto, o honre pelos resultados de seu cuidado e serviço. Assim Deus escolheu um povo do mundo para ser instruído e educado por Cristo. Diz o profeta: “A vinha do Senhor dos Exércitos é a casa de Israel, e os homens de Judá são a planta das suas delícias.” Isaías 5:7. A este povo outorgou Deus grandes privilégios, abençoando-o ricamente com Sua profusa bondade. Esperava que O honrassem produzindo frutos. Deveriam revelar os princípios de Seu reino. No meio de um mundo decaído e ímpio deveriam representar o caráter de Deus.
Como a vinha do Senhor, deveriam produzir frutos inteiramente diferentes dos das nações pagãs. Estes povos idólatras entregaram-se inteiramente à impiedade. Violência e crime, avareza e opressão, e as práticas mais corruptas eram permitidas sem restrições. Iniquidade, degradação e miséria eram frutos da árvore corrupta. Em notável contraste deveriam ser os frutos da vinha do Senhor.
Tinha a nação judaica o privilégio de representar o caráter de Deus como fora revelado a Moisés. Em resposta à súplica de Moisés: “Rogo-Te que me mostres a Tua glória”, o Senhor lhe prometeu: “Farei passar toda a Minha bondade por diante de ti.” Êxodo 33:18, 19. “Passando, pois, o Senhor perante a sua face, clamou: Jeová, o Senhor, Deus misericordioso e piedoso, tardio em iras e grande em beneficência e verdade; que guarda a beneficência em milhares; que perdoa a iniquidade, e a transgressão, e o pecado.” Êxodo 34:6, 7. Este era o fruto que Deus desejava receber de Seu povo. Na pureza do caráter, na santidade da vida, na misericórdia, e amor, e compaixão, deveriam mostrar que “a lei do Senhor é perfeita e refrigera a alma”. Salmos 19:7.
Pela nação judaica era o propósito de Deus comunicar ricas bênçãos a todos os povos. Por Israel devia ser preparado o caminho para a difusão de Sua luz a todo o mundo. Por seguirem práticas corruptas perderam as nações da Terra o conhecimento de Deus. Contudo, em Sua misericórdia não as destruiu. Planejava dar-lhes a oportunidade de conhecê-Lo por intermédio de Sua igreja. Tinha em vista que os princípios revelados por Seu povo seriam o meio de restaurar no homem a imagem moral de Deus.
Para o cumprimento deste propósito, foi que Deus chamou Abraão dentre seus parentes idólatras, e lhe mandou habitar na terra de Canaã. “E far-te-ei uma grande nação”, disse, “e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome, e tu serás uma bênção.” Gênesis 12:2.
Os descendentes de Abraão, Jacó e sua posteridade, foram levados ao Egito para que no meio daquela grande e ímpia nação revelassem os princípios do reino de Deus. A integridade de José e sua maravilhosa obra em preservar a vida de todo o povo egípcio, era uma representação da vida de Cristo. Moisés e muitos outros eram testemunhas de Deus.
Tirando Israel do Egito, o Senhor novamente mostrou Seu poder e misericórdia. Suas maravilhosas obras no livramento da escravidão e Seu modo de proceder para com eles em suas peregrinações pelo deserto, não eram somente para seu próprio benefício. Deveriam ser uma lição objetiva para as nações circunvizinhas. O Senhor Se revelou como Deus sobre toda autoridade e grandeza humanas. Os sinais e maravilhas que operou a favor de Seu povo, revelaram Seu poder sobre a natureza e sobre o maior dos que a adoravam. Deus passou pelo altivo Egito como passará nos últimos dias por toda a Terra. Com fogo e tempestade, terremoto e morte, o grande “Eu Sou” livrou Seu povo; tirou-os da terra da escravidão. Conduziu-os através daquele “grande e terrível deserto de serpentes ardentes, e de escorpiões, e de secura”. Deuteronômio 8:15. Fez sair água para eles “da rocha do seixal” (Deuteronômio 8:15), e alimentou-os com “trigo do Céu”. Salmos 78:24. “Porque”, disse Moisés, “a porção do Senhor é o Seu povo; Jacó é a parte da Sua herança. Achou-o na terra do deserto e num ermo solitário cheio de uivos; trouxe-o ao redor, instruiu-o, guardou-o como a menina do Seu olho. Como a águia desperta o seu ninho, se move sobre os seus filhos, estende as suas asas, toma-os e os leva sobre as suas asas, assim, só o Senhor o guiou; e não havia com ele deus estranho.” Deuteronômio 32:9 – 12. Deste modo atraiu-os a Si para que habitassem sob a sombra do Altíssimo.
Cristo era o guia dos filhos de Israel em suas peregrinações no deserto. Envolto na coluna de nuvem durante o dia e na de fogo durante a noite, os conduziu e guiou. Preservou-os dos perigos do deserto; levou-os à terra da promessa, e diante de todas as nações que não conheciam a Deus, estabeleceu Israel como Sua possessão peculiar, a vinha do Senhor.
A este povo foram confiados os oráculos de Deus. Eram circunvalados pelos preceitos de Sua lei, os eternos princípios de verdade, justiça e pureza. A obediência a estes princípios devia ser sua proteção, pois os salvaria de se destruírem por práticas pecaminosas. E como a torre na vinha, Deus colocou no meio da terra Seu santo templo.
Cristo era o instrutor. Como estivera com eles no deserto, assim também continuaria a ser o mestre e guia. No tabernáculo e no templo Sua glória habitava no santo “shekinah” sobre o propiciatório. Em favor deles manifestou constantemente as riquezas de Seu amor e paciência.
Deus desejava fazer do povo de Israel um louvor e glória. Todos os privilégios espirituais lhes foram concedidos. Deus nada reteve que pudesse ser útil para a formação do caráter que os tornaria representantes Seus.
Sua obediência à lei de Deus os tornaria uma maravilha de prosperidade ante as nações do mundo. Ele que lhes podia dar sabedoria e perícia em todo artifício, continuaria a ser seu mestre, e os enobreceria e elevaria pela obediência a Suas leis. Se fossem obedientes seriam preservados das enfermidades que afligiam outras nações, e abençoados com vigor intelectual. A glória de Deus, Sua majestade e poder deveriam ser revelados em toda a sua prosperidade. Deveriam ser um reino de sacerdotes e príncipes. Deus lhes proveu toda a possibilidade de se tornarem a maior nação da Terra.
De modo definido, mediante Moisés, apresentou-lhes Cristo o propósito de Deus, e esclareceu-lhes as condições de sua prosperidade. “Povo santo és ao Senhor, teu Deus”, disse Ele: “O Senhor, teu Deus, te escolheu, para que Lhe fosses o Seu povo próprio, de todos os povos que sobre a Terra há. Saberás, pois, que o Senhor, teu Deus, é Deus, o Deus fiel, que guarda o concerto e a misericórdia até mil gerações aos que O amam e guardam os Seus mandamentos. Guarda, pois, os mandamentos, e os estatutos, e os juízos que hoje te mando fazer. Será, pois, que, se, ouvindo estes juízos, os guardardes e fizerdes, o Senhor, teu Deus, te guardará o concerto e a beneficência que jurou a teus pais; e amar-te-á, e abençoar-te-á, e te fará multiplicar, e abençoará o fruto do teu ventre, e o fruto da tua terra, o teu cereal, e o teu mosto, e o teu azeite, e a criação das tuas vacas, e o rebanho do teu gado miúdo, na terra que jurou a teus pais dar-te. Bendito serás mais do que todos os povos. … E o Senhor de ti desviará toda enfermidade; sobre ti não porá nenhuma das más doenças dos egípcios, que bem sabes.” Deuteronômio 7:6, 9, 11-15.
Se guardassem os mandamentos, Deus lhes prometeu dar o mais belo trigo e tirar-lhes mel da rocha. Com longa vida os havia de satisfazer e havia de mostrar-lhes Sua salvação.
Por desobediência a Deus, Adão e Eva perderam o Éden, e por causa do pecado toda a Terra foi amaldiçoada. Mas se o povo de Deus seguisse as instruções, sua terra seria restaurada à fertilidade e beleza. Deus mesmo lhes dera ensinos quanto à cultura do solo, e deveriam cooperar em sua restauração. Assim, toda a Terra, sob a direção de Deus, se tornaria uma lição objetiva da verdade espiritual. Assim como, em obediência às leis naturais, a terra deve produzir seus tesouros, da mesma forma, como em obediência à Sua lei moral o coração do povo deveria refletir os atributos de Seu caráter em obediência à Sua lei moral. Até os pagãos reconheceriam a superioridade dos que servem e adoram o Deus vivo.
“Vedes aqui”, disse Moisés, “vos tenho ensinado estatutos e juízos, como me mandou o Senhor, meu Deus, para que assim façais no meio da terra a qual ides a herdar. Guardai-os, pois, e fazei-os, porque esta será a vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os olhos dos povos que ouvirão todos estes estatutos e dirão: Só este grande povo é gente sábia e inteligente. Porque, que gente há tão grande, que tenha deuses tão chegados como o Senhor, nosso Deus, todas as vezes que O chamamos? E que gente há tão grande, que tenha estatutos e juízos tão justos como toda esta lei que hoje dou perante vós?” Deuteronômio 4:5 – 8.
O povo de Israel deveria ocupar todo o território que Deus lhes designara. As nações que rejeitassem o culto ou o serviço do verdadeiro Deus deveriam ser desapossadas. Era propósito de Deus, porém, que pela revelação de Seu caráter por meio de Israel, os homens fossem atraídos a Ele. O convite do evangelho deveria ser transmitido a todo mundo. Pela lição do sacrifício simbólico, Cristo deveria ser exaltado perante as nações, e todos os que O olhassem viveriam. Todos os que, como Raabe, a cananéia, e Rute, a moabita, se volvessem da idolatria ao culto do verdadeiro Deus, deveriam unir-se ao povo escolhido. Quando o número de Israel aumentasse, deveriam ampliar os limites até que seu reino abarcasse o mundo.
Deus desejava trazer todos os povos sob Seu governo misericordioso. Desejava que a Terra se enchesse de alegria e paz. Criou o homem para a felicidade, e anseia encher da paz do Céu o coração humano. Anela que as famílias da Terra sejam um tipo da grande família do Céu.
Israel, porém, não cumpriu o propósito de Deus. O Senhor declarou: “Eu mesmo te plantei como vide excelente, uma semente inteiramente fiel; como, pois, te tornaste para Mim uma planta degenerada, de vide estranha?” Jeremias 2:21. “Israel é uma vide frondosa; dá fruto para si mesmo.” Oséias 10:1. “Agora, pois, ó moradores de Jerusalém e homens de Judá, julgai, vos peço, entre Mim e a Minha vinha. Que mais se podia fazer à Minha vinha, que Eu lhe não tenha feito? E como, esperando Eu que desse uvas boas, veio a produzir uvas bravas? Agora, pois, vos farei saber o que Eu hei de fazer à Minha vinha: tirarei a sua sebe, para que sirva de pasto; derribarei a sua parede, para que seja pisada; e a tornarei em deserto; não será podada, nem cavada; mas crescerão nela sarças e espinheiros; e às nuvens darei ordem que não derramem chuva sobre ela. Porque… esperou que exercessem juízo, e eis aqui opressão; justiça, e eis aqui clamor.” Isaías 5:3-7.
Por intermédio de Moisés o Senhor expôs ao povo as consequências da infidelidade. Recusando guardar Seu pacto, segregar-se-iam da vida de Deus, e Suas bênçãos não poderiam descer sobre eles. “Guarda-te”, disse Moisés, “para que te não esqueças do Senhor, teu Deus, não guardando os Seus mandamentos, e os Seus juízos, e os Seus estatutos, que hoje te ordeno; para que, porventura, havendo tu comido, e estando farto, e havendo edificado boas casas, e habitando-as, e se tiverem aumentado as tuas vacas e as tuas ovelhas, e se acrescentar a prata e o ouro, e se multiplicar tudo quanto tens, se não eleve o teu coração, e te esqueças do Senhor, teu Deus. … E não digas no teu coração: A minha força e a fortaleza do meu braço me adquiriram este poder. Será, porém, que, se, de qualquer sorte, te esqueceres do Senhor, teu Deus, e se ouvires outros deuses, e os servires, e te inclinares perante eles, hoje eu protesto contra vós que certamente perecereis. Como as gentes que o Senhor destruiu diante de vós, assim vós perecereis; porquanto não quisestes obedecer à voz do Senhor, vosso Deus.” Deuteronômio 8:11 – 14, 17, 19 – 20.
A advertência não foi atendida pelo povo judeu. Esqueceram-se de Deus, e perderam de vista o alto privilégio de representantes Seus. As bênçãos que receberam não reverteram em bênçãos para o mundo. Todas as prerrogativas foram usadas para a glorificação própria. Roubaram a Deus do serviço que deles requeria, e roubaram a seus semelhantes a direção religiosa e o santo exemplo. Como os habitantes do mundo antediluviano, seguiam toda imaginação de seu coração mau. Assim faziam as coisas sagradas parecerem uma farsa, dizendo: “Templo do Senhor, templo do Senhor, templo do Senhor é este” (Jeremias 7:4), ao passo que representavam falsamente o caráter de Deus, desonrando-Lhe o nome, e poluindo o Seu santuário.
Os lavradores a quem Deus colocara como guardas de Sua vinha, foram infiéis à missão a eles confiada. Os sacerdotes e mestres não eram fiéis instrutores do povo. Não lhes expunham a bondade e misericórdia de Deus, e Seu direito a Seu amor e serviço. Esses lavradores procuravam a própria glória. Desejavam apropriar-se dos frutos da vinha. Era seu intento atrair para si a atenção e homenagem.
A culpa destes guias de Israel não era a mesma que a do pecador vulgar. Estes homens estavam sob a mais solene obrigação para com Deus. Haviam-se comprometido a ensinar um “Assim diz o Senhor”, e a prestar estrita obediência na vida prática. Em vez de assim proceder, estavam pervertendo as Escrituras. Sobrecarregavam os homens com pesados fardos, obrigando-os à prática de cerimônias que se relacionavam com cada passo da vida. O povo vivia em contínuo desassossego; porque não podiam cumprir todas as exigências impostas pelos rabinos. Ao verem a impossibilidade de guardar os mandamentos dos homens, tornaram-se negligentes em guardar os de Deus.
O Senhor instruíra o povo de que Ele era o proprietário da vinha, e que todas as possessões somente lhes foram confiadas para usá-las para Ele. Os sacerdotes e mestres, porém, não executavam os deveres de seu ofício sagrado como se estivessem administrando a propriedade de Deus. Roubavam-Lhe sistematicamente os meios e recursos a eles confiados para o progresso da obra. Sua avareza e ganância levaram-nos a ser desprezados até pelos pagãos. Assim foi dada oportunidade aos gentios para interpretarem mal o caráter de Deus e as leis de Seu reino.
Deus suportou Seu povo com coração de pai. Pleiteou com eles por bênçãos dadas e retiradas. Pacientemente lhe expôs seus pecados, e com longanimidade esperava seu reconhecimento. Profetas e mensageiros foram enviados para reclamar os direitos de Deus sobre os lavradores; mas em vez de serem bem-vindos, eram tratados como inimigos. Os lavradores perseguiam-nos e matavam-nos. Deus enviou ainda outros mensageiros, porém receberam o mesmo tratamento que os primeiros, apenas os lavradores mostraram ódio ainda mais decidido.
Como último recurso, Deus enviou Seu Filho, dizendo: “Terão respeito a Meu filho.” Mateus 21:37. Mas a sua resistência tornara-os vingativos, e disseram entre si: “Este é o herdeiro; vinde, matemo-Lo e apoderemo-nos da Sua herança.” Mateus 21:38. Então ser-nos-á permitido possuir a vinha, e faremos o que nos aprouver com o fruto.
Os maiorais judeus não amavam a Deus. Por isso romperam com Ele e rejeitaram todas as propostas para uma reconciliação justa. Cristo, o Amado de Deus, veio para reivindicar os direitos do Proprietário da vinha; mas os lavradores O trataram com declarado desprezo, dizendo: Não queremos que este reine sobre nós. Invejavam a beleza do caráter de Cristo. Sua maneira de ensinar era muito superior à deles e temiam Seu êxito. Argumentava com eles desmascarando-lhes a hipocrisia, e mostrando-lhes a consequência certa de seu procedimento. Isso lhes provocou a ira ao extremo. Torturavam-se ante as repreensões que não podiam silenciar. Odiavam o alto padrão de justiça que Cristo constantemente apresentava. Viam que Seus ensinos acabariam revelando seu egoísmo, e resolveram matá-Lo. Odiavam Seu exemplo de fidelidade e piedade, e a elevada espiritualidade revelada em tudo quanto fazia. Toda a Sua vida lhes era uma reprovação do egoísmo, e ao chegar a prova final, prova que significava obediência para vida eterna ou desobediência para morte eterna, rejeitaram o Santo de Israel. Ao ser-lhes pedido escolherem entre Cristo e Barrabás, exclamaram: “Solta-nos Barrabás.” Lucas 23:18. E ao perguntar Pilatos: “Que farei, então, de Jesus?” gritaram: “Seja crucificado!” Mateus 27:22. “Hei de crucificar o vosso Rei?” interrogou Pilatos; e dos sacerdotes e maiorais veio a resposta: “Não temos rei, senão o César.” João 19:15. Ao lavar Pilatos as mãos, dizendo: “Estou inocente do sangue deste justo”, os sacerdotes uniram-se à turba ignorante, gritando exaltados: “O Seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos.” Mateus 27:24, 25.
Desse modo os guias judeus fizeram a escolha. Sua decisão foi registrada no livro que João viu na mão dAquele que estava assentado no trono, no livro que ninguém podia abrir. Essa decisão lhes será apresentada em todo o seu caráter reivindicativo naquele dia em que o livro há de ser aberto pelo Leão da tribo de Judá.
O povo judeu acariciava a ideia de que eram os favoritos do Céu, e seriam sempre exaltados como igreja de Deus. Eram filhos de Abraão, declaravam, e o fundamento de sua prosperidade parecia-lhes tão firme, que desafiavam Terra e Céu para desapossá-los de seus direitos. Por sua conduta infiel, porém, estavam-se preparando para a condenação do Céu e separação de Deus.
Na parábola da vinha, depois de retratar aos sacerdotes o ato culminante de sua impiedade, Cristo lhes fez a pergunta: “Quando, pois, vier o Senhor da vinha, que fará àqueles lavradores?” Mateus 21:40. Os sacerdotes acompanhavam com profundo interesse a narrativa, e sem considerar sua relação com o tema, uniram-se à resposta do povo: “Dará afrontosa morte aos maus e arrendará a vinha a outros lavradores, que, a seu tempo, lhe deem os frutos.” Mateus 21:41.
Inconscientemente pronunciaram sua própria condenação. Jesus mirou-os, e sob Seu olhar esquadrinhador sabiam que lhes lia os segredos do coração. Sua divindade lampejava diante deles com poder inconfundível. Viram nos lavradores seu próprio retrato e exclamaram, involuntariamente: “Assim não seja.”
Solene e pesarosamente, perguntou Cristo: “Nunca lestes nas Escrituras: A pedra que os edificadores rejeitaram, essa foi posta por cabeça do ângulo; pelo Senhor foi feito isso e é maravilhoso aos nossos olhos? Portanto, Eu vos digo que o reino de Deus vos será tirado e será dado a uma nação que dê os seus frutos. E quem cair sobre esta pedra despedaçar-se-á; e aquele sobre quem ela cair ficará reduzido a pó.” Mateus 21:42 – 44.
Cristo teria mudado o destino da nação judaica, se o povo O houvesse recebido. Inveja e ciúme os tornaram implacáveis, porém. Decidiram que não aceitariam a Jesus de Nazaré como o Messias. Rejeitaram a Luz do mundo, e daí em diante sua vida estava envolta em trevas tão densas como as da meia-noite. A predita ruína veio sobre a nação judaica. Suas próprias paixões violentas e irrefreadas lhes causaram a destruição. Em sua ira cega aniquilaram-se uns aos outros. Pelo orgulho rebelde e obstinado atraíram sobre si a ira dos conquistadores romanos. Jerusalém foi destruída, arrasado o templo, e seu sítio arado como um campo. Os filhos de Judá pereceram pelas mais horríveis formas de matança. Milhões foram vendidos para servirem como escravos nos países pagãos.
Como povo os judeus deixaram de cumprir o propósito de Deus, e a vinha lhes foi tirada. Os privilégios de que abusaram e a obra que negligenciaram foram confiados a outros.
A igreja moderna
A parábola da vinha não se aplica somente à nação judaica. Ela tem uma lição para nós. À igreja desta geração Deus concedeu grandes privilégios e bênçãos, e espera os frutos correspondentes.
Fomos redimidos por um resgate precioso. Somente pela grandeza do resgate podemos conceber seus resultados. Nesta Terra, a Terra cujo solo foi umedecido pelas lágrimas e pelo sangue do Filho de Deus, devem ser produzidos os preciosos frutos do Paraíso. As verdades da Palavra divina devem manifestar na vida dos filhos de Deus sua glória e excelência. Mediante Seu povo revelará Cristo Seu caráter e as bases do Seu reino.
Satanás procura frustrar a obra de Deus, e instantemente incita os homens a aceitar seus princípios. Apresenta o povo escolhido de Deus como um povo iludido. É um delator dos irmãos, e dirige constantemente acusações contra os que trabalham fielmente. O Senhor deseja refutar por meio de Seu povo as acusações do diabo, mostrando os resultados da obediência a justos princípios.
Esses princípios devem manifestar-se no cristão individual, na família, na igreja, e em toda instituição estabelecida para o serviço de Deus. Todos devem ser símbolos do que pode ser feito para o mundo. Devem ser tipos do poder salvador das verdades do evangelho. Todos são instrumentos para o cumprimento do grande propósito de Deus para a humanidade.
Os guias judeus olhavam com orgulho ao magnífico templo, e aos ritos imponentes de seu culto religioso, mas careciam de justiça, da misericórdia e do amor de Deus. A glória do templo, o esplendor do culto, não podiam recomendá-los a Deus; porque aquilo que somente tem valor a Seus olhos, não Lhe ofereciam. Não Lhe apresentavam o sacrifício de um espírito contrito e humilde. Quando se perdem os princípios vitais do reino de Deus é que as cerimônias se tornam múltiplas e extravagantes. Quando a edificação do caráter é negligenciada, quando falta o adorno da alma, quando se perde de vista a simplicidade da devoção, é que o orgulho e amor à ostentação exigem templos magníficos, adornos valiosos e cerimônias pomposas. Deus não é honrado por nada disso, porém. Não Lhe é aceitável uma religião da moda — que consiste em cerimônias, pretensão e ostentação. Em cultos tais os mensageiros celestes não tomam parte.
A igreja é muito preciosa aos olhos de Deus. Ele não a avalia por suas prerrogativas exteriores, mas pela sincera piedade que a distingue do mundo. Estima-a segundo o crescimento dos membros no conhecimento de Cristo, segundo o progresso na experiência espiritual.
Cristo anseia receber de Sua vinha os frutos da santidade e desinteresse. Espera os princípios de amor e benignidade. Toda a beleza da arte não pode ser comparada à do temperamento e caráter que devem ser revelados nos representantes de Cristo. A atmosfera de graça que circunda a alma do crente, o Espírito Santo que opera na mente e no coração, é que o faz um cheiro de vida para vida, e faculta a Deus o abençoar Sua obra.
Uma congregação pode ser a mais pobre da Terra. Pode não ter atrativo algum de pompa exterior; mas se os membros possuírem os princípios do caráter de Cristo, terão Sua paz no espírito. Os anjos unir-se-ão a eles na adoração. O louvor e ação de graças de corações reconhecidos ascenderão a Deus como suave sacrifício.
O Senhor deseja que façamos menção de Sua bondade e falemos de Seu poder. É honrado pela expressão de louvores e ações de graças. Diz: “Aquele que oferece sacrifício de louvor Me glorificará.” Salmos 50:23. Quando jornadeava pelo deserto, o povo de Israel louvava a Deus com cânticos sacros. Os mandamentos e promessas de Deus eram postos em música, e durante toda a viagem cantavam-nos os viajantes peregrinos. E em Canaã, quando se congregassem nas festas sagradas, as maravilhosas obras de Deus deviam ser relembradas e oferecidas ações de graças ao Seu nome. Deus desejava que toda a vida de Seu povo fosse uma vida de louvor. Assim Seu caminho deveria tornar-se conhecido na Terra e “em todas as nações”, a Sua “salvação”. Salmos 67:2.
Assim deve ser agora. O povo do mundo está adorando deuses falsos. Devem ser desviados do falso culto, não por ouvir denúncia contra seus ídolos, mas vendo alguma coisa melhor. A bondade de Deus deve tornar-se notória. “Vós sois as Minhas testemunhas, diz o Senhor; Eu sou Deus.” Isaías 43:12.
O Senhor deseja que apreciemos o grande plano da redenção, reconheçamos o alto privilégio como filhos de Deus, e andemos perante Ele em obediência e com ações de graças. Deseja que O sirvamos em novidade de vida, com alegria diária. Anseia ver exalar gratidão de nosso coração, porque nossos nomes estão escritos no livro da vida do Cordeiro, por podermos lançar todos os nossos cuidados sobre Aquele que está solícito por nós. Quer que nos alegremos porque somos herança do Senhor, porque a justiça de Cristo é a veste branca de Seus santos, porque temos a bem-aventurada esperança da breve volta de nosso Salvador.
Louvar a Deus em plenitude e sinceridade de coração é tanto um dever quanto o é a oração. Devemos mostrar ao mundo e a todos os seres celestiais que apreciamos o maravilhoso amor de Deus à humanidade decaída, e esperamos maiores bênçãos de Sua infinita plenitude. Muito mais do que o fazemos, precisamos falar dos capítulos preciosos de nossa experiência. Depois de um derramamento especial do Espírito Santo, nossa alegria no Senhor e nossa eficiência em Seu serviço aumentariam grandemente com o recontar Sua bondade e Suas maravilhosas obras a favor de Seus filhos.
Essas práticas reprimem o poder de Satanás. Expelem o espírito de murmuração e queixa, e o tentador perde terreno. Cultivam aqueles atributos de caráter que habilitarão os moradores da Terra para as mansões celestes.
Um tal testemunho terá influência sobre outros. Não pode ser empregado meio mais eficaz de conquistá-los para Cristo.
Devemos louvar a Deus com total dedicação, fazendo todo esforço para promover a glória de Seu nome. Deus nos comunica Suas dádivas para que também demos, e deste modo revelemos Seu caráter ao mundo. Na dispensação judaica as dádivas e oferendas formavam uma parte essencial do culto a Deus. Os israelitas eram ensinados a consagrar ao serviço do santuário o dízimo de toda renda. Além disso deviam trazer ofertas expiatórias, ofertas voluntárias e ofertas de gratidão. Esses eram os meios para sustentar o ministério do evangelho naquele tempo. Deus não espera menos de nós do que do povo antigamente. A grande obra da salvação precisa ser levada avante. Pelo dízimo, ofertas e dádivas fez Ele provisão para esta obra. Desse modo pretende seja sustentada a pregação do evangelho. Reclama o dízimo como Sua propriedade, e o mesmo deveria ser sempre considerado uma reserva sagrada a ser depositada no Seu tesouro para o benefício de Sua causa. Pede também nossas ofertas voluntárias e dádivas de gratidão. Tudo deve ser consagrado para enviar o evangelho às partes mais remotas da Terra.
O serviço a Deus inclui o ministério pessoal. Pelo esforço pessoal devemos com Ele cooperar para a salvação do mundo. A ordem de Cristo: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Marcos 16:15), é dirigida a todos os Seus seguidores. Todos os que são chamados à vida de Cristo, o são também para trabalhar pela salvação do próximo. Seu coração palpitará em harmonia com o de Cristo. A mesma paixão que Ele sentiu pela humanidade será manifesta neles. Nem todos podem preencher o mesmo lugar na obra, mas há lugar e trabalho para todos.
Nos tempos antigos, Abraão, Isaque, Jacó, Moisés com sua mansidão e sabedoria, e Josué com suas várias aptidões, estavam todos alistados no serviço de Deus. A música de Miriã, a coragem e piedade de Débora, a afeição filial de Rute, a obediência e fidelidade de Samuel, a austera retidão de Elias, a influência enternecedora e subjugante de Eliseu — foram todas necessárias. Assim, agora, quem participar das bênçãos de Deus deve responder por um serviço ativo; toda dádiva deve ser empregada na propagação de Seu reino, e glória de Seu nome.
Todos os que aceitam a Cristo como Salvador pessoal devem demonstrar a verdade do evangelho e seu poder salvador na vida. Deus nada requer sem prover os meios para o cumprimento. Pela graça de Cristo podemos cumprir tudo quanto Deus exige. Todas as riquezas do Céu devem ser reveladas pelo povo de Deus. “Nisto é glorificado Meu Pai”, disse Cristo, “que deis muito fruto; e assim sereis Meus discípulos.” João 15:8.
Deus reclama toda a Terra como Sua vinha. Embora nas mãos do usurpador, pertence a Deus. É Sua não menos pela redenção que pela criação. Para o mundo foi feito o sacrifício de Cristo. “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito.” João 3:16. Por esta única dádiva são concedidas aos homens todas as outras. Diariamente todo o mundo recebe de Deus bênçãos. Cada gota de chuva, cada raio de luz que cai sobre esta geração ingrata, cada folha, e flor, e fruto testifica da longanimidade de Deus e de Seu grande amor.
E que retribuição é feita ao grande Doador? Como tratam os homens os reclamos divinos? A quem dão as multidões o serviço de sua vida? Servem a “Mamom”. Riqueza, posição, prazeres mundanos, são seu alvo. A riqueza é ganha pelo roubo não somente dos homens, mas de Deus. Os homens usam as dádivas para satisfazer seu egoísmo. Tudo de que podem apoderar-se é usado para servir a sua avareza e amor aos prazeres egoístas.
O pecado do mundo moderno é o pecado que arruinou a Israel. Ingratidão para com Deus, menosprezo das oportunidades e bênçãos, a egoísta apropriação das dádivas de Deus, tudo isso estava compreendido no pecado que trouxe sobre Israel a ira de Deus. Isso está causando hoje a ruína do mundo.
As lágrimas que Cristo derramou no Monte das Oliveiras, ao contemplar a cidade escolhida, não eram somente por Jerusalém. No destino de Jerusalém, viu a destruição do mundo.
“Ah! Se tu conhecesses também, ao menos neste teu dia, o que à tua paz pertence! Mas, agora, isso está encoberto aos teus olhos.” Lucas 19:42.
“Neste teu dia.” O dia está-se aproximando do fim. O período de graça e privilégio está prestes a findar. As nuvens da vingança estão-se acumulando. Os que rejeitaram a graça de Deus estão quase sendo tragados pela ruína rápida e inevitável.
Contudo o mundo dorme. O povo não conhece o tempo de sua visitação.
Nesta crise, onde se acha a igreja? Satisfazem seus membros os reclamos de Deus? Estão cumprindo Sua incumbência, e representam Seu caráter perante o mundo? Dirigem a atenção de seus semelhantes para a última misericordiosa mensagem de advertência? Os homens estão em perigo. Multidões perecem. Mas quão poucos dos professos seguidores de Cristo sentem responsabilidade por essas pessoas! O destino de um mundo pende na balança; mas isso mal comove mesmo aqueles que dizem crer na verdade mais abarcante já dada aos mortais. Há uma carência daquele amor que induziu Cristo a deixar Seu lar celeste e assumir a natureza humana, para que a humanidade tocasse a humanidade, e a atraísse à divindade. Há um estupor, uma paralisia sobre o povo de Deus, que o impede de compreender o dever do momento.
Quando os israelitas entraram em Canaã, não cumpriram o propósito de Deus, apossando-se de toda a Terra. Depois de fazer conquista parcial, assentaram-se para comemorar o fruto das vitórias. Na incredulidade e amor à comodidade congregaram-se na parte já conquistada, em vez de avançar para ocupar novos territórios. Desse modo começaram a alienar-se de Deus. Por haverem deixado de executar Seu propósito, tornaram-Lhe impossível cumprir as promessas de bênção. Não está fazendo o mesmo a igreja moderna? Com todo o mundo diante de si, cristãos professos, necessitados do evangelho, congregam-se onde podem receber os privilégios do mesmo. Não sentem a necessidade de ocupar novos territórios, levando a mensagem da salvação às regiões longínquas. Recusam cumprir o mandado de Cristo: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.” Marcos 16:15. São menos culpados que a igreja judaica?
Os pretensos seguidores de Cristo estão em prova diante de todo o universo celeste; mas a sua frieza de zelo e falta de empenho no serviço de Deus, qualifica-os de infiéis. Se o que fazem fosse o melhor que poderiam haver feito, sobre eles não pairaria condenação. Mas se seu coração estivesse dedicado à obra, poderiam fazer muito mais.
Sabem, e o mundo também, que em alto grau perderam o espírito de abnegação e de carregar a cruz. Junto ao nome de muitos será escrito, nos livros do Céu: Não produtores, porém consumidores. Por muitos que levam o nome de Cristo, é obscurecida Sua glória, Sua beleza toldada, retida Sua honra.
Muitos há, cujos nomes estão nos livros da igreja, mas não sob o governo de Cristo. Não Lhe ouvem as instruções, nem fazem Sua obra. Por isto estão sob o domínio do inimigo. Não fazem positivamente bem, por isto produzem dano incalculável. Por sua influência não ser cheiro de vida para vida, é cheiro de morte para morte.
O Senhor diz: “Deixaria Eu de castigar estas coisas?” Jeremias 5:9. Por não haverem cumprido o propósito de Deus, os filhos de Israel foram abandonados e o convite divino foi estendido a outros povos. Se estes também se provarem infiéis, não serão da mesma maneira rejeitados?
Na parábola da vinha foram os lavradores que Cristo declarou culpados. Foram eles que recusaram devolver a seu Senhor o fruto da terra. Na nação judaica foram os sacerdotes e mestres que, desviando o povo, roubaram a Deus do serviço que requeria. Foram eles que afastaram de Cristo a nação.
A lei de Deus, não misturada com tradições humanas, foi apresentada por Cristo como o grande padrão de obediência. Isto provocou a inimizade dos rabinos. Tinham colocado ensinos humanos acima da Palavra de Deus, e de Seus preceitos desviaram o povo. Não quiseram ceder seus próprios mandamentos para obedecer às reivindicações da Palavra de Deus. Ao amor da verdade não quiseram sacrificar o orgulho da razão nem o louvor dos homens. Quando Cristo veio, apresentando à nação as reivindicações de Deus, os sacerdotes e anciãos Lhe negaram o direito de Se interpor entre eles e o povo. Não Lhe quiseram aceitar as reprovações e advertências, e propuseram-se a contra Ele instigar o povo e conseguir Sua morte.
Eram responsáveis pela rejeição de Cristo e os resultados que se seguiram. O pecado e a ruína de todo o povo foram devidos aos guias religiosos.
Em nossos dias não operam as mesmas influências? Dentre os lavradores da vinha do Senhor não estão muitos seguindo os passos dos guias judeus? Não estão mestres religiosos desviando os homens dos claros reclamos da Palavra de Deus? Em vez de educá-los na obediência à lei de Deus, não os estão educando na transgressão? De muitos púlpitos das igrejas, o povo é ensinado que a lei de Deus não lhes é obrigatória. Exaltam-se tradições, ordenanças e costumes humanos. São alimentados o orgulho e a satisfação própria pelas dádivas de Deus, ao passo que Seus direitos são ignorados.
Pondo de lado a lei divina não sabem os homens o que estão fazendo. A lei de Deus é a expressão de Seu caráter. Nela estão contidos os princípios de Seu reino. Quem recusa aceitar estes princípios está-se excluindo do conduto por onde fluem as bênçãos de Deus.
As gloriosas possibilidades apresentadas a Israel só poderiam ser realizadas pela obediência aos mandamentos de Deus. A mesma elevação de caráter, a mesma plenitude de bênçãos — bênção no espírito, alma e corpo, bênção na casa e no campo, bênção para esta vida e para a vindoura, somente é possível pela obediência.
No mundo espiritual como no natural, obediência às leis de Deus é condição para a produção de frutos. E quando se ensina ao povo a desrespeitar os mandamentos de Deus, impede-se que produzam frutos para Sua glória. São culpados de privar o Senhor dos frutos de Sua vinha.
Os mensageiros de Deus vêm a nós sob as ordens do Mestre. Vêm, como Cristo o fez, requerendo obediência à Palavra de Deus. Apresenta Ele Seus direitos aos frutos da vinha, os frutos de amor, humildade e serviço abnegado. Como os guias judeus, não são incitados à ira muitos dos lavradores da vinha? Quando são expostas ao povo as reivindicações da lei de Deus, não usam esses mestres sua influência para induzir os homens a rejeitá-la? A tais mestres Deus chama servos infiéis.
As palavras de Deus ao antigo Israel encerram uma advertência solene para a igreja moderna e seus guias. De Israel, diz o Senhor: “Escrevi para eles as grandezas da Minha lei; mas isso é para ele como coisa estranha.” Oséias 8:12. E aos sacerdotes e mestres, declara: “O Meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também Eu te rejeitarei, … visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também Eu Me esquecerei de teus filhos.” Oséias 4:6.
Permanecerão desatendidas as advertências divinas? Continuarão desaproveitadas as oportunidades para o serviço? Serão os professos seguidores de Cristo impedidos de servi-Lo pelo escárnio do mundo, o orgulho da razão, a conformação aos costumes e tradições humanos? Rejeitarão a Palavra de Deus, como os guias judeus rejeitaram a Cristo? A consequência do pecado de Israel está perante nós. Aceitará a igreja moderna a advertência?
“Se alguns dos ramos foram quebrados, e tu, sendo zambujeiro, foste enxertado em lugar deles e feito participante da raiz e da seiva da oliveira, não te glories. … Pela sua incredulidade foram quebrados, e tu estás em pé pela fé; então, não te ensoberbeças, mas teme. Porque, se Deus não poupou os ramos naturais, teme que te não poupe a ti também.” Romanos 11:17, 18, 20, 21.