Serie Vitória contra o Pecado – Parte 1
Por Pr.Ezequiel Gomes Você poderá ouvir este artigo em áudio aqui. E neste link aqui você poderá ter o Download áudio
Pecado não é um assunto simples ou fácil de conversarmos a respeito dele. Entendam o que vou dizer para vocês. No nosso mundo hoje a maioria das pessoas não quer ouvir falar de pecado.
O que o mundo moderno espera de uma igreja, daqueles que vão numa igreja? Esperam mensagens positivas de alegria de felicidade. Podem até querer ouvir fala do pecado, mas querem ouvir de uma maneira superficial. Sem que seja enfatizado o pecado.
Por exemplo, temos pecado, então precisamos de salvação. Então, venha a nossa igreja. Jesus está aqui. O Espírito Santo está aqui. Você vai ter a salvação. Gasto 1 minuto falando de pecado e 40 minutos falando da salvação. Dizemos Deus é maravilhoso. Que Ele é bom! É isto que as pessoas querem ouvir. As pessoas não querem, durante 40 minutos, ouvir falar sobre o pecado.
Mentir é pecado. Fazer fofoca é pecado. Falar mal dos outros é pecado. Perseguir é pecado. Sobre isto não querem parar para pensar porque quanto mais olharem para o que é pecado, mas vão reconhecer que elas têm pecado. E reconhecer que tenho pecado é algo pesado. É duro! É forte! Mexe no íntimo de nossa alma, de quem nós somos!
Então, o mundo moderno não quer ouvir falar de pecado. E quando quer ouvir falar de pecado, quer ouvir bem pouquinho e só ter a solução do problema. Uma solução fácil e rápida. Uma solução prática. Não querem gastar muito tempo com essa ideia!
Entretanto, o tema pecado é difícil não apenas por causa do mundo moderno. Hoje há uma grande quantidade de igrejas cristãs. Todas elas falam de pecado, mas a maioria delas não tem um conceito claro do pecado, definido do que seja pecado.
Pergunte para um católico, um evangélico, um espírita, um batista, um luterano… Pergunte a mil igrejas, o que é pecado? Você encontrará respostas diferentes na boca dessas várias pessoas exatamente porque não têm um conceito claro daquilo que é o pecado. Menos ainda um conceito bíblico. Dificilmente você vai ver alguém defendendo o conceito do pecado a partir da Bíblia. O que a Bíblia ensina sobre o pecado.
A maioria das pessoas tem a ideia de que o pecado é uma coisa errada. Mas, o que é coisa errada? Por conta disso o ser humano começa a definir o padrão do que é certo e o que é errado.
Se o pastor da igreja diz que vestir um terno preto é pecado, então eu só posso vir de terno claro, azul… Cinza, preto eu não posso porque é pecado! É mau testemunho vestir terno preto. Deu-se ai a definição de alguém sobre o que é pecado. A pessoa definiu porque não gosta, porque acha aquilo feio ou porque acha ruim e diz que aquilo é errado!
Agora, a Bíblia diz que vestir terno preto é pecado? Sim ou não? Não! A Bíblia não diz isto em lugar nenhum! Utilizamos o exemplo do terno preto, mas obviamente você entenderá que o exemplo não é exatamente este.
Temos, então, o problema do mundo, da sociedade em geral. Temos o problema da pluralidade de igrejas. Cada uma dizendo uma coisa diferente sobre o que é o pecado. Entretanto, o problema vai além. A maioria dos adventistas do sétimo dia, que frequenta regularmente a igreja, não espera discussões profundas e complicadas e teológicas, muito menos filosóficas sobre o pecado. A maioria dos adventistas não quer se envolver com essa discussão de forma profunda, porque essa é uma discussão complicada.
A maioria não quer ser perturbada com o que a Bíblia diz e com as implicações radicais do que a Bíblia diz sobre o pecado. Então, nós temos o problema da sociedade, da pluralidade de igrejas. Temos também o problema dos adventistas em geral que não querem gastar muito tempo com isso. Mas, tem mais problema ainda. Existe dentro da Igreja Adventista, entre muitos líderes e membros da igreja, o que a gente chama de tendência perfeccionista. E aí a coisa piora muito mais! Porque agora as pessoas, os líderes ou os membros que têm tendência perfeccionista, dependem de um conceito de pecado particular para poder sobreviver. O perfeccionismo é impossível na presença de um conceito radical, amplo e bíblico de pecado.
A igreja adventista não está em dúvida a respeito do tema do pecado. A igreja já definiu aquilo que ela crê a respeito do pecado. Acima de tudo o que é que ela crê? Ela crê que a Bíblia é a Palavra de Deus. O que a Bíblia diz sobre o pecado é verdade.
“A Tua Palavra é a verdade”. É isto que a igreja crê. Esta posição já está tomada. A igreja não tem dúvida sobre isto. Agora, alguns têm dúvidas. Será que você tem dúvida leitor?
O primeiro aspecto da doutrina bíblica de pecado é pecado como rebelião. Temos Ezequiel 28:15 : ‘Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que em ti se achou iniquidade.’ Costumo dizer que este verso é o resumo daquilo que Paulo anuncia no Novo Testamento como mistério da iniquidade, em 2 Tessalonicenses 2:7 : ‘Pois o mistério da iniquidade já opera; somente há um que agora o detém até que seja posto fora;’ Este é o resumo da história: ninguém explica. É impossível encontrar razão. É impossível encontrar justificativa. É impossível encontrar necessidade. O pecado é o contrário de tudo isto! O pecado não tem explicação. O pecado não tem justificativa. Ou seja, o pecado não é justo! O pecado não precisa existir, mas ele existe!
Vamos entender agora o contexto em que o pecado surge. O contexto dessa iniquidade. Ezequiel 28: 11-15 : ‘Veio mais a mim a palavra do Senhor, dizendo:Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de Tiro, e dize-te: Assim diz o Senhor Deus: Tu eras o selo da perfeição, cheio de sabedoria e perfeito em formosura.Estiveste no Éden, jardim de Deus; cobrias-te de toda pedra preciosa: a cornalina, o topázio, o ônix, a crisólita, o berilo, o jaspe, a safira, a granada, a esmeralda e o ouro. Em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados.Eu te coloquei com o querubim da guarda; estiveste sobre o monte santo de Deus; andaste no meio das pedras afogueadas.Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que em ti se achou iniquidade.’
Os versos 12 e 15 falam de perfeição e nós, como seres imperfeitos, não temos nem condição de imaginar o que isto significa! Perfeição é um conceito que envolve maturidade, sem defeito. Uma condição fiel. Uma condição feliz. Uma condição boa, santa, com nível de perfeição! Não conseguimos nem imaginar esta realidade. Mas, esta era a experiência da pessoa aqui descrita. Querubim da guarda! Querubim ungido! Estabelecido por Deus com carinho! No dia em que foi criado, Deus preparou para ele seus ornamentos com o cuidado quando se quer fazer especialmente como tudo o que Deus faz!
Não criou somente Lúcifer dessa forma. Ele criou milhões de anjos. Ele criou o ser humano da mesma forma. Com perfeição, bondade, com amor, com carinho! De todo coração, de toda alma de Deus! Foi assim que Deus criou tudo! Mas, não sabemos por quanto tempo Lúcifer teve a experiência da perfeição. Dentro da nossa perspectiva de tempo, ele talvez tenha tido essa experiência por milhões e milhões de anos. Não sei, não posso dizer quanto tempo.
A perfeição na qual Lúcifer estava envolvido continha vários elementos: v. 13 => ‘estava no Éden’
v. 14 => ‘estiveste sobre o monte santo de Deus’ Além dele ser perfeito, estava num ambiente perfeito. Beleza, glória, luz, alegria. O melhor que há! Sem defeito. Sem coisa ruim! Ambiente perfeito! Interessante que é dito que ele era cheio de sabedoria e formosura! Lúcifer era perfeito por dentro e por fora. Cheio de sabedoria. Por dentro e por fora lindo! Esta era a experiência dessa pessoa.
A Bíblia fala de um aspecto temporal: ‘até que em ti se achou iniquidade’. Não tem explicação, só Deus sabe o que aconteceu com essa pessoa.
Temos aqui duas indicações importantes. Iniquidade é aquilo que é mal, aquilo que é podre. Isto é iniquidade! A iniquidade de Lúcifer teve um locus, um foco, uma origem. Uma presença ‘em ti’, ‘em você’ se achou iniquidade.
O locus do pecado está no ser e não no fazer. Primeiro o pecado é uma realidade interna. Depois ele se manifesta de forma externa. Nunca inverta essa ordem! O pecado começa por dentro.
A Bíblia diz no Novo Testamento que os anjos não guardaram seu estado original (Judas verso 6). É condição dos anjos, não guardaram o estado natural. Houve mudança neles. Nada explica essas mudanças. Nada as justifica! A Bíblia trata simplesmente com o fato. Isto é interessante porque adiante veremos a Bíblia descrevendo Lúcifer, aquele que era perfeito, e o chamando de Maligno. A Bíblia não diz que ele era um anjo bom que pratica maldades. Ou que ele é um ser bom e que faz o mal de vez em quando. Ele é o Maligno. Entenda isso porque é importante para a compreensão do conceito de pecado. Toda essa mudança é inexplicável!
Ellen White em seu livro o Grande Conflito cita: ‘Deus permitiu que Satanás levasse avante sua obra até que o espírito de desafeto amadurecesse em ativa revolta. Era necessário que seus planos se desenvolvessem completamente a fim de que todos pudessem ver sua verdadeira natureza e tendência.’ (Grande Conflito p. 497)
Existe um processo acontecendo aqui. Primeiro esse processo é interno. Quanto tempo demorou esse processo?
Ninguém sabe, só Deus sabe! E esse processa começa por dentro. Ele não começa por fora. Dissabor, primeiro ele começa a ficar insatisfeito. Primeiro ele começa a ficar com inveja, cobiça, com ódio, com raiva e depois revolta ativa. Este é o processo. Começa por dentro e depois vai para fora.
O que sabemos sobre essa história? Sabemos que o pecado só é possível porque existe liberdade. Foram os anjos que não guardaram seu estado original. Não foi Deus que os obrigou a pecar, nem foi Deus que os criou pecadores. Senão o conceito de pecado não faria nenhum sentido.
O conceito de pecado é o que? É algo que Deus não quer. Só é possível que haja algo que Deus não quer se Deus der liberdade e essa liberdade foi mal usada. Se você excluir o elemento da liberdade Deus é o autor do pecado. Mas, não é isto que a Bíblia diz.
A Bíblia diz que ele é mentiroso e pai da mentira (João 8:44). O diabo não é Deus! A origem do pecado está no Diabo, não em Deus. E ela implica em liberdade da parte dele. Ele poderia continuar perfeito para sempre. Ele teria glória para sempre. Ele teria amor para sempre. Ele teria felicidade para sempre.
Entretanto, ele também tinha liberdade e dizer não! De seguir outro caminho. Por que Deus deu liberdade sabendo o que ia acontecer? Sim, Deus sabia porque Ele é Onisciente.
Sem liberdade o mal não existiria. É verdade! Mas, existem outras coisas que também não existiriam. Sem liberdade não existe amor verdadeiro. Se eu for obrigado a amar você, se não tiver outra escolha, este amor é uma escravidão. Esse amor é uma falsidade porque eu não tenho escolha de amar.
Agora, se eu tenho escolha de não amar ninguém, e eu amo você, é uma escolha. Você entende a diferença desse sentimento, dessa decisão? Desse relacionamento de amor?
Eu amo não porque sou obrigado. E aqui está o verdadeiro amor de fato porque eu não quero que minha esposa seja obrigada a me amar. Eu quero que ela possa amar qualquer homem do mundo, mas ela me amou! E eu a amei! Esse é o amor livre! Não é por obrigação. Não é por imposição. Então, para que existisse o amor, Deus fez liberdade ao preço do mau uso da liberdade. Isto foi exatamente a escolha que Lúcifer escolheu, o mau uso da liberdade. Que Deus não seja o autor do mal nos termos no qual o diabo pratica é óbvio, porque senão Deus nem o repreenderá. Deus repreende o pecado porque é algo contra Ele. Contra o que Ele quer. Se Deus quisesse o pecado, Ele não repreenderia o diabo. Não repreenderia ninguém. Não haveria problema com o pecado.
Agora quero falar da raiz do pecado e as consequências do pecado. Continuemos nossa leitura de Ezequiel 28. Vamos prosseguir do verso 15 ao 19. Vamos entender a raiz e os resultados do pecado: ‘Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que em ti se achou iniquidade. Pela abundância do teu comércio o teu coração se encheu de violência, e pecaste; pelo que te lancei, profanado, fora do monte de Deus, e o querubim da guarda te expulsou do meio das pedras afogueadas.Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei; diante dos reis te pus, para que te contemplem.Pela multidão das tuas iniquidades, na injustiça do teu comércio, profanaste os teus santuários; eu, pois, fiz sair do meio de ti um fogo, que te consumiu a ti, e te tornei em cinza sobre a terra, à vista de todos os que te contemplavam.Todos os que te conhecem entre os povos estão espantados de ti; chegaste a um fim horrível, e não mais existirás, por todo o sempre.’
De fato o pecado é inexplicável em última instância. Mas, a Bíblia descreve de forma resumida e prática um processo que acontece. E na raiz desse processo está o verso 17: ‘Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor;’.
Existe um texto na Bíblia que coloca uma lente de aumento neste processo: ‘E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono; e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do norte;subirei acima das alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo.’ (Isaias 14: 13-14) Esse processo começa no coração e esse processo tem um foco: Eu subirei, eu me elevarei. Tudo tem a ver com o EU, EU e mais EU. Acima das nuvens, semelhante ao Altíssimo.
Existe um texto de Ellen White onde lemos: ‘Todo pecado é egoísmo. O primeiro pecado de Satanás foi uma manifestação de egoísmo.’ Olha que importante! Eu estou no centro. E qual o foco do EU? Ser semelhante ao Altíssimo. Mas, espera, então, é ruim ser como Deus? Pensa o seguinte. Deus é verdadeiro. Vamos, por exemplo, fazer com que sejamos pessoas com problemas da mentira. De vez em quando mentimos para pai, mãe, para amigo, para alguém. E depois vamos a Deus e dizemos: ‘Senhor, estou me sentindo um lixo. Perdoa meus pecados. Transforma a minha vida. Eu quero ser como você Deus, quero ser verdadeiro. Em nome do Senhor Jesus, Senhor! Amém!’ Tem alguma coisa errada com isso? Não!
O processo que acontece com Lúcifer é diferente disso. Lúcifer começa a ser seduzido por ver coisas que pertencem a Deus, que Deus é e que ele, Lúcifer, não tem. E que ele, lúcifer, não é!
É diferente! Não é aquela coisa de eu ter um pecado. Ver Deus, que não tem esse pecado, e querer ser igual a Ele. Querer ser melhor. Querer vencer o pecado. No caso de Lúcifer, ele não tinha pecado. Lúcifer conhece a Deus. E começou a ver em Deus uma glória maior do que a sua glória. Uma beleza maior do que a sua beleza. Uma inteligência maior do que a sua inteligência. E o Céu se ajoelha diante de Deus. Lúcifer também. Lúcifer se ajoelha diante de Deus. Talvez por milhões de anos ajoelhou-se e adorou a Deus com o coração perfeito. Só que dessa forma inexplicável e que não se entende, Lúcifer agora olha para a glória de Deus, para o amor de Deus, para a sabedoria de Deus e nutre um pensamento: Por que Deus é melhor? Por quê? Pelo menos essa é uma coisa que podemos imaginar dentro desse processo. Por que não eu? Por que eu sou pior?
Agora aquele que era perfeito começa a ficar insatisfeito. Agora aquela alegria, aquela paz, aquela perfeição, aquela harmonia está manchada. A princípio com uma mancha pequenininha. Não é uma mancha muito grande. É simplesmente uma comparação entre Deus e eu.
Ao invés de amar e adorar a Deus por ser acima dele, e reconhecer que sem Deus ele mesmo não existiria, Lúcifer começa a confundir as coisas. Ele começa a dizer assim: ‘Olha, eu tenho perfeição e etc, na borda dele. Deus fez a gente perfeito. Deus só não fez a gente Ele’.
Você entende que há uma cortina? Deus é eterno. A gente não é eterno. A gente foi criado. Então, a gente se submete a Deus, a gente não se compara com Ele.
Quando Lúcifer vê essa cortina que separa um do outro, ao invés de amar a Deus, que possibilita que ele exista, que tudo exista de forma feliz, de adorar, de ser fiel, ele tem inveja de Deus. Ele suspeita de Deus. Ele tem ódio de Deus. Dói na alma quando a gente entende isso. Não é brincadeira o que a gente está falando aqui esta noite. Dói na alma … Como que é possível algo assim?
Ellen White diz que Satanás manifestou uma espécie de loucura. Eu vejo neste quadro, egoísmo, cobiça, inveja, insubmissão. E aqui se estabelece a natureza do pecado: rebelião contra Deus. Essa é a natureza do pecado. Agora vamos lembrar e enfatizar. O que ocorre primeiro no coração, depois se manifesta no comportamento.
E o texto de Ezequiel 28 nos diz assim: ‘na multiplicação do teu comércio’. E agora, depois que esse processo se solidifica no coração, ele começa a fazer leva e traz:
– Você já pensou em Deus?
– Ai o outro anjo responde:
– Claro que já.
– Louvado seja Deus!
– Amém! – E vai dá uma volta. Encontra outro anjo.
– Você já pensou em Deus? – Ai o segundo anjo responde: – Claro que já, Lúcifer.
– Amém! Louvado seja Deus!
Sob a capa do louvor a Deus, da inteligência, da beleza e da sabedoria, ele começa a introduzir devagarzinho, nos seus olhares, nas suas palavras…
– Será que a gente pode fazer o que a gente quiser? É uma ideia simples não é? Claro que a gente pode fazer o que a gente quiser. A gente pode fazer tudo!
Os anjos ainda não tinham percebido a questão. Quando Lúcifer diz: ‘Será que a gente pode fazer tudo’, ele não quer dizer o que os anjos respondem: ‘A gente pode fazer tudo’. Tem um elemento diferente ai. E agora Lúcifer começa com o seu leva e traz. Só que acontece o seguinte. Lá em Ezequiel 28:12, Lúcifer é descrito como cheio de sabedoria e formosura. Agora em 28:16 ele é descrito como cheio de violência. Olha o processo: sabedoria e formosura, violência.
Encheu-se o teu interior de violência e pecastes. Processo interno que depois vira externo. Primeiro ele se enche de violência contra Deus e depois ele insinua dúvida para o outro anjo. Entende como é que funciona? Primeiro ele desenvolve isso nele. Ele estabelece isso e depois peca. Depois ele faz o pecado. Interessante, Ezequiel 28:15 diz assim: ‘se achou iniquidade em ti’, depois em 28:18 diz assim: ‘na multidão de iniquidades’ , começa pequenininho depois se multiplica. Começa uma coisinha, depois ela toma conta. Então, existe uma aceleração desse processo. Ele se aprofunda nesse processo. E a Bíblia diz assim: ‘E o diabo vive pecando desde o princípio’ (1 João 3:8). E agora ele vive pecando, não é só uma duvidazinha que ele tem. Agora ele está revoltado contra Deus. E ele vive insinuando mentiras contra Deus.
No começo ele tem que pegar leve, os anjos não tinham passado por esse processo que ele passou. Ninguém no Universo jamais pecou no mesmo sentido que o diabo pecou. Ninguém, todos os outros envolvidos no pecado, desde os anjos até os humanos, foram envolvidos no pecado por ele. Não é a mesma coisa. Ninguém passou pelo que ele passou. Ele deu luz ao pecado. Ao mal, ao que é iníquo. Ao que é podre.
Mas, e os resultados do pecado? Ezequiel 28 já deixa claro: ‘pelo que te lancei, profanado, fora do monte de Deus, e o querubim da guarda te expulsou do meio das pedras afogueadas.’ (Ezequiel 28:16)
No meio do brilho das pedras. Ele foi criado no meio do brilho das pedras, ele vai ser destruído no meio do brilho das pedras. E a Bíblia diz assim: ‘eu, pois, fiz sair do meio de ti um fogo,’. Onde é que se achou iniquidade? Se achou iniquidade em ti. De onde é que vai sair o fogo? Do meio de ti! Deus vai destruir o pecado na sua fonte para sempre!
Ezequiel 28 diz: ‘e te tornei em cinza sobre a terra, à vista de todos os que te contemplavam.Todos os que te conhecem entre os povos estão espantados de ti; chegaste a um fim horrível, e não mais existirás, por todo o sempre.’ Consumido, reduzido a cinzas. Objeto de espanto e jamais subsistirá. Pesado, não é? Deus já declara antecipadamente o fim do pecado (Ezequiel 28). Mas, a história está apenas no começo. Abra sua Bíblia em Gênesis no capítulo 3. O Deus que criou Lúcifer com todo carinho, com todo amor. Que o fez um ambiente perfeito, perfeito para ele, também criou o Universo. Maravilhoso! Enorme! Lindo! E criou nesse Universo um Planeta e criou nesse Planeta um casal. Igual como criou Lúcifer. Com toda beleza, toda perfeição, sem maldade, sem pecado. E ai a Bíblia em Gênesis 3 diz assim: ‘Ora, a serpente era o mais astuto de todos os animais do campo, que o Senhor Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: -Não comereis de toda árvore do jardim? Respondeu a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim podemos comer,mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis, para que não morrais.Disse a serpente à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que comerdes desse fruto, vossos olhos se abrirão, e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal.Então, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, comeu, e deu a seu marido, e ele também comeu.’
Ellen White diz que Satanás tremeu diante do que ele estava para fazer. Ele sabia que o que ele estava fazendo era muito pesado!
A Bíblia retrata essas coisas de um ângulo prático. Não teórico, científico ou filosófico. Provavelmente, todo esse contato entre a serpente e a mulher, etc., podem ter envolvido muito mais coisas que o relato diz. A Bíblia tem um propósito prático. Ela é verdade, isto foi o que aconteceu, mas obviamente tem todo um contexto por traz que a gente não tem acesso. Eva era uma pessoa sem pecado, possivelmente eles conversaram bastante. Agora, existem várias questões aqui. Adão e Eva são feitos a imagem e semelhança de Deus. Não é pouca coisa. Eles são parecidos com Deus. Como é que Deus é? Deus é luz e nEle não há trevas (1 João 1:5) . Deus é amor! Adão e Eva são pessoas cheias de luz, cheias de sabedoria, cheias de amor. Cheias de alegria, cheias de paz, cheias de comunhão com Deus. Cheias! Igual Lúcifer foi um dia. E que já não era mais! Mas, o ser humano era e a Bíblia diz que ‘Deus fez o homem reto’ (Eclesiastes 7:29).
Outra implicação importante é que Adão e Eva eram imortais. Lembre-se de Gênesis 2:16-17: ‘Não coma essa fruta, se você comer vai morrer’. Ou seja, se não comesse não iria morrer! Eles eram parecidos com Deus. Eles eram perfeitos. Eles eram imortais! É assim que era o ser humano! Mas, ai surge a serpente e a identidade da serpente vai ser esclarecida só lá no Apocalipse. ‘A antiga serpente que se chama Diabo e Satanás’ (Apocalipse 12:9). A obra da serpente é enganar. Paulo escreve assim: ‘Assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, receio que também a vossa mente seja corrompida e se afaste da simplicidade e pureza devidas a Cristo’ (2 Coríntios 11:3). A obra da serpente é enganar, mentir.
Satanás traz para o Éden toda a sua malícia, toda a sua podridão, toda a sua maldade, todo o seu engano. E a Bíblia diz que o seu objetivo é matar roubar e destruir. É com esse espírito que ele chega ao Jardim do Éden. Para alcançar este objetivo ele engana. Onde é que o Diabo age? E aqui a coisa começa a ficar interessante!
Satanás é um intérprete da Palavra de Deus. Satanás é um pastor, um padre, um camarada que conhece a Palavra de Deus. Isto já desmascara muita coisa sobre o pecado não é? A gente acha que o pecado é lá no mundão não é? Na igreja não! O pecado está onde? Está lá na prostituição, na droga, na bebida! Eu estou aqui livre do pecado neste quartinho aqui. Satanás é um intérprete da Palavra de Deus e a primeira pergunta dele é: ‘É assim que Deus disse?’ Ele quer conversar sobre o que Deus disse. Só que o seu objetivo é lançar dúvida sobre o que Deus disse. É interpretar aquilo que Deus disse de forma assim misteriosa, de forma escondida. Segundo ele, Deus fala uma coisa, mas na verdade não quer dizer aquela coisa! Na verdade o sentido está um pouco mais profundo, está escondido. E através disso Satanás insinua que Deus mente. Que Deus não quer dizer o que Ele disse. Deus não é confiável! Deus não tem palavra. Deus ameaça, mas não cumpre. Deus é desonesto. Deus não é bom. Deus não sabe o que é o melhor!
Mas, aqui a serpente entra em contradição. Sabe por que ela entra em contradição? Porque no fim, depois que ela lança dúvida sobre tudo isso, ela diz para Eva: ‘Mas, coma esse fruto, porque com este fruto você se tornará como Deus’. Quem ia querer ser como Deus, se Ele fosse desonesto, mentiroso? Se Deus fosse falso? Se Deus fosse um hipócrita? Quem ia querer ser como Ele? Você está entendendo a questão? Satanás vem e mente contra Deus e depois diz: você quer ser como Ele? Coma!
O argumento dele é contraditório! O argumento dele não é sólido, é uma mentira! Só que Eva não percebeu a mentira. O que ela percebeu? Agora onde não tinha dúvida, há dúvida. Perplexa Eva pensa, será que Deus me escondeu alguma coisa? Agora, ela tem desejo de comer, de conhecer o mal. Agora o pecado fez surgir dentro dela o desejo. O pecado sempre começa dentro, nunca começa fora! Só que Eva poderia frear este processo pela fé e amor a Deus. Eva conhecia a Deus. Ela poderia dizer a si mesma: não, este argumento não faz sentido! Isto não é verdade. Não! Isto eu não quero!
Mas, ela não freia o processo. Agora, aquela tentação que veio do Diabo se torna a tentação dela. Eva está seduzida pelo espírito da rebelião. E o que ela faz? Ela se une à rebelião. Ela come a fruta e imediatamente se torna agente da rebelião e leva o fruto até o marido. Olha só como é o pecado: ele lhe seduz, você o comete e se torna agente dele. ‘… e deu a seu marido, e ele também comeu.’
Paulo vai dizer em 1 Timóteo 2:14, que Adão não foi iludido. Muito interessante isto: ‘E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão;’ Eva se envolveu neste processo, nessa conversa. Trocou ideia com o Diabo e de fato ele bagunçou tanto a coisa que a enganou e seduziu. Mas, Paulo diz assim, Adão não! O Diabo não usou a cobra para falar com Adão.Ele usou Eva e Adão se rebelou contra Deus.
A rebelião de Adão ocorre num contexto diferente da de Eva. Adão coloca Eva acima de Deus porque é obviamente por ela que ele come. É por causa dela. O pecado se torna um fato. O homem se tornou pecador. Agora o homem vai ser o palco da ação do pecado. O homem vai ser o agente do pecado. Portanto, pela Palavra de Deus nós concluímos que a humanidade é vitima do pecado, cúmplice do pecado e agente do pecado. As três coisas.
Somos vítimas sim, mas também somos cúmplices e também somos agentes do pecado. Somos pecadores. Adão foi a porta de entrada do pecado no mundo. Desde a besteira que ele fez, o pecado tem prevalecido no mundo. E alcançou todos os seres humanos sem exceção. A não ser uma exceção, Jesus Cristo! Única exceção! Única!
Alguém, então diz, ‘pastor na minha família teve um neném que morreu com 6 meses de idade…’
‘Todos pecaram e carecem da glória de Deus’. (Romanos 3:23) Esse neném não foi exceção. Afinal, vimos até aqui que o conceito de pecado vai muito mais profundo do que aquilo que a gente imagina. A coisa não é tão simples como a gente gostaria. Por isso, que falei no começo que o mundo não gosta de falar de pecado. A igreja não gosta de ouvir falar de pecado, porque a coisa vai no âmago e lança várias dúvidas, várias questões.
A encarnação de Cristo, a vida de Cristo, a morte de Cristo e a ressurreição de Cristo lançam luz sobre a rebelião do pecado. Deus não é egoísta, Sua natureza não é pecaminosa. Deus é luz. Deus é bom, Deus é amor. E na própria vida de Cristo, em tudo o que ela envolve, Deus desmascara a rebelião. Desmascara os seus motivos, o seu modus operandi. Desmascara os seus frutos pela obra realizada na cruz do Calvário. A rebelião está desmascarada, destruída e condenada pelo o que Jesus Cristo fez na cruz do Calvário.
Como se vence o pecado da rebelião? A vitória contra o pecado de rebelião reside em olhar para Cristo pela fé. Por causa de Quem Cristo é. Por causa do que Cristo fez, podemos compreender a origem do mal. E ela não está em Deus. Ela começa em Lúcifer, se espalha pelos anjos e por Adão e Eva. A rebelião se espalha pelo mundo inteiro, por todos os seres humanos! Mas, a luz do Evangelho nos esclarece a natureza da rebelião. Ela começa como algo simples, algo que pudesse ser justificado como bom. Ser melhor, ser como Deus, interpretar a Palavra de Deus e termina com ódio a Deus! Iniquidade, violência, maldade e perdição.
A luz do Evangelho nos faz olhar para a rebelião do pecado com tristeza, com arrependimento porque nós mesmos muitas vezes nos envolvemos com a rebelião do pecado. Não adianta colocar a culpa no Diabo, em Adão… Você tem a ver com isso! Ou você não é rebelde, ou você nunca peca, ou nunca pecou?
Somos vítimas do pecado. Certo! Mas, também somos agentes do pecado. Todos nós pecamos. Entretanto, quando a gente olha para o Evangelho, a gente não olha mais para essa rebelião como algo simples, ou normal, ou gostoso do qual a gente quer participar. A gente olha com tristeza, arrependimento. A rebelião não mais faz sentido. A rebelião só faz o mal! A rebelião não vale a pena.
E, então, tenho uma boa noticia para você. A rebelião não é a palavra final. O Evangelho é a palavra final. Jesus Cristo resolveu o problema da rebelião, carregando sobre Si a nossa rebelião. Os nossos pecados para que aprendêssemos a ser melhor do que a gente pode ser por nós mesmos. Para colocar no nosso coração o amor, a fé, a verdade, a pureza, a honestidade, a alegria. A paz que excede todo entendimento. Por isso, que Jesus morreu e a Palavra de dEle, a verdade dEle, a redenção dEle. Acima do pecado e da rebelião. Essa sim é a palavra final. Temos a redenção pelo Seu sangue! Ninguém precisa se manter em rebelião contra Deus.
Você se sente rebelde contra Deus, você tem pecado, precisa de perdão, precisa de paz, precisa de salvação? Ore a Deus, converse com Ele, confesse seu estado de ser e creia no perdão divino.
Tentam explicar demais com teologia e crenças humanas, e esquecem que o que está escrito é tão claro…..Muito triste. Deus tenha misericórdia:
Vejam isso, esta é a verdade presente!!!! Vejam o outro lado da história que lindo!!! Isso sim é fé, isso sim é crer, isso sim amar!!!
https://www.youtube.com/watch?v=zVj8VoHw628
Sim, como de fato Ariane Vidal, que Deus tenha misericórdia.
Misericórdia dos que , como nos advertiu o apóstolo Paulo, anunciam outro evangelho.
Ainda há tempo para que o sr. Daniel Spencer renuncie à sua verdade presente. Deixo com vc este pensamento de Ellen White:
"As tradições dos homens, como germes que pairam no ar, agarram-se à verdade de Deus, e os homens as consideram como parte da verdade. […] Eles ensinam ousadamente como doutrinas mandamentos de homens; e à medida que a tradição caminha de século para século, vai adquirindo poder sobre a mente humana. O tempo, todavia, não torna o erro verdade, tampouco seu peso opressivo faz com que a planta da verdade se mude em parasita." (Evangelismo, E.G.W, p. 589)
E se este não bastar ainda para sua reflexão, digo: " Fale a Palavra de Deus ao povo! Os que só ouviram tradições, teorias e máximas humanas, ouçam a voz dAquele cuja palavra pode renovar a alma para a vida eterna."
O pr. Diego Barreto em uma de suas reflexões sobre a Teologia da Ultima Geração disse: "A cultura popular (e não teológica) tem trazido o pensamento para muita gente de que talvez seja possível vencer o pecado aqui nesta Terra. Esse é o sentimento que fundamenta a tese de que a última geração antes da volta de Cristo não irá mais pecar a partir de um determinado ponto. Mas a Igreja Adventista do Sétimo Dia, declara-se contrária a esta teoria e tem se manifestado oficialmente contra esse tipo de crença. No entanto, ela continua crescendo entre os leigos, principalmente aqueles insatisfeitos com a religiosidade rasa de nossos dias. Infelizmente, é possível ouvir esse tipo de pensamento em púlpitos e ambientes de ensino da própria igreja."
Sugiro o texto completo aqui: http://www.nossasletrasealgomais.com/2015/01/conversando-sobre-teologia-da-ultima.html
Mas, se vc quiser pode encontrar outros excelentes reflexões aqui:
http://www.nossasletrasealgomais.com/p/refletindo.html
Vc tem razão a verdade é muito linda. Mas, a verdade de Deus, o Criador. E não a dos homens . Estes tendem a seguir o Mentiroso! Cuidado com relação a quem vc tem dado ouvido!
Aconselho vc a ler este excente artigo:
http://www.academia.edu/12913745/A_hermen%C3%AAutica_da_Teologia_da_%C3%9Altima_Gera%C3%A7%C3%A3o_