Conversando sobre 1 Samuel 15 (parte 1)

Um verso bíblico que tem gerado muitos questionamentos até mesmo entre os cristãos é a citação de 1 Samuel 15: 2-3

Destacamos:
Assim diz o Senhor dos Exércitos: Resolvi acertar as contas com a nação de Amaleque por ter se colocado contra Israel quando o povo saía do Egito. Agora vá e destrua completamente a nação amalequita: homens, mulheres, crianças, recém-nascidos, gado, ovelhas, camelos e jumentos’.

Primeira observação:destrua completamente’
“Do hebraico cherem: interdição
A destruição total de todas as pessoas e seus pertences só era executável em situações excepcionais.” (Comentário Bíblia Andrews)

Segunda Observação:
“Algumas pessoas têm dificuldade em crer que o Senhor ordenasse que uma nação inteira fosse destruída em função de algo que seus antepassados haviam feito séculos antes. É possível que alguns desses críticos fiem-se mais em sentimentos do que em verdades espirituais, sem perceber como o Senhor havia sido longânimo com essas nações e como elas eram indescritivelmente perversas (ver 1 Samuel 15:18, 33; Gênesis 15:16). A aliança de Deus com o povo de Israel incluía a seguinte promessa: “Amaldiçoarei os que te amaldiçoarem” (Gênesis 12:3), e Deus sempre cumpre Sua Palavra. Povos como os amalequitas, que desejavam exterminar os israelitas, não estavam apenas declarando guerra contra Israel, mas também se opondo ao Deus Todo-Poderoso e a Seu grande plano de redenção para o mundo inteiro. […] A história mostra como as nações que perseguiram Israel foram  julgadas com severidade.” ( Históricos  Antigo Testamento – Warren W. Wiersbe)
Terceiro Ponto:
Quem era Ameleque e os amelequitas? Por que “crianças de peito, bois e ovelhas, camelos e jumentos”? Permita-me compartilhar com você este texto de John Mac Arthur Jr em seu artigo Despedaçando Agague: “O mandamento de Deus era claro Saul tinha que proceder cruelmente em relação aos amelequitas, matando até mesmo as criancinhas de peito e animais. Toda a tribo tinha que ser total e impiedosamente arrasada – nenhum refém poderia ser tomado.

O que faria um Deus de amor infinito impor um julgamento tão severo? Os amalequitas eram uma antiga raça nômade, descendentes de Esaú (Gênesis 36:12). Habitavam a parte sul de Canaã e eram eternos inimigos dos Israelitas. Pertenciam à mesma tribo que cruelmente atacou Israel em Refidim, logo após o Êxodo, na famosa batalha em que Arão e Hur tiveram que sustentar os braços de Moisés (Êxodo 17:8-13). Eles emboscaram Israel pela retaguarda e massacraram os soldados dominados, que estavam extenuados (Deuteronômio 25:18). A mais poderosa e selvagem tribo de toda a região atacou Israel covardemente. Naquele dia Deus livrou Israel sobrenaturalmente, e os amalequitas fugiram procurando refúgio. Naquele dia Deus jurou a Moisés: “Então, disse o SENHOR a Moisés: Escreve isto para memória num livro e repete-o a Josué; porque eu hei de riscar totalmente a memória de Amaleque de debaixo do céu. E Moisés edificou um altar e lhe chamou: O SENHOR É Minha Bandeira. E disse: Porquanto o SENHOR jurou, haverá guerra do SENHOR contra Amaleque de geração em geração 
(Deuteronômio 25:17-19).” 

Lembram da história dos 12 espias, entre eles Josué e Calebe? Leia Números 13: 27-29;  24:20-25)

“Os amelequitas costumavam atormentar Israel indo às suas terras depois de a plantação ter sido semeada, e movimentando-se na terra cultivada com suas barracas e animais, destruíam tudo pelo caminho: “Porque, cada vez que Israel semeava, os midianitas e os amalequitas, como também os povos do Oriente, subiam contra ele. E contra ele se acampavam, destruindo os produtos da terra até à vizinhança de Gaza, e não deixavam em Israel sustento algum, nem ovelhas, nem bois, nem jumentos.

Pois subiam com os seus gados e tendas e vinham como gafanhotos, em tanta multidão, que não se podiam contar, nem a eles nem aos seus camelos; e entravam na terra para a destruir. Assim, Israel ficou muito debilitado com a presença dos midianitas; então, os filhos de Israel clamavam ao SENHOR.” 
(Juízes 6:3-5) Eles odiavam a Deus, detestavam Israel e pareciam ter prazer em atos perversos e destrutivos.

As instruções de Deus para Saul, portanto, cumpriram o voto que Ele havia jurado a Moisés. Saul tinha que eliminar a tribo para sempre. Ele e os seus exércitos eram o instrumento pelos quais a justiça de Deus seria levada a cabo. Seu santo julgamento para um povo mau. (…)

Porém, Saul cumpriu parcialmente as ordens divinas ao poupar Agague. E Samuel teve que completar a obra:
 “Disse Samuel: Traze-me aqui Agague, rei dos amalequitas. Agague veio a ele, confiante; e disse: Certamente, já se foi a amargura da morte. Disse, porém, Samuel: Assim como a tua espada desfilhou mulheres, assim desfilhada ficará tua mãe entre as mulheres. E Samuel despedaçou a Agague perante o SENHOR, em Gilgal.” (1 Samuel 15:32-33)

Nossa mente recua, instintivamente, ao que parece ser um ato impiedoso. Mas foi Deus quem mandou que isto fosse feito. Era um ato de julgamento divino para mostrar a ira santa de um Deus indignado contra o pecado devasso. (…) A batalha que tinha por objetivo exterminar os amelequitas para sempre terminou sem que este objetivo fosse alcançado. A bíblia registra que depois de alguns anos, a tribo revigorada atacou repentinamente o território sul e levou cativas as mulheres e crianças – incluindo a família de Davi.
 (1 Samuel 30:1-5)

Quando Davi encontrou os amelequitas saqueadores
 “Eis que estavam espalhados sobre toda a região, comendo, bebendo e fazendo festa por todo aquele grande despojo que tomaram da terra dos filisteus e da terra de Judá. Feriu-os Davi, desde o crepúsculo vespertino até à tarde do dia seguinte, e nenhum deles escapou, senão só quatrocentos moços que, montados em camelos, fugiram. (1 Samuel 30:16-19)

Os amelequitas são uma ilustração adequada do pecado que permanece na vida do crente. Aquele pecado já totalmente derrotado – deve ser tratado com crueldade e despedaçado, ou então ele irá reviver e continuar a saquear e espoliar nosso coração e tirar o vigor da nossa força espiritual. (…)
 A Bíblia ordena a mortificar o pecado: “Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria; por estas coisas é que vem a ira de Deus [sobre os filhos da desobediência].” (Colossenses 3:5-6) Não podemos obedecer parcialmente ou ser indiferentes quando procuramos eliminar o pecado de nossa vida.” John Mac Arthur Jr

Concordo com esta abordagem e leitura que John Mac Arthur Jr. faz com relação ao caso dos amelequitas. Deus sempre insistirá com o homem sobre a importância que tem o elemento moral. Precisamos compreender que a justiça tem duas faces, uma delas é o castigo dos delinquentes.

Saul foi displicente com relação às instruções divinas e isto trouxe consequências sobre Israel no futuro, incluindo suas crianças e mulheres quando foram levadas cativas como escravos. Assim como as crianças amelequitas também sofreram as consequências pelos atos criminosos do seu povo. Os amelequitas faziam parte dos povos cananeus e muitas dessas crianças eram frutos de relações incestuosas devido à imensa promiscuidade sexual e moral vivida por esses povos.

Saul também fez parte da justiça divina e foi reprovado como rei, uma vez que o orgulho e a vaidade o moveram a poupar Agague. (1 Samuel 15: 8-12) 
A leitura que faço deste texto de 1 Samuel 15: 2-3 é a de que Deus não tem dois pesos e duas medidas em Suas intervenções de justiça. Foi por isso que Ele depôs Saul e toda a sua descendência do trono. Que grande lição temos aqui do caráter justo de Deus!
As ações interventivas de Deus, na história da vida humana, não visam o homem, mas o pecado. Deus amará sempre o homem, mesmo quando ele é um Hittler. Ele não tem prazer na morte do ímpio, mas ira-se contra a sua iniquidade. Se os homens compreendessem a essência do Evangelho da Graça e da Misericórdia de Deus não vislumbrariam um Deus vingativo ou sanguinário em Suas ações interventivas na história da humanidade. Um dos “atributos de Deus é que Ele é a essência da Graça. Graça e misericórdia são almas gêmeas fraternas. Tiveram início na mesma pessoa, brotaram da mesma fonte e aparecem simultaneamente, mas não são idênticas. A misericórdia não nos dá aquilo que merecemos; a graça nos dá o que não merecemos.”
“O pecado não é páreo para a graça de Deus. Qualquer que possa ser o impacto do pecado, Sua graça é mais potente. Deus é um Deus doador; Ele nos concede o Seu amor e ama concedê-lo – graça é um dos Seus maiores prazeres.” (A Bíblia da Mulher)
Deus quando aplica a justiça o faz por amor. Ninguém em todo o Universo pode falar com mais autoridade sobre o amor do que Deus. Ninguém! Ele não é o homem que se engana. 

Este tema continua
. Conversando sobre 1 Samuel 15 (final) 

Ruth Alencar

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