Com comentários de Siegfried J. Schwantes e C. Mervyn Maxwel
“Levantei os olhos, e olhei, e eis que estava em pé diante do rio um carneiro, que tinha dois chifres; e os dois chifres eram altos; mas um era mais alto do que o outro, e o mais alto subiu por último. Vi que o carneiro dava marradas para o ocidente, e para o norte e para o sul; e nenhum dos animais lhe podia resistir, nem havia quem pudesse livrar-se do seu poder; ele, porém, fazia conforme a sua vontade, e se engrandecia. E, estando eu considerando, eis que um bode vinha do ocidente sobre a face de toda a terra, mas sem tocar no chão; e aquele bode tinha um chifre notável entre os olhos. E dirigiu-se ao carneiro que tinha os dois chifres, ao qual eu tinha visto em pé diante do rio, e correu contra ele no furor da sua força. Vi-o chegar perto do carneiro; e, movido de cólera contra ele, o feriu, e lhe quebrou os dois chifres; não havia força no carneiro para lhe resistir, e o bode o lançou por terra, e o pisou aos pés; também não havia quem pudesse livrar o carneiro do seu poder. O bode, pois, se engrandeceu sobremaneira; e estando ele forte, aquele grande chifre foi quebrado, e no seu lugar outros quatro também notáveis nasceram para os quatro ventos do céu. Ainda de um deles saiu um chifre pequeno, o qual cresceu muito para o sul, e para o oriente, e para a terra formosa;” (Daniel 8: 3-9)
“Esta visão é datada do terceiro século do reinado de Belsazar. Esta data corresponde a 550/549 a.C., que acontece ser o mesmo ano em que Ciro revoltou-se contra seu sogro Astíages da Média, e uniu-se os dois reinos sob um só cetro.
Daniel é transportado em visão para Susã, outrora capital de Elão, mas que tinha sido incorporada no território da Pérsia. Isto é significativo porque a visão omite os últimos anos do decadente império babilônico, e focaliza a atenção nos acontecimentos que transcorrem depois que a Medo-Pérsia assume a liderança nos negócios no Oriente Próximo. No final da visão Daniel se encontra de novo em Babilônia, tratando “dos negócios do rei” (v.27). Não há razão, pois, para imaginar que Daniel se jubilara depois da morte de Nabucodonosor.
O carneiro com os dois chifres é interpretado no v.20 como símbolo da monarquia unida da Média e Pérsia. “Reis” e “reinos” se equivalem tanto neste capítulo como no cap. 7. Assim os 4 chifres que brotaram no lugar do “grande chifre” são interpretados como 4 reinos (v.22 u.p.). A profecia não está lidando com reis individuais, mas com entidades políticas maiores e mais duradouras. A única exceção a esta regra é o “chifre grande” do “bode peludo”, que é dito ser “o primeiro rei”, isto é, Alexandre o Grande. O mais alto dos dois chifres do carneiro deve simbolizar a Pérsia que de fato só atingiu importância militar depois da Média. Embora a Média se constituísse como nação primeiro, foi a Pérsia que com Ciro II assumiu a liderança em 550 a.C.
De sua base no Oriente a Medo-Pérsia dava marradas para o ocidente, para o norte e para o sul, engrandecendo-se cada vez mais até o ponto de eclipsar todos os impérios anteriores em extensão territorial.
A rapidez com que Alexandre à testa das falanges macedônicas veio do ocidente e destruiu o Império Medo-Persa é descrita neste verso e no seguinte. O “chifre notável” do carneiro é interpretado no v.21 como sendo o “primeiro rei”, evidentemente uma referência ao próprio Alexandre, o fundador do novo império.
Assim como o carneiro não podia competir em força com o bode, os exércitos persas não estavam à altura dos exércitos Greco macedônicos sob o comando de Alexandre. A despeito do seu número as hostes persas foram desbaratadas ignominiosamente pelos ataques de um adversário altamente aguerrido.
Se o carneiro se engrandeceu em seu dia, o bode Greco macedônico “se engrandeceu sobremaneira”. As proezas de Alexandre excederam de longe as de Ciro o Grande ou qualquer dos seus sucessores. A Alexandre não foi dado, porém, desfrutar por muito tempo os frutos de seu esforço hercúleo. Sua morte inesperada quando ainda não tinha completado 33 anos pôs termo a sua carreira brilhante. O desmembramento de seu império em 4 reinos é bem descrita neste verso. […]
A interpretação dos versos 2 a 8 é posta acima de qualquer controvérsia pela explicação detalhada dada pelo anjo nos vv. 20-22. A unanimidade dos comentadores cessa, porém, com o verso 9.
Se o princípio do paralelismo dos cap. 2, 7 e 8 é aplicado consistentemente, então o chifre dos vv. 9-12 que surge depois da visão do Império de Alexandre só pode simbolizar Roma.
Deve-se admitir que a maior parte dos comentadores do séc. XX vê neste “pequeno chifre” um símbolo de Antíoco Epifânio (175-163 a.C.), em sua tentativa fútil de acabar com os costumes e a religião dos judeus. Mas ao fazê-lo os comentadores ignoram o paralelismo entre os cap. 2, 7 e 8, os quais sem exceção cobrem todo o tempo que vai de Daniel até ao final da História. O sonho do cap. 2 atinge o clímax quando DEUS suscita “um reino que jamais será destruído” (v.44). A visão do cap. 7 culmina com a vindicação pelo tribunal celeste do “povo dos santos do Altíssimo”, a quem afinal um reino eterno é dado (v.27). O cap. 8 reconta as atividades sacrílegas de uma certa potência contra o povo de DEUS, a verdade de DEUS e o santuário celeste, mas no desfecho da história este poder “será quebrado sem esforço de mãos humanas” (v.25). A linguagem deste verso recorda a pedra “que do monte foi cortada… sem auxílio de mãos”, a qual provoca o fim catastrófico dos reinos deste mundo (2:45).
Se Cristo viu “o abominável da desolação” de Daniel 8:13, 11:31 e 12:11 encontrar cumprimento em seus dias (Mateus 24:15ss.), não há razão que nos obrigue a interpretar o “chifre” de Daniel 8:9 ss., como símbolo de Antíoco Epifânio, como se ele fosse o objeto principal desta profecia. É verdade que “muitos anticristos têm surgido” (I João 2:18), e Antíoco IV bem pode ter sido um deles. Mas há razões poderosas para não limitar o cumprimento desta profecia às atividades anti-judáicas de Antíoco Epifânio.
Toda tentativa de interpretar o pequeno chifre do v. 9 exclusivamente como Antíoco está destinada a falhar. Em primeiro lugar, os símbolos representam reinos ou poderes, e não reis individuais (ver v.22). Antíoco IV era apenas um na longa lista de reis selêucidas, e de modo algum o mais ilustre. General muito mais competente que Antíoco IV foi seu pai Antíoco III, que conseguiu arrancar a Palestina das mãos dos Ptolomeus depois da batalha de Pânio em 198 a.C. Dificilmente poder-se-ia dizer de Antíoco IV que se engrandeceu ou “se tornou muito forte para o sul, para o oriente e para a terra gloriosa” (v.9), ou que prosperou em seus empreendimentos (v.12). Não conseguiu conquistar o sul – o Egito – de modo permanente. Com efeito, em sua segunda campanha contra o Egito em 168 a.C. foi obrigado pelo embaixador romano Pupilius Laenus a abandonar o Egito, ou sofrer as consequências. Nem teve Antíoco muito êxito em direção do oriente. Ao empreender uma guerra em Elão, em 163 a.C., foi frustrado em seus planos e morreu logo depois, deixando seu reino em desordem.2 Tão pouco teve êxito em sufocar a revolta dos Macabeus na Judéia. Um ano antes de sua morte os judeus reocuparam Jerusalém, rededicaram o templo, e para todos os efeitos práticos recuperaram sua independência.
Se, ao contrário, as afirmações do v.9 são aplicadas a Roma, elas são plenamente justificadas. Em suas conquistas extensas Roma subjugou Catargo e o Egito no sul, anexou toda a Ásia Menor, Síria e Mesopotâmia no Oriente, e colocou “a terra gloriosa” – a Palestina – sob seu domínio já em 63 a.C.
Digno de nota é o fato que do mesmo modo que em Daniel 7:9 ss. o foco de atenção é transferido da terra para o céu, o mesmo ocorre em Daniel 8:14 e seguintes. Deste modo um paralelismo consistente é mantido entre os dois capítulos. Ambos descrevem acontecimentos na terra bem como na esfera celeste, em harmonia com o caráter essencialmente religioso do livro. Em jogo neste conflito de dimensões cósmicas está a própria existência do povo de DEUS na terra bem como as verdades da fé cristã.
A hostilidade de Roma ao “povo santo” é retratada neste verso (conferir com o v.24). Ao perseguir a igreja Cristã nascente, Roma estava, com efeito, fazendo guerra ao “exército dos céus”. Ao perseguir os membros da Igreja Cristã, Paulo estava perseguindo a Jesus mesmo (Atos 9:4 e 5). […]
Observação sobre o Chifre Pequeno
Objeta-se frequentemente contra a interpretação do “chifre pequeno” como símbolo de Roma alegando que o v.9 afirma que o chifre pequeno saiu “de um deles” (assim no hebraico). O argumento gira então sobre se “deles” refere-se aos “4 chifres notáveis”, ou dos “4 ventos dos céus”, do v.8. Razões gramaticais e estruturais favorecem a opinião que o pronome “deles” refere-se aos “4 ventos”.3 O significado então seria que Roma surgiu de uma das direções do compasso. Como o verso diz que sua expansão territorial foi na ordem, “para o sul, para o oriente, e para a terra gloriosa”, segue-se que Roma iniciou sua carreira de conquista do noroeste. Isto corresponde aos fatos geográficos, visto que Roma ficava a noroeste do Império Greco macedônico.
Mas mesmo se se insiste que o “chifre pequeno” saiu de um dos “4 chifres” em que o império de Alexandre se desmembrou, isto não constitui objeção séria à interpretação adotada neste comentário. Roma deveu muito de sua cultura aos gregos que estavam colonizando o sul da Itália desde o sétimo século a.C. Com efeito aquela parte da Itália foi conhecida durante muito tempo como Magna Graecia. Interferência dos gregos com ambição territorial de Roma no sul da Península Itálica e na Sicília, ambas pontuadas de colônias gregas, foi a causa da Primeira Guerra Macedônica. Este fato marcou o início de uma série de guerras que levaram Roma a conquistar uma após outra as diferentes divisões do império fundado por Alexandre.
Alguns acham difícil reconciliar a ideia de Roma como o maior dos impérios da antiguidade com sua descrição como um chifre pequeno no v.9. Theodotion aparentemente sentiu a dificuldade de traduzir o hebraico por um “chifre poderoso”. Talvez tivesse diante dos olhos um texto hebraico diferente. O hebraico reza literalmente, “um chifre de pequenez”. A New International Version retém a força da expressão traduzindo, “que começou pequeno”. Roma começou de fato pequena, e ninguém poderia ter predito sua eventual grandeza julgando seu começo humilde. De outro lado é possível que o adjetivo “pequeno” tenha uma conotação moral e não física. A conduta arrogante em relação ao Altíssimo e a Seu povo fê-la parecer “pequena” os olhos do céu. “Pequena”, neste contexto, significaria desprezível.”1
No capítulo 8, Deus é vindicado como Aquele que conduz triunfalmente a Sua obra mesmo em tempos difíceis.
“Os símbolos proféticos de Daniel 8 incluem bestas e chifres, tal como antes, bem como um símbolo profético relacionado com certo período de tempo. […] Mal começara o anjo Gabriel a exposição do significado da visão, percebeu que teria de parar. O quadro apresentado pelo anjo fez com que Daniel – agora um homem bastante idoso – se sentisse mal, chegado mesmo a desmaiar. A visão cessou e Daniel diz pesarosamente – quase como uma criança que enfrenta dificuldades enquanto realizava as tarefas escolares – (verso 27).
É nesse contexto que se encaixa Daniel 9, relatando a visão que o profeta recebeu poucos anos mais tarde. Quando Daniel aplicou o coração e a alma à compreensão da profecia relativa ao tempo, o anjo Gabriel apareceu novamente, explicando que viera a fim de conceder ao profeta ‘sabedoria e entendimento’. Convidando-o novamente para ‘entender a visão’, o anjo inicia a exposição ao resolver a questão do simbolismo que envolvia tempo, exatamente o mesmo ponto em que ele cessara – ou interrompera – a explicação do capítulo 8. […]
Torna-se atraente imaginarmos que também ‘foi Jesus que instruiu Gabriel a fazer Daniel compreender a visão pela primeira vez. (v.15-16): ‘Havendo eu, Daniel, tido a visão, procurei entendê-la, e eis que se me apresentou como que uma semelhança de homem. E ouvi uma voz de homem entre as margens do Ulai, a qual gritou, e disse: Gabriel, faze que este homem entenda a visão.’ (Daniel 15-16).
O Novo Testamento conta-nos, em Lucas 1:19, que Gabriel é o anjo ‘que assiste diante de Deus’. […] Os capítulos 8 e 9 repetem o procedimento de guiar-nos através das entidades políticas da História (omitindo Babilônia desta vez) e ao longo do cristianismo medieval, mas o foco central volta-se agora para a atividade de Cristo no tocante à intercessão e salvação do pecado, as quais tornam possível que os pecadores se convertam em santos, e que estes possam herdar o reino eterno.
Daniel 2 focaliza a Cristo como nosso Rei;
Daniel 7 focaliza a Cristo como Juiz;
Daniel 8 e 9 focalizam a Cristo como nosso Sumo Sacerdote, que morreu pelos nossos pecados e vive outra vez para nossa salvação.”4
Continuaremos
NOTAS
1– Siegfried J. Schwantes
2. The Cambridge Ancient History, Vol VIII (Cambridge, 1954), p.514.
3-W. Shea, Daniel and the Judgment, (Washington, 1980), p. 65.
4- C. Mervyn Maxwel, chefe do departamento de história denominacional da Igreja adventista do Sétimo Dia da Universidade Andrews, em Berrien Springs, Michigan, EUA.
Ruth Alencar
– Conversando sobre o Livro de Daniel
– por Ellen White , Profetas e Reis, Capítulo 35
– por Ruth Alencar com texto base de Luiz Gustavo Assis e vídeos da Tv Novo Tempo
– por Ruth Alencar com comentários de Flávio Josefo e Edward J. Young
– por Ruth Alencar
– por Ruth Alencar com comentários de Flávio Josefo
– por Ruth Alencar
– por Ruth Alencar com comentário de Siegfried J. Schwantes
. Uma Introdução ao Livro de Daniel (parte 2) (Siegfried J. Schwantes)
. capítulo 1
. capítulo 2
. Revelação e explicação do sonho de Nabucodonosor (com Comentário de Siegfried J. Schwantes)
. O Reino da Pedra
– por Ruth Alencar
– por Ruth Alencar
– por Ruth Alencar
. capítulo 3
– por Ruth Alencar com comentário de Siegfried J. Schwantes
– comentários de C. Mervyn Maxwell e Ellen White
. capítulo 4
– comentário de Siegfried J. Schwantes
– por Ruth Alencar com comentários de C. Mervyn Maxwel, Urias Smith e Dr. Cesar Vasconcellos de Souza
. capítulo 5
– por Ruth Alencar com comentários de Siegfried J. Schwantes e C. Mervyn Maxwel
. capítulo 6
– comentários de Siegfried J. Schwantes e C. Mervyn Maxwel
. capítulo 7
– comentários de Siegfried J. Schwantes e C. Mervyn Maxwel.
– por Ruth Alencar
– por Ruth Alencar com comentários de Siegfried J. Schwantes
– com comentários de Siegfried J. Schwantes e José Carlos Ramos
– por Ruth Alencar
– com comentários de Siegfried J. Schwantes e José Carlos Ramos
– por Ruth Alencar
– com comentários de Siegfried J. Schwantes e José Carlos Ramos
– por Ruth Alencar
Continuando nossos estudos sobre Daniel 7
– por Ruth Alencar
Capítulo 8
Continuando nossos estudos sobre Daniel 8
– por Ruth Alencar
. capítulo 9
– com comentários de Siegfried J. Schwantes
– por Matheus Cardoso
. capítulo 10
. Daniel 10: O Conflito nos Bastidores
– Comentário de Siegfried J. Schwantes
. capítulo 11
– Comentário de Siegfried J. Schwantes
Quando, em Daniel 8:11, o anjo diz que o poder representado pelo chifre pequeno faria cessar a oferta de sacrifícios diários no Templo, há uma ambigüidade que eu gostaria que você me esclarecesse:
1) Concordamos que o sacrifício de Cristo é perfeito e suficiente, conforme Hebreus 9:14, e por isso os sacrificios cessaram msm. Qualquer católico pode olhar por esse ponto de vista e achar q sua igreja está certa.
ou
2) Podemos entender que o trecho em questao refere-se ao trabalho de Cristo no santuario celestial. Uma vez que o referido poder se coloca como mediador entre Deus e os homens ou, como mais facilmente percebemos em nosso país, coloca o trabalho de santos, esse poder "faz cessar os sacrifícios no templo celestial". Coloco entre aspas, porque ele não consegue fazer isso de verdade, mas sim na mente dos seguidores.
Nos, adventistas, temos certeza que a opcao 2 eh a correta, mas como podemos demonstrar isso a pessoas daquela igreja?
Que bom tê-lo aqui, seja sempre bem-vindo com seus questionamentos. Vc diz:
"1) Concordamos que o sacrifício de Cristo é perfeito e suficiente, conforme Hebreus 9:14, e por isso os sacrificios cessaram msm."
Sim concordamos, os sacrifícios dos pobres animaizinhos têm que ser entendidos neste contexto: Eram vitimas inocentes morrendo por faltas que não cometeram, era o Evangelho ( o método que Deus empregou para fazer os homens compreenderem a gravidade do pecado: o pecado leva à morte), sem a morte intercessora do Cristo não há salvação (libertação não apenas dos efeitos do pecado, mas oportunidade de salvação).
Esses sacrifícios prefiguravam o sacrifício que o Cristo( o Messias) faria em prol da humanidade. Por isso, quando Ele morreu os sacrifícios no Templo perderam o sentido. Cessaram mesmo, daí o rasgar do véu. Cristo havia cumprido Sua missão de nos resgatar a todos. É o Sumo Sacerdote e a oferta. Não teria mais que haver a separação onde Deus limitava Sua presença (Sheknah)ao lugar santíssimo. Cristo, o desejado de todas as nações, era o Deus entre nós. Manifestando de forma real as palavras do profeta Ageu: sim a glória do segundo Templo foi maior do que a glória do primeiro Templo.
Vc diz: "Qualquer católico pode olhar por esse ponto de vista e achar q sua igreja está certa".
Não vejo uma relação aqui que possa referendar sua afirmação. Afinal, o ritual da Missa nega a verdade da cessação do sacrifício, pois na mesma medida em que ela não realiza o sacrifício dos animais, ela perpetua, nos rituais da eucaristia, a morte continua do Cristo.
A passagem do pão e do vinho para o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo (transubstanciação)é celebrada continuamente pela Igreja Católica Romana.
Na Igreja Ortodoxa é visto como mistério. No luteranismo como consubstanciação. Na tradição Reformada como real presença.
Nas outras denominações cristãs o pedido de Cristo para que fizéssemos essa cerimônia acontecem apenas uma ceia, na qual o pão e o vinho não deixam de continuar sendo pão e vinho. Fazemos em memória do sacrifício de Cristo e por tudo o que está nele implícito como o ser cristão. Entende a diferença?
Vc tb pergunta:
"Nos, adventistas, temos certeza que a opcao 2 eh a correta, mas como podemos demonstrar isso a pessoas daquela igreja?"
Eu não gosto de apresentar o Evangelho delimitando-o ao conceito de instituições religiosas. Não se trata de dizer que a IASD tem a verdade e ela deve ensinar à ICAR. Para mim, a verdade tem que ser apresentada com a Bíblia aberta.
Diálogo. Os cristãos têm que conversar com a Bíblia aberta. Precisamos aprender a colocar as informações que temos recebido em nosso aprendizado espiritual, em submissão ao que a Bíblia ensina.
Qual a diferença entre transubstanciação e consubstanciação?
Transubstanciação: É a crença católica-romana de que uma vez que um sacerdote ordenado abençoe o pão da Ceia do Senhor, este é transformado literalmente na carne de Cristo; e quando ele abençoa o vinho, este é transformado literalmente no sangue de Cristo. Baseiam-se em textos como: João 6:32-58; Mateus 9 26:26; Lucas 22:17-23; e I Coríntios 11:24-25.
Consubstanciação: É a crença luterana na presença espiritual de Jesus nas espécies do pão e do vinho. E significa que Jesus se encontra presente COM a substância do pão e do vinho sem modificá-las / transformá-las. Na consubstanciação, o Corpo e o sangue, se juntam ao pão e vinho, porém a substância do pão permanece, juntamente com sua aparência.
Qual é a crença correta? Bem, numa teologia biblicamente correta, uma vez que o próprio Jesus se referiu à cerimônia da ceia como um memorial, esse ritual está composto por uma simbologia: “em memória de mim” (Lc 22.19). Então, o correto é acreditarmos que os elementos da ceia são símbolos que apontam para realidades espirituais. O pão nem se transforma em carne nem tem presente em si o corpo real de Cristo. O pão representa o corpo de Cristo, assim como o vinho representa o sangue de Cristo.
Quando Jesus disse que deveríamos comer sua carne e beber seu sangue (Jo 6.53), Ele próprio disse que Suas palavras eram espírito e vida (Jo 6.63), ou seja, estas palavras deveriam ser entendidas espiritualmente e não literalmente como os judeus entenderam e se escandalizaram. E como, equivocadamente, a grande maioria da cristandade tem crido.
Jesus estava dizendo que, assim como o pão é essencialmente para ser comido e fazer parte da pessoa para que possa sustentá-la, assim também a pessoa deve se encher da pessoa de Cristo para que possa ter vida. Estudar acerca do pão não mata a fome de ninguém. A pessoa deve se encher de pão para ter sua fome saciada. Palavras acerca de Jesus não sacia a fome espiritual de ninguém. Devemos nos alimentar diariamente de Jesus: buscar a manifestação do Seu caráter em nós. Amar como Ele amou, perdoar, como Ele perdoou. Viver como Ele viveu. Isso é comer sua carne e beber seu sangue.
Se, como cristãos adventistas, expressarmos em nosso viver a presença de Cristo em nós, conseguiremos mais que demonstrar ao mundo. Estaremos sendo o sal e a luz que o mundo tanto precisa.
Espero ter ajudado vc e volte sempre. Um grande abraço.
Li esta este comentário do prof. Edilson Constantino em sua página do face e achei muito interessante. Compartilho com nossos leitores: :
QUEM É A "PONTA PEQUENA" DE DANIEL 8?
ANTÍOCO OU ROMA? [PARTE 1]
Olá, Prezados. Aí vão as respostas às três perguntas feitas pelo prezado irmão Renato Fernandes sobre Daniel 8.
ATENÇÃO: REPONDEREI EM TRÊS POSTS. Neste primeiro post faremos uma breve introdução ao assunto.
QUESTÕES:
I. O "Chifre Pequeno" representa "um rei" individual ou "um reino" coletivo?
II. Por que os adventistas entendem que o "Chifre Pequeno" de Daniel 8 representa Roma em suas duas fases, pagã e papal?
III. Qual a razão de traduzir a expressão "Setenta Semanas estão DETERMINADAS…" (Daniel 9:24) por "Setenta Semanas estão CORTADAS…"?
RESPOSTAS:
RESUMO DA VISÃO (Daniel 8):
1. Daniel, o Profeta, vê primeiro um CARNEIRO (simbólico) com dois chifres (v. 3, 4), o qual é explicitamente identificado pelo Anjo-Intérprete como os "reis da Média e da Pérsia" (v. 20).
2. Em seguida, vê um BODE PELUDO (simbólico) com um chifre grande entre os olhos (v. 5-8). O bode é claramente identificado pelo Anjo como "o rei da Grécia" e o chifre grande é "o seu primeiro rei" (v. 21).
3. Depois, Daniel contempla o chifre grande do bode sendo "quebrado" no auge de sua força, e em seu lugar se levantaram "quatro chifres notáveis para os quatro ventos do céu" (v. . Esses "quatro chifres notáveis" que surgem na cabeça do BODE GREGO são explicitamente identificados como "quatro REINOS" no v. 22.
4. Depois, é-nos dito que "De um deles, surgiu OUTRO CHIFRE PEQUENO…" (v. 9). Contudo, o verso 23 afirma que o "Chifre Pequeno" se levantará "no final de seu reinado", ou seja, no final da atuação dos "quatro reinos helenísticos" que sobraram após a destruição do chifre notável do bode.
5. A ênfase, em todo o restante desse capítulo, recai sobremaneira nesse último símbolo: O Chifre Pequeno. Daí a importância de identificá-lo cuidadosamente.
6. A "visão das 2300 Tardes e Manhãs" sobre a qual conversam dois seres celestiais (v. 13, 14, 15, 26, 27).
CARACTERÍSTICAS DO "CHIFRE PEQUENO" DE DANIEL 8:
1. "Tornou-se muito forte para o Sul, para o Oriente e para a Terra Gloriosa (v. 9). Conforme o verso 24, "fará estupendas destruições, prosperará e fará o que lhe aprouver…"
2. "Cresceu até atingir o Exército dos Céus" e "as Estrelas" (v. 10), identificados como "os poderosos e o povo santo" no verso 23 e como "muitos que vivem despreocupadamente" no verso 25.
3. "Engrandeceu-se até o Príncipe do Exército" (também chamado de "Príncipe dos príncipes" no verso 25), tirando dele o seu "CONTÍNUO" (Heb. TAMID) e "deitando abaixo o seu Santuário" (v. 11).
4. "Deitou por terra a Verdade e o que fez prosperou" (v. 12). No verso 25 é dito que ele "fará prosperar o engano".
5. Será um "rei de feroz catadura e especialista em intrigas" (v. 23).
6. "Mas será quebrado sem esforço de mãos humanas" (v. 25), ou seja, será destruído por intervenção divina.
continua…
IDENTIFICANDO OS SÍMBOLOS:
1. O CARNEIRO COM DOIS CHIFRES: O IMPÉRIO MEDO-PERSA.
2. O BODE COM UM CHIFRE NOTÁVEL: O IMPÉRIO GRECO-HELENÍSTICO.
3. OS QUATRO CHIFRES: QUATRO REINOS HELENÍSTICOS.
……………………………………………………………………………….
OBSERVAÇÃO:
ATÉ ESSE PONTO (v. 1-8), OS ESPECIALISTAS (PRETERISTAS, HISTORICISTAS E FUTURISTAS) ACREDITAM QUE O CONTEÚDO DA VISÃO É RELATIVAMENTE CLARO. HÁ, PORTANTO, ACORDO ENTRE ELES COM RELAÇÃO A IDENTIFICAÇÃO DESSES SÍMBOLOS. AS DIVERGÊNCIAS COMEÇAM COM O "CHIFRE PEQUENO" DO VERSO 9.
……………………………………………………………………………….
4. O CHIFRE PEQUENO:
INTÉRPRETES PRETERISTAS: ANTÍOCO EPÍFANES (8° REI DA SÍRIA).
INTÉRPRETES HISTORICISTAS: ROMA (PAGÃ E PAPAL).
INTÉRPRETES FUTURISTAS: ANTICRISTO (AINDA FUTURO).
Quem está certo, então?
—————————-
CONHECENDO AS TRÊS PRINCIPAIS OPÇÕES INTERPRETATIVAS:
1. PRETERISTAS:
CHIFRE PEQUENO: Antíoco IV, Epífanes.
2300 TARDES/MANHÃS: Dias literais (1150 dias) passados.
SANTUÁRIO: Templo Terrestre de Jerusalém.
PURIFICAÇÃO: Restauração por Judas Macabeus após a profanação de Antíoco.
2. FUTURISTAS:
CHIFRE PEQUENO: Futuro Anticristo.
2300 TARDES/MANHÃS: Dias literais futuros.
SANTUÁRIO: Templo Terrestre (a ser reconstruído em Jerusalém).
PURIFICAÇÃO: Da profanação futura do Anticristo.
3. HISTORICISTAS (ADVENTISTAS):
CHIFRE PEQUENO: Roma
2300 TARDES/MANHÃS: 2300 anos proféticos.
SANTUÁRIO: Templo Celestial.
PURIFICAÇÃO: Dos pecados perdoados dos justos. Juízo Investigativo.
continua….
RESUMINDO A VISÃO ADVENTISTA DAS PROFECIAS DE DANIEL:
CONHECENDO A ESTRUTURA PARALELA DOS CAPÍTULOS PROFÉTICOS DE DANIEL.
* Os Quatro Blocos Proféticos do Livro de Daniel: Capítulos (2), (7), (8-9), (10-12). [Aqui trataremos dos três primeiros blocos devido ao tempo limitado].
ESQUEMA LITERÁRIO DE REPETIÇÃO E DESDOBRAMENTO ENFÁTICO (PARALELISMO):
CAPÍTULO 2: O SONHO DO REI PAGÃO.
ESTÁTUA TETRA-METÁLICA (Símbolo dos Quatro Impérios Hegemônicos).
1. CABEÇA DE OURO: IMPÉRIO BABILÔNICO (Neobabilônico ou Caldeu).
2. PEITO E BRAÇOS DE PRATA: IMPÉRIO MEDO-PERSA.
3. VENTRE E QUADRIS DE BRONZE: IMPÉRIO GRECO-HELENÍSTICO (ou Semi-Greco-Macedônico).
4. PERNAS DE FERRO: ROMA COESA.
5. PÉS DE FERRO/BARRO: ROMA DIVIDIDA (Reinos bárbaros Germânicos e, posteriormente, as potências Europeias atuais).
6. A PEDRA "ESCATOLÓGICA": VOLTA DE CRISTO. SUBVERSÃO DOS REINOS DESTE MUNDO E O ESTABELECIMENTO DEFINITIVO DO REINO ETERNO.
………………………………………………………………………………………………………
CAPÍTULO 7: O SONHO PROFÉTICO DE DANIEL.
QUATRO ANIMAIS (BESTAS IMUNDAS) FANTÁSTICOS (Símbolo dos mesmos Quatro Impérios Hegemônicos. Daí a relação paralela).
1. LEÃO ALADO: IMPÉRIO BABILÔNICO.
2. URSO ASSIMÉTRICO: IMPÉRIO MEDO-PERSA.
3. LEOPARDO MULTICÉFALO: IMPÉRIO GRECO-HELENÍSTICO E SUAS DIVISÕES.
4. ANIMAL INDESCRITÍVEL (Sem Classificação Taxonômica): ROMA PAGÃ (Coesa).
5. OS 10 CHIFRES: ROMA DIVIDIDA (REINOS BÁRBAROS).
6. CHIFRE PEQUENO: ROMA PAPAL.
7. CENA DE JULGAMENTO NO CÉU: O JUÍZO INVESTIGATIVO PRÉ-ADVENTO.
8. DIMENSÃO ESCATOLÓGICA: CRISTO E OS SANTOS POSSUEM O REINO.
……………………………………………………………………………………………………….
CAPÍTULOS 8-9: A "VISÃO" (Chazon) DO CARNEIRO, DO BODE E DO CHIFRE PEQUENO E A "VISÃO" (Mareh) DAS 2300 TARDES E MANHÃS (explicada no capítulo 9 através das SETENTA SEMANAS PROFÉTICAS).
DOIS ANIMAIS (BESTAS LIMPAS) E UM CHIFRE ENIGMÁTICO.
1. BABILÔNIA NÃO É MAIS REPRESENTADA…
2. O CARNEIRO: IMPÉRIO MEDO-PERSA.
3. O BODE E SEUS CINCO CHIFRES: IMPÉRIO GRECO-HELENÍSTICO (Seu primeiro "Chifre Notável" representa o império helenístico unificado criado por Felipe II, rei da Macedônia, e seu filho Alexandre Magno. Após a morte de Alexandre, o império foi dividido e administrado por seus quatro generais e as casas dinásticas deles oriundas).
4 O CHIFRE PEQUENO: ROMA PAGÃ (COESA/DIVIDIDA) E PAPAL.
5. PURIFICAÇÃO DO SANTUÁRIO: JUÍZO INVESTIGATIVO PRÉ-ADVENTO (em paralelismo com a cena de julgamento no final do capítulo 7).
6. As 2300 tardes e manhãs representam 2300 dias e cada dia representa um ano (conforme o princípio dia-ano de interpretação profética). Esta foi a única parte da visão do capítulo 8 que ficou sem a explicação do Anjo Gabriel.
7. O Anjo Gabriel explica, posteriormente, esse período de tempo (2300 dias-anos) com outra profecia de tempo no capítulo seguinte (9).
6. SETENTA SEMANAS "Cortadas", do período maior dos 2300 anos, para a nação de Israel. Ou seja, 490 anos de graça para o povo do antigo pacto.
LEIAM DANIEL 2, 7 E 8-9 ATÉ PERCEBEREM SEUS PONTOS DE SEMELHANÇA, SEUS VÍNCULOS TEMÁTICOS E LINGUÍSTICOS E SUAS IDEIAS PARALELAS. PERCEBAM QUE TRATAM DO "MESMA SEQUÊNCIA" DE REINOS, SOB SÍMBOLOS DIFERENTES. OU SEJA, A CABEÇA DE OURO MANTÉM PARALELO SIMÉTRICO COM O LEÃO ALADO; A PORÇÃO DE PRATA DA ESTÁTUA DO CAP. 2 É PARALELA COM O URSO DO CAP. 7 E COM O CARNEIRO DE DOIS CHIFRES DO CAP. 8; O BRONZE (CAP. 2) ESTÁ DIRETAMENTE RELACIONADO COM O LEOPARDO (CAP. 7) E O BODE GREGO (CAP. 8); E ASSIM POR DIANTE.
OBSERVAÇÃO: NESTA PRIMEIRA PARTE APRESENTEI APENAS UM PEQUENO ESBOÇO. TRATA-SE DE UM RESUMO. UMA INTRODUÇÃO. APENAS APRESENTEI AS IDEIAS, NÃO AS DEFENDI NEM ARGUMENTEI. ISTO FAREI NOS PRÓXIMOS POSTS. ESTUDEM ESSE RESUMO ATÉ SE FAMILIARIZAREM COM ELE.
ABRAÇO!
Edílson Constantino (Natal-RN).
QUEM É A "PONTA PEQUENA" DE DANIEL 8?
ANTÍOCO OU ROMA? [PARTE 2]
O Chifre Pequeno de Daniel 7 é o mesmo de Daniel 8?
PONTO-DE-VISTA 1:
Em geral, os intérpretes concordam que ambos os "Chifres Pequenos" (Daniel 7 e representam a mesma realidade histórica. Os adventistas vêem o poder romano em ambas as representações; e os que vêem Antíoco Epífanes em Daniel 8 também conseguem vê-lo em Daniel 7.
PONTO-DE-VISTA 2:
Alguns eruditos (como Faussett, Auberlen, Zündel, Eberhardt, Hengstenberg, Gaebelein, etc.) enfatizam as diferenças e afirmam que NÃO DEVEMOS CONFUNDIR o "Chifre Pequeno" de Daniel 7 (identificado como Roma) com o "Chifre Pequeno" de Daniel 8 (identificado como Antíoco IV).
Vejamos de perto ambas as interpretações.
QUEM É O CHIFRE PEQUENO DE DANIEL 7?
Qualquer identificação do "Chifre Pequeno" do capítulo 7 depende da identificação da sequência de Reinos, principalmente do "Quarto Reino"; porque o "Chifre Pequeno" surge na cabeça do Quarto Animal (Daniel 7: 19, 20).
Muitos intérpretes preteristas identificam o "Quarto Animal" como o império Greco-Macedônico (Grécia); por isso o "Chifre Pequeno" deve ser Antíoco Epífanes.
………………………………………………………………………………………………….
SEQUÊNCIA "PRETERISTA" DE IMPÉRIOS EM DANIEL 7:
1. LEÃO: Babilônia.
2. URSO: Média.
3. LEOPARDO: Pérsia.
4. ANIMAL INDESCRITÍVEL: Grécia (Império Greco-Helenístico).
5. CHIFRE PEQUENO: Antíoco IV.
OBSERVAÇÕES:
1. Todos concordam que o LEÃO representa a BABILÔNIA.
2. As escolas Historicista e Futurista identificam o URSO como a MEDO-PÉRSIA.
3. A escola Preterista o identifica apenas como a MÉDIA.
4. Enquanto as escolas Historicista e Futurista continuam sequencialmente identificando o LEOPARDO e o ANIMAL INDESCRITÍVEL como GRÉCIA e ROMA, a escola preterista fica um passo atrás, identificando esses animais como PÉRSIA e GRÉCIA.
5. Quanto ao "Chifre Pequeno", Historicistas e Futuristas divergem. Para os primeiros, o Chifre Pequeno é Roma Papal que se levantou do Império Romano Pagão; para os segundos, que aceitam uma lacuna na história profética, trata-se do futuro Anticristo (alguns futuristas ainda concebam Antíoco, mas o vêem como um protótipo do anticristo final). Os Preteristas, que terminam sua sequência de quatro animais com a GRÉCIA, identificam o Chifre Pequeno com um poder grego, ou seja, Antíoco.
OBSERVAÇÃO: Sempre existem pensadores "dentro dessas linhas" que entendem diferentemente certos detalhes, mas aqui estamos expondo de modo geral.
continua…
CRITICANDO "A SEQUÊNCIA PRETERISTA" SOBRE DANIEL 7:
O "Segundo Animal é a Pérsia sozinha, sem a Média? O "Quarto Animal" é a Grécia?
RESPOSTA: NÃO.
1. Embora a MÉDIA tenha precedido a PÉRSIA, ambas já estavam unificadas sob CIRO (em 550 a.C.), antes mesmo deste conquistar BABILÔNIA (em 539 a.C.).
2. O livro de Daniel nunca separa a MÉDIA do domínio PERSA como se fossem dois impérios distintos. A BABILÔNIA foi conquistada pelos "MEDOS e PERSAS" (Daniel 5:28, 31); Dario, o Medo, executa as leis dos "MEDOS e PERSAS" (Daniel 6: 12); o Carneiro com dois chifres do capítulo 8 representa "os reis da MÉDIA e da PÉRSIA" (Daniel 8: 20). Daniel desconhece um império MEDO governando sozinho, separado, antes da PÉRSIA como querem os preteristas.
3. PARALELISMO: O URSO MEDO-PERSA do capítulo 7 é representado de modo assimétrico e dual ("levantou-se sobre um dos seus lados" – Daniel 7: 5), do mesmo modo que o CARNEIRO MEDO-PERSA (Daniel 8: 3) possui dois chifres desproporcionais. [DETALHE: As três costelas na boca do URSO (Daniel 7: 5) mantém paralelo simétrico com as três direções geográficas das marradas do CARNEIRO (Norte, Ocidente e Sul – Daniel 8: 4) e podem respectivamente representar as principais conquistas das forças MEDO-PERSAS coligadas: LÍDIA (547 a.C.), BABILÔNIA (539 a.C.) e EGITO (525 a.C.). Esta dualidade de forma e natureza tripartite das conquistas põem ambos os símbolos (URSO e CARNEIRO) em paralelo. ogo, ambos os símbolos representam o império DUAL MEDO-PERSA.
CONCLUSÃO PARCIAL:
A sequência correta dos Animais-Nações (Reinos) em Daniel 7 é: BABILÔNIA, MEDO-PERSA, GRÉCIA e ROMA. Indubitavelmente, o "Quarto Animal" é Roma. Logo, o "Chifre Pequeno" tem que ser um poder romano.
* Definitivamente, Antíoco não se encaixa na profecia de Daniel 7, pelos seguintes motivos:
1. Antíoco não veio de Roma (verdadeira identificação do quarto animal).
2. Antíoco não governou entre 10 reis (10 Chifres do quarto animal). Ele foi o oitavo rei da dinastia selêucida. [Lembrete: A profecia requer 10 chifres contemporâneos e não sucessivos].
3. Ele não era "diferente" de seus predecessores (v. 24).
4. Antíoco, até onde sabemos, não "arrancou três reis" (v. 8, 24).
5. Antíoco não foi "mais robusto" que os demais (v. 20). Seu Pai, Antíoco III, o Grande, é que foi o maior da dinastia selêucida. A carreira de Antíoco foi medíocre.
6. Sua perseguição contra o povo de Deus não durou "três tempos e meio" (v. 25).
7. Não foi julgado pelo Ancião de Dias, cuja culminância de seu Juízo é a entrega do Reino Eterno aos Santos do Altíssimo (v. 9-14, 26, 27). O reino que veio depois do reino greco-macedônico foi o romano, não o reino de Deus (v. 27). [muito menos o "Reino da Graça" instituído por Jesus. Trata-se de um domínio "debaixo de todo céu" que será entregue aos santos no final].
8. Suas insolentes palavras não foram a causa da destruição do animal macedônico (v. 11).
Muitos eruditos já aceitaram essa conclusão e ensinam que o "Chifre Pequeno" do capítulo 7 é Roma; mas ainda sustentam que Antíoco é representado pelo "Chifre Pequeno" do capítulo 8.
continua….
O que dizer, então, deste ponto-de-vista?
……………………………………………………………………………………………………….
O "CHIFRE PEQUENO" DE DANIEL 8 É DIFERENTE DO CHIFRE DE DANIEL 7?
Poderiam esses dois símbolos proféticos representarem entidades históricas diferentes?
RESPOSTA: Penso que NÃO. Seguem alguns motivos.
1. O MESMO SÍMBOLO é usado para ambos: um Chifre (A mesma palavra, tanto em Aramaico [Qeren – Dan. 7] como em Hebraico [Qeren – Dan. 8]). A Septuaginta (versão grega do AT) também utiliza a mesma palavra (Kerás) para ambos os Chifres. Isto sugere, a princípio, uma conexão entre ambos os símbolos. Se Daniel pretendia uma distinção histórica poderia ter usado um símbolo diferente.
2. Ambos são descritos como "Pequenos" no início (7:8 – 8:9).
3. Ambos tornam-se "Grandes" mais tarde (7:20 – 8:9).
4. Ambos são descritos como "perseguidores" dos Santos (7:21, 25, 27 – 8:10, 24).
5. Ambos são "blasfemos" (7:8, 11, 20, 25 – 8:10-12. 25).
6. Ambos possuem inteligência (7:8 – 8:23-25).
7. Ambos têm suas atividades limitadas por tempo profético (7:25 – 8:13, 14).
8. As atividades de ambos estendem-se até o tempo do fim (7:25, 26 [12:7-9] – 8:17, 19).
9. Ambos são destruídos de forma sobrenatural (7:11, 26 – 8:25).
10. Ambos estão, provavelmente, em relação paralela na descrição da sequência dos poderes mundiais da profecia.
OBSERVAÇÃO: Há também diferenças entre os dois símbolos. Contudo, a maioria dessas diferenças são superficiais e tem a ver com a "origem" (temporal e geográfica) dos Chifres, algo que será elucidado no momento oportuno. Por enquanto, o que temos de concreto é que o número de correspondências entre eles (o Chifre pequeno de Daniel 7 e o de Daniel é bem maior e nenhuma das características individuais (distintivas) são mutuamente exclusivas.
CONCLUSÃO PARCIAL:
O "Chifre Pequeno" de Daniel 7 nasce na cabeça do animal romano e, portanto, não pode ser Antíoco IV. Se o "Chifre Pequeno" do capítulo 8 representa a mesma entidade histórica, então, de forma alguma pode ser identificado com Antíoco. Deve também ser um poder romano.
……………………………………………………………………………………………………….
Neste post me dediquei mais ao capítulo 7 de Daniel. No próximo Post tratarei do Capítulo 8. Veremos primeiramente os ARGUMENTOS A FAVOR DE ANTÍOCO e depois os ARGUMENTOS CONTRA ANTÍOCO. E, no final, explicarei o significado da palavra "Chifre" e da palavra "Determinadas" (9:24).
Lembrem-se: isto é apenas um resumo. Vasculhem a literatura especializada sobre o assunto. Estudem bastante.
Até logo.
Edílson Constantino (Natal-RN).
QUEM É A "PONTA PEQUENA" DE DANIEL 8?
ANTÍOCO OU ROMA? [PARTE 3]
Olá, pessoal. Após as notas introdutórias, analisemos Daniel 8 e vejamos agora os ARGUMENTOS A FAVOR E CONTRA ANTÍOCO IV EPÍFANES.
I. A FAVOR DE ANTÍOCO:
1. O CHIFRE PEQUENO VEIO DE "UM DOS CHIFRES" DO BODE GREGO (v. 8, 9). Antíoco foi o oitavo rei da dinastia selêucida (uma das divisões do império grego, isto é, um dos chifres do bode grego).
2. O CHIFRE PEQUENO É BLASFEMO E PERSEGUIDOR (v. 10-12). De fato, Antíoco profanou o Templo de Jerusalém, aboliu o ritual do santuário e seu sacrifício contínuo, perseguiu duramente os judeus fieis e quase destruiu a religião judaica mediante suas campanhas helenizantes.
II. CONTRA ANTÍOCO:
1. A NATUREZA DO CHIFRE PEQUENO: UM REINO, NÃO UM REI INDIVIDUAL.
O que simboliza "um Chifre"? REI ou REINO?
A palavra hebraica para REI (Melekh) é diferente do termo para REINO (Malkuth), mas isso não altera em nada a discussão. Porque embora uma palavra possua seu próprio significado, ela pode ser usada em um contexto tão amplo que seu significado seja alterado. todos sabemos o que significa a palavra "Fera", mas certamente percebemos diferenças semânticas entre as frases: "Vi uma fera no zoológico" e Fulano é uma fera em Matemática". A palavra "Flor" possui seu próprio campo semântico, mas é o contexto da afirmação quem define o significado, não o léxico simplesmente. "peguei uma flor no jardim" é diferente de "Você é uma flor delicada e meiga". Logo, é contexto quem deve estabelece o sentido da palavra REI na literatura profética.
Embora Daniel 8:23 chame o "Chifre Pequeno" de "Rei" (Melekh), há várias razões que nos levam a identificá-lo como "Reino", uma entidade corporativa, não um indivíduo. Vejamos:
a) O "Chifre Pequeno" surge depois da visão dos "Quatro Chifres Notáveis" do Bode Grego. O Anjo-intérprete identifica os "Quatro Chifres" como "Quatro REINOS" (v. 22). É de se esperar, portanto, que o Chifre Pequeno também represente um REINO.
b) Os dois "Chifres" do Carneiro representavam "os reis da MÉDIA e da PÉRSIA" (v. 20); isto é, as casas dinásticas que governaram essas nações. Não se trata de reis individuais, mas de todo o sistema político-ideológico por eles representados.
c) Os intérpretes da Profecia de Daniel 7 geralmente aceitam que os 10 chifres da cabeça do quarto animal (Roma) representam 10 nações bárbaras germânicas que fragmentaram a unidade do Império Romano Ocidental na Idade Média. Portanto, 10 Reinos, não 10 reis individuais.
d) Os quatro animais (Bestas) de Daniel 7 (Leão, Urso, Leopardo e Animal Indescritível) são identificados pelo anjo como "quatro REIS que se levantarão da terra" (7:17). Embora todos concordem que são REINOS.
e) Quando o anjo interpreta "o quarto animal", diz ao profeta que se trata de "um quarto REINO na terra, o qual será diferente de todos os REINOS" (v. 23).
f) No capítulo 2, Nabucodonosor é identificado como a "Cabeça de Ouro" da Estátua metálica das Nações. Contudo, sabemos que as porções metálicas da imagem representam REINOS, não monarcas individuais. Nabucodonosor era um símbolo para representar todo o vasto império babilônico por ele administrado. Mas é evidente que a "Cabeça de Ouro" ia além do rei individual para abranger todos os seus sucessores; caso contrário como poderíamos explicar a profecia quando diz: "Depois de ti, se levantará OUTRO REINO, inferior ao teu…". Claro que o império medo-persa não se levantou hegemonicamente após a morte de Nabucodonosor como rei individual.
g) A palavra "rei" é usada como um símbolo profético para representar um REINO. [DETALHE: Em Daniel 2:44, falando sobre os 10 dedos da estátua (os quais mantém paralelo com os 10 chifres do quarto animal no capítulo 7), diz-se que "nos dias destes REIS…" mas no mesmo verso é-nos dito que o Reino de Deus (representado pela Pedra) "consumirá todos estes REINOS". Logo, os 10 dedos, e consequentemente os 10 chifres, são reinos-nações, não indivíduos.
h) A Besta Apocalíptica (Apoc. 13 e 17) também possui 10 chifres, mas são vistos claramente como chifres-nação, entidades coletivas de governo [O tema da Besta de Apocalipse 17 será tratado em posts futuros].
h) O único lugar da Bíblia onde "Chifre" parece se referir a um REI individual é Daniel 8:8, 21. Alguns vêem aqui uma referência a ALEXANDRE MAGNO porque o verso 21 diz: "… e o Chifre Grande entre os olhos é o seu PRIMEIRO REI". Mas tal interpretação não é necessária, nem correta. NEM O "CHIFRE GRANDE" DO BODE GREGO É ALEXANDRE (ENQUANTO INDIVÍDUO), NEM OS "QUATRO CHIFRES NOTÁVEIS", QUE LHE SUBSTITUÍRAM, SÃO OS SEUS QUATRO GENERAIS INDIVIDUAIS: CASSANDRO, LISÍMACO, PTOLOMEU E SELÊUCO. MAS OS REINOS POR ELES REPRESENTADOS. O "Chifre Grande" é o Império Helenístico iniciado por Felipe II, Rei da Macedônia, e desenvolvido por seu Filho, Alexandre Magno e ainda mantido, até 301 a.C., por Antígono e o filho póstumo de Alexandre após a sua morte em 323 a.C. E os "quatro chifres" que surgem em seu lugar são as casas dinásticas completas iniciadas pelos quatro generais de Alexandre. Nada de interpretação individualizante; sempre estão em foco entidades corporativas.
2. ANTÍOCO NÃO PODERIA SER UM CHIFRE (REINO) SEPARADO, MAS ERA APENAS UM MONARCA DO CHIFRE "SELÊUCIDA" (UM DOS QUATRO CHIFRES NOTÁVEIS DA CABEÇA DO BODE GREGO). ELE FOI O OITAVO REI DA SÍRIA (UM DOS QUATRO CHIFRES), NÃO UM CHIFRE A PARTE.
3. ANTÍOCO NÃO SE TORNOU "EXCESSIVAMENTE GRANDE PARA O SUL, PARA O ORIENTE E PARA A TERRA GLORIOSA" (v. 9). Quem afirma o contrário desconhece absolutamente a história de Antíoco conforme relatada pelo historiador romano Lívio (História de Roma, livros 44 e 45), pelo historiador grego Políbio (Histórias, livros 26 e 27) e pelo escritor dos livros apócrifos de 1 e 2 Macabeus.
INFORMAÇÕES HISTÓRICAS SOBRE ANTÍOCO (175 – 164 a.C.):
A. NÃO FOI ANTÍOCO IV QUE ANEXOU A PALESTINA AO TERRITÓRIO SELÊUCIDA, FOI SEU PAI ANTÍOCO III, EM 198 a.C., NA BATALHA DE PANEIAS, CONTRA AS FORÇAS PTOLOMAICAS. ANTÍOCO IV, DE FATO, PERSEGUIU OS JUDEUS E PROFANOU O TEMPLO JUDAICO, MAS APÓS UM CURTO PERÍODO INSURGIU A "REVOLTA DOS MACABEUS" QUE EXPULSOU AS TROPAS DE ANTÍOCO DEFINITIVAMENTE DA PALESTINA. SEU SUCESSO "NA TERRA GLORIOSA" FOI PARCIAL.
B. ANTÍOCO IV FOI RAZOAVELMENTE BEM SUCEDIDO EM SUA CAMPANHA PARA O SUL, CONTRA O EGITO, 170-168 a.C. CONQUISTOU BOA PARTE DO DELTA DO NILO EM 169 a.C.; MAS FRACASSOU NO ANO SEGUINTE QUANDO TENTOU TOMAR ALEXANDRIA. UMA ORDEM DOS ROMANOS O OBRIGOU A ABANDONAR SEUS PLANOS CONTRA O EGITO. PORTANTO, TEVE SUCESSO APENAS PARCIAL "PARA O SUL".
C. ANTÍOCO III CONQUISTOU BOA PARTE DO ORIENTE ENTRE 210-206 a.C. MAS DEPOIS QUE OS ROMANOS DERROTARAM ANTÍOCO III, EM MAGNÉSIA, ESSAS NAÇÕES ORIENTAIS TORNARAM-SE NOVAMENTE INDEPENDENTES. ANTÍOCO IV TENTOU RECUPERAR OS DOMÍNIOS DE SEU PAI NO ORIENTE. DEPOIS DE ALGUNS PEQUENOS SUCESSOS MILITARES NA ARMÊNIA E NA MÉDIA, MORREU (APARENTEMENTE DE CAUSAS NATURAIS) EM 164 a.C., DURANTE SUA ÚLTIMA CAMPANHA CONTRA A MÉDIA. OU SEJA, NÃO "CRESCEU EXCESSIVAMENTE PARA O ORIENTE" COMO DIZIA A PROFECIA.
4. AS ATIVIDADES ANTI-TEMPLO DE ANTÍOCO IV NÃO CUMPRE AS ESPECIFICAÇÕES DA PROFECIA. ELE NÃO DESTRUIU (LANÇOU ABAIXO) O TEMPLO DE JERUSALÉM; NÃO REMOVEU APENAS O TAMID (SERVIÇO DIÁRIO), MAS O ANUAL TAMBÉM; NÃO SUSPENDEU O SERVIÇO DO TEMPLO POR 2300 TARDES E MANHÃS, SOB QUALQUER CÁLCULO PRECISO; ETC.
CONCLUSÃO:
ANTÍOCO NÃO CUMPRE A PROFECIA DO CAPÍTULO 8 DE DANIEL.
OBSERVAÇÃO: DESCULPE-ME IRMÃOS, PRETENDIA EXPOR ESSA QUESTÃO EM APENAS TRÊS POSTS; MAS TENHO QUE SAIR AGORA. POSTAREI UMA QUARTA PARTE DESSE MATERIAL E EXPLICAREI O SIGNIFICADO DA PALAVRA "DETERMINADAS" (DANIEL 9:24)
ESTUDEM!
ABRAÇO.
Edílson Constantino.
QUEM É A "PONTA PEQUENA" DE DANIEL 8?
ANTÍOCO OU ROMA? [PARTE 4].
Olá, prezados. Este é mais um post desta série. Nele tentarei responder as questões sobre a Origem do Chifre Pequeno. Ainda faz parte de minha resposta à pergunta suscitada pelo querido irmão Renato Fernandes (Teixeira-PB). Estudem bastante esse post, acho-o mais técnico do que os outros.
A ORIGEM DA "PONTA PEQUENA":
De ONDE surgiu o "CHIFRE PEQUENO"?
Leiam o texto bíblico com atenção:
Daniel 8:
(v. "O bode [Grécia] se engrandeceu sobremaneira; e, na sua força, quebrou-se-lhe o grande chifre [império Helenístico de Alexandre Magno], e em seu lugar saíram quatro chifres notáveis [as divisões do Império Helenístico], para os quatro ventos do céu [pontos cardeais, as direções da bússola].
(v. 9) "De um dos chifres saiu um chifre pequeno [Antíoco ou Roma?] e se tornou muito forte para o sul, para o oriente e para a terra gloriosa".
……………………………………………………………………………………………………….
ANÁLISE DO TEXTO:
O original hebraico do verso 9 diz apenas "DE UM DELES". Não diz "DE UM DOS CHIFRES" como na tradução Almeida. A PALAVRA "CHIFRES" DO VERSO 9 FOI ACRESCENTADA.
Em outras palavras, o "Chifre Pequeno" saiu "DE UM DELES". Mas qual o correto antecedente de "DELES"?
Há duas hipóteses:
1°) "DE UM DELES" refere-se a "um dos quatro chifres" mencionados no verso anterior (v. . Então, segundo essa interpretação, o "Chifre Pequeno" procede de um dos reinos helenísticos da divisão do império de Alexandre. Antíoco IV Epífanes, de fato, veio "DE UM DOS QUATRO CHIFRES" do Bode, do Chifre Selêucida. Ele foi o oitavo rei da Síria (império Selêucida).
2°) "DE UM DELES" refere-se a "um dos quatro ventos dos céus", último antecedente da expressão (v.. Antíoco não poderia ser o "Chifre Pequeno", segundo essa interpretação, porque Antíoco já seria parte de um dos quatro chifres do bode grego, não poderia ser um chifre independente, proveniente de um das direções da bússola. Roma se encaixaria melhor nessa descrição.
QUAL HIPÓTESE É A CORRETA? O CHIFRE PEQUENO SAIU DE "UM DOS QUATRO CHIFRES" PRECEDENTES OU DE "UM DOS QUATRO VENTOS DOS CÉUS"?
DILEMA: SE O CHIFRE PEQUENO VEIO DO CHIFRE SELÊUCIDA, ENTÃO PODERIA SER ANTÍOCO IV; MAS SE VEIO DE UM DOS VENTOS PODERIA SER ROMA QUE VEIO DO OCIDENTE.
ANÁLISE DA SINTAXE HEBRAICA DE DANIEL 8:8-9.
O PROBLEMA DA CONCORDÂNCIA DE GÊNERO EM HEBRAICO:
NÃO EXISTE PERFEITA CONCORDÂNCIA DE NÚMERO (SINGULAR, PLURAL) E GÊNERO (MASCULINO, FEMININO, NEUTRO) ENTRE O SUFIXO PRONOMINAL "DELES" E OS ANTECEDENTES PROPOSTOS (CHIFRES OU VENTOS).
DADOS LINGUÍSTICOS:
"DELES" (PLURAL MASCULINO).
"CHIFRE" (SINGULAR FEMININO).
"VENTOS" (ESCRITA EM PLURAL FEMININO, MAS TAMBÉM POSSUI UMA FORMA MASCULINA).
RESULTADO: NENHUM DOS ANTECEDENTES PROPOSTOS (CHIFRES OU VENTOS) CONCORDA PERFEITAMENTE COM "DELES".
* "CHIFRE" (FEMININO) NÃO PODE SER, GRAMATICALMENTE, O ANTECEDENTE DE "DELES" (MASCULINO). LOGO, A TRADUÇÃO "DE UM DOS CHIFRES" NÃO PARECE PLAUSÍVEL.
* VENTOS (FEMININO) TAMBÉM NÃO CONCORDA COM "DELES" (MASCULINO). EMBORA SEJA POSSÍVEL ADOTAR SUA FORMA HEBRAICA MASCULINA, QUANDO DANIEL A ESCREVEU USOU A FORMA FEMININA. PORTANTO, NÃO É O ANTECEDENTE GRAMATICAL DE "DELES".
O PROBLEMA É AINDA MAIS AGRAVADO PELAS FORMAS DOS NUMERAIS UTILIZADOS POR DANIEL. TANTO O NUMERAL "QUATRO" DO VERSO 8 QUANTO O NUMERAL "UM" DO VERSO 9 SÃO FEMININOS. LOGO, O SUFIXO PRONOMINAL "DELES" NÃO CONCORDA, EM GÊNERO, COM OS POSSÍVEIS SUBSTANTIVOS ANTECEDENTES (NEM COM "CHIFRE", NEM COM "VENTOS"), NEM CONCORDA COM OS NUMERAIS (NEM "QUATRO", NEM "UM").
EM UMA TRADUÇÃO LITERAL, TERÍAMOS:
"DE UMA (ACHATH – FEM.) DELES (HEM – MASC.), SAIU OUTRO…"
MAS ESTA FRASE PARECE APRESENTAR CONFUSÃO DE GÊNERO NO HEBRAICO.
……………………………………………………………………………………………………….
EXPLICAÇÃO:
VOU PROPOR UMA EXPLICAÇÃO GRAMATICAL QUE DIFERE DA EXPLICAÇÃO DO "COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA" (DÉCADA DE 1950), MAS QUE SE HARMONIZA COM OS "NOVOS" ESTUDOS DA ANDREWS (HASEL, SHEA, ETC).
NO VERSO 8 APARECEM "QUATRO CHIFRES" QUE SE ESTENDEM PARA "OS QUATRO VENTOS DOS CÉUS". E O VERSO 9 COMEÇA COM A FRASE "DE UM DELES…". O QUE TEMOS AQUI É UM "PARALELISMO SINTÁTICO" EM QUE O GÊNERO DOS ELEMENTOS DA SEGUNDA DECLARAÇÃO É PARALELO AO GÊNERO DOS ELEMENTOS DA PRIMEIRA DECLARAÇÃO.
VEJAMOS:
VERSO (8): "PARA AS QUATRO (Fem.) VENTANIAS (Fem.) …….. DOS CÉUS (Masc.)"
VERSO (9): "………DE UMA (Fem.) ……………………………………….. DELES (Masc.)".
OBSERVAÇÃO: TROQUEI "VENTOS" POR "VENTANIAS" PORQUE, NO HEBRAICO O TERMO "RUHÔT" É FEMININO. COLOQUEI CÉUS NO PLURAL PORQUE NO HEBRAICO TEMOS "HASHAMAYIM". TROQUEI "UM" POR "UMA" PORQUE NO HEBRAICO TEMOS O FEMININO "ACHATH". "DELES" (MEHEM) É MASCULINO PLURAL".
EM OUTRAS PALAVRAS:
OS ELEMENTOS DO VERSO 9, "UMA" E "DELES" SE ALINHAM, QUANTO AO GÊNERO, COM OS DOIS ÚLTIMOS ELEMENTOS DO VERSO 8, "VENTANIA" E "CÉUS". "UMA" CONCORDA COM "VENTANIA" E "DELES" CONCORDA COM "CÉUS", TANTO EM NÚMERO COMO EM GÊNERO.
O FEMININO "UM" DO VERSO 9 SE REFERE AO FEMININO "VENTOS" DO VERSO 8. E O MASCULINO PLURAL "DELES" DO VERSO 9 SE REFERE AO MASCULINO PLURAL "CÉUS" DO VERSO 8. ASSIM, O ANTECEDENTE DE "DELES" NA FRASE (v. 9) NEM É "VENTOS" NEM "CHIFRES", MAS "CÉUS".
RESULTADO (VERSO 9): "DE UMA (VENTANIA) DELES (DOS CÉUS), SAIU UM CHIFRE PEQUENO…"
CONCLUSÃO: O "CHIFRE PEQUENO" VEIO DE UM DOS QUATRO VENTOS DOS CÉUS. ELE NÃO VEIO DE UM DOS QUATRO CHIFRES PREDECESSORES. NÃO VEIO DO CHIFRE SELÊUCIDA; NÃO PODE SER ANTÍOCO IV. TRATA-SE DE ROMA, QUE VEIO DO OCIDENTE.
Irmãos, preciso ainda escrever outro post. No próximo (espero que seja o último desta série) continuarei o assunto.
QUEM É A "PONTA PEQUENA" DE DANIEL 8
ANTÍOCO OU ROMA? [PARTE 5].
Olá, prezados irmãos. Este é o último post sobre esse assunto. Nele responderei de modo mais específico as perguntas do querido irmão Renato Fernandes (Teixeira-PB).
EXEGESE DE DANIEL 8:9-14
Estrutura Literária de Daniel 8:
I. Introdução (v. 1-2).
II. Visão (v. 3-12).
III. Audição (v. 13-14).
IV. Explicação (v. 15-26).
V. Conclusão (v. 27).
A Visão descreve:
1) Um Carneiro e suas atividades (v. 3-4);
2) Um Bode e suas atividades (v. 5-8);
3) Um Chifre Pequeno e suas atividades (v. 9-12);
4) Audição. Diálogo Pergunta-Resposta entre os Seres Celestiais (v. 13-14);
5) A Purificação do Santuário após 2300 Tardes e Manhãs.
AS ATIVIDADES DO CHIFRE PEQUENO
I. Primeiro Estágio: Origem e Expansão Horizontal-Terrestre (v. 9-10, 23-24).
II. Segundo Estágio: Expansão Vertical-Celeste (v. 11-12, 25).
* O Chifre Pequeno se movimenta HORIZONTALMENTE para o Sul, para o Oriente e para a Terra Gloriosa (Conquistas territoriais de Roma Pagã).
* O Chifre Pequeno se movimenta VERTICALMENTE para o Exército dos Céus, para o Príncipe do Exército, seu Santuário Celeste e seu "Serviço" Contínuo (Afronta espiritual de Roma Papal).
OBS: Leia Daniel 8:9-12 várias vezes até se familiarizar com ambas as atuações do Chifre Pequeno, HORIZONTAL e VERTICAL.
………………………………………………………………..
TRADUÇÃO LITERAL DE DANIEL 8:9-14
(v. 9) E de um deles sai um chifre de pequenos começos, e tornou-se excessivamente grande para o sul e para o oriente e para a glória.
(v. 10) E tornou-se grande para o exército do céu, e fez com que alguns do exército e das estrelas caíssem por terra e os pisou.
(v. 11) E fez-se grande até mesmo para o príncipe do exército, e dele foi tirado o contínuo, e o fundamento do seu santuário foi deitado abaixo.
(v. 12) E lhe foi dado um exército contra o contínuo causando transgressão, e lançou a verdade por terra, e foi bem-sucedido e prosperou.
(v. 13) Então ouvi um santo falando e outro santo disse ao indivíduo que estava falando: Até quando será a visão, que inclui o contínuo e a transgressão que causa horror, para fazer com que o santuário e o exército sejam pisados?
(v. 14) E ele me disse: Até 2300 tardes e manhãs, então o santuário será purificado.
* Essa tradução foi sugerida pelo Hebraísta Gerhard Hasel.
continua…
O CHIFRE PEQUENO DE DANIEL 8 REPRESENTA ROMA EM SUAS DUAS FASES: PAGÃ (EXPANSÃO HORIZONTAL) E PAPAL (EXPANSÃO VERTICAL).
Vejamos:
* Sabemos que AS DUAS FASES de Roma (Pagã e Papal) são representadas pela Quarta Besta e seu Chifre Pequeno em Daniel 7. O animal terrível é Roma Pagã e o Chifre Pequeno em sua cabeça é Roma Papal.
* Contudo, em Daniel 8, o Chifre Pequeno representa ambas as fases de Roma. Um único símbolo para representar dois estágios da história romana. Como o sabemos?
1. Claramente se percebe na descrição das atividades do Chifre Pequeno duas dimensões de conquista: HORIZONTAL (Expansão territorial-geográfica – v. 9) e VERTICAL (Expansão-usurpação espiritual – v. 11).
2. Mudança na Estrutura (sintaxe) das Sentenças Hebraicas:
a) As FORMAS VERBAIS dos versículos 9 e 10, no texto hebraico, são FEMININAS (com exceção do primeiro verbo, "saiu" do verso 9).
b) No verso 11, as FORMAS VERBAIS são MASCULINAS.
* Qual a RAZÃO para essa mudança de gênero do Sujeito? Provavelmente, tal mudança sugere a transição de uma fase (HORIZONTAL-POLÍTICA) a outra (VERTICAL-ECLESIÁSTICA) da entidade simbólica do Chifre Pequeno.
OBS: Não temos aqui nenhum cumprimento simultâneo ou duplo para o símbolo do Chifre pequeno, mas sequencial. É errado, portanto, afirmar que o Chifre Pequeno representa, ao mesmo tempo, Roma Pagã e Papal. Suas atividades horizontais (v. 9-10) é que representam Roma Pagã (pré-medieval), enquanto que suas atividades verticais (v. 11-12) simbolizam a fase Papal.
3. As relações paralelas no livro de Daniel exigem identificação (ao menos parcial) entre o Animal Terrível de Daniel 7 e o Chifre Pequeno de Daniel 8. Também exige vínculo do Chifre Pequeno de Daniel 7 com o Chifre Pequeno de Daniel 8.
4. Ambos os Chifres (do capítulos 7 e avançam historicamente até o tempo do Fim (7:16; 8:25). Logo, a fase papal do Chifre Pequeno de Daniel 8 está claramente envolvida. Mas o chifre do capítulo 8 começa suas atividades (horizontais) após os reinos helenísticos (8:22, 23), na antiguidade. Isso implica a fase pagã de Roma, uma vez que o Papado só se levantou hegemonicamente no início da Idade Média.
* Entenda: Em termos cronológicos, o Chifre Pequeno de Daniel 8 COMEÇA "no fim do seu reinado…" (v. 23), ou seja, no final da hegemonia dos reinos helenísticos (os Quatro Chifres do Bode Grego) que sobraram da divisão do Império de Alexandre; e TERMINA no tempo do fim, sendo "quebrado sem esforço de mãos humanas" (v. 25), ou seja, por intervenção divina. De fato, a fase Político-Pagã de Roma COMEÇOU no final da hegemonia dos reinos helenísticos, mas não se prolongou até o tempo do fim. É a segunda fase, Eclesiástico-Papal, que cumpre este aspecto da profecia. Isso é mostrado, em Daniel 8, pelas atividades HORIZONTAL e VERTICAL, e pela mudança dos gêneros dos sujeitos e das formas verbais que caracterizam tais atividades. E a história vem em nosso auxílio, indicando-nos o verdadeiro cumprimento da profecia nas duas fases. Logo, há justificativas linguístico-textual, contextual-paralela, cronológica e histórica para a crença adventista de que o Chifre Pequeno representa Roma Pagã e Papal, sequencialmente.
ANÁLISE DE DANIEL 8:13-14
ATÉ QUANDO SERÁ A VISÃO?
A expressão "ATÉ QUANDO" (Hebraico: 'Ad-Matay) não focaliza DURAÇÃO DE TEMPO.
*A pergunta não é: "POR QUANTO TEMPO?" mas "ATÉ QUANDO?".
A Pergunta: "Até Quando?" tem seu foco no PONTO TÉRMINO do período, não em sua DURAÇÃO. E a Resposta foi: "Até 2300 Tardes e Manhãs" e "ENTÃO…" (v, 14). Ou seja, quando o ponto de conclusão for alcançado, ocorrerá algo relacionado com o Santuário. Não é que o santuário será purificado AO LONGO de um período de 2300 dias, mas que o será AO TÉRMINO dele. O tempo que durará tal purificação não é especificado.
QUESTÃO INTRIGANTE:
O PERÍODO DE TEMPO (2300 DIAS) LIMITA-SE APENAS AS ATUAÇÕES DO CHIFRE PEQUENO?
Vejamos o texto de Daniel 8:13 com atenção:
"Depois, ouvi um santo que falava; e disse outro santo àquele que falava: Até quando durará a visão do sacrifício diário e da transgressão assoladora, visão na qual é entregue o santuário e o exército, a fim de serem pisados? Ele me disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado". (ARA).
Pela tradução Almeida, vemos claramente que o período de 2300 dias refere-se ao tempo em que o Chifre Pequeno se levanta contra o contínuo, o santuário e o exército celestiais.
Mas os historicistas não aceitam esse ponto. O Papado, historicamente, não governou por 2300 dias-anos. Os 2300 anos começaram no governo persa, quando entrou em vigor o Decreto de Artaxerxes (Outono de 457 a.C), muito antes do Papado.
Como entender a pergunta do anjo, então?
A PERGUNTA DO ANJO CONFORME A SINTAXE HEBRAICA
(v. 13) Até quando será a visão (Hazôn), que inclui o contínuo e a transgressão que causa horror, para fazer com que o santuário e o exército sejam pisados?
O termo hebraico para "Visão", no verso 13, é Hazôn, termo esse que aparece sete vezes em Daniel 8 (1-2 [três vezes], 13, 15, 17 e 26 b). Refere-se, contextualmente, a "Visão" inteira do Carneiro, do Bode e do Chifre Pequeno. O termo Mar'eh (também traduzido por "visão" em 8:16, 26 a e 27) refere-se mais especificamente ao "aparecimento" dos seres celestiais e seu diálogo.
QUAL, ENTÃO, O ESPAÇO DE TEMPO COBERTO PELA HAZÔN (VISÃO)?
RESPOSTA: Inclui toda a extensão dos eventos apresentados ao profeta (v. 3-12). Não se limita às atividades do Chifre Pequeno.
* As traduções (KJV e RSV) que vertem "a visão DO sacrifício diário" ou "a visão CONCERNENTE ao sacrifício diário" não possuem amparo no texto hebraico. NÃO EXISTE, no texto hebraico (v. 13), a relação construta genitiva: "Visão do Sacrifício Contínuo".
* Se o substantivo Hebraico "Visão" (Hazôn) estivesse no Construto (indicando forma genitiva) não teria artigo definido, mas tem (Hehazôn); e teria demonstrado uma redução vocálica (ou seja, os massoretas teriam pontuado Hazôn com um Pathah, não com um Qamets). A expressão hebraica Hehazôn está em estado absoluto, não no construto. A tradução não deve ser "a Visão do Contínuo" como muitos pensam. É melhor entender que a pergunta "Até Quando" foi omitida (elipse) diante da segunda expressão (Contínuo). Então, teríamos: "Até quando a Hazôn (visão), [até quando] o Contínuo e a transgressão que causa horror, [até quando] para fazer com que o santuário e o exército sejam pisados?" (v. 13). A DESCRIÇÃO DO VERSO 13 ABRANGE TODA A VISÃO DOS VERSOS 3-12. LOGO, O PERÍODO PROFÉTICO DOS 2300 DIAS ENVOLVE TODO O PERÍODO, DESDE O CARNEIRO PERSA ATÉ AS ATIVIDADES DO CHIFRE PEQUENO, ATÉ O TEMPO DO FIM. ISSO TAMBÉM "PROVA" QUE O PRINCÍPIO DIA-ANO DE INTERPRETAÇÃO PROFÉTICA ESTÁ PRESENTE EM DANIEL 8, POIS 2300 DIAS LITERAIS NÃO PODERIAM COBRIR SATISFATORIAMENTE O LONGO PERÍODO, DO IMPÉRIO PERSA ATÉ O TEMPO DO FIM. ISSO TAMBÉM PÕE O ÚLTIMO PREGO NO CAIXÃO DA TEORIA DE ANTÍOCO EPÍFANES.
continua…
O SIGNIFICADO DA PALAVRA "DETERMINADAS" DE DANIEL 9:24.
"DETERMINADAS" OU "CORTADA"?
Em Daniel 8:14 fala-se do período profético dos 2300 anos. No capítulo 9:24 é-nos dito: "Setenta Semanas estão DETERMINADAS sobre o teu povo…". A palavra "determinadas" é a tradução portuguesa do vocábulo hebraico HATAK (na forma passiva, Niphal), que só aparece uma vez na Bíblia. Essa raiz significa tanto "Cortar" como "Determinar", "Decretar". Mas os significados "Determinar" ou "Decretar" derivam do Hebraico mixnaico que data de um milênio depois da época de Daniel. Apesar disso, mesmo nos textos mixnaicos o termo Hatak foi mais predominantemente utilizado com o significado de "cortado".
É um princípio básico da Filologia Semítica que significados ABSTRATOS dos verbos hebraicos derivam de significados CONCRETOS mais primitivos. Logo, a ideia CONCRETA de "Cortar" tem a preeminência na tradução. As ideias ABSTRATAS de "Determinar" e "Decretar" são desenvolvimentos posteriores. Na época de Daniel, provavelmente, Hatak significava "Cortar". Não sabemos se os sentidos abstratos posteriores já existiam nos dias do profeta. Não existe nenhuma evidência documental destes sentidos abstratos na época de Daniel. O único material extra-bíblico que temos está escrito em Cananita Ugarítico e data do século XIII a.C. Ali a palavra cognata Hatak significa "Cortar".
* Portanto, três evidências: 1) Raiz hebraica de sentido concreto; 2) Cognato Ugarítico de sentido concreto; e 3) uso predominante do sentido concreto na literatura mixnaica posterior. Isso torna óbvio que o termo "cortar" é, no mínimo, preferido.
OUTRAS EVIDÊNCIAS:
* Embora a Septuaginta (LXX) verta Hatak pela palavra grega ekrithesan (Determinadas), a versão grega de Teodócio verte por sunetmethesan (Separar ou encurtar). E a Vulgata latina usa abbreviare (abreviar)
* As edições de 1832 e de 1846 do léxico hebraico de GESENIUS define Hatak primeiramente como "Cortar", "Dividir", depois como "Determinar" ou "Decidir".
* Strong em sua Exhaustive Concordance enfatiza o significado caldaico de "separar" e "cortar em pedaços". Outros Teólogos fazem o mesmo, como Philip Newell, Leon Wood e o autor do renomado Pulpit Commentary, etc.
CONCLUSÃO: As 70 semanas forma, à luz do contexto e dos vínculos com Daniel 8, "cortadas" de um período maior (os 2300 anos).
* Quanto ao vínculo existente entre os capítulos 8 e 9 de Daniel, leia o capítulo 12 da pequena obra de Robert Olsen intitulada "100 questões sobre o Santuário e Ellen White".
irmãos, preciso parar aqui, tenho trabalho me esperando. Espero ter ajudado. Nos próximos posts tratarei de outros assuntos.
ABRAÇO FRATERNO!
Edílson Constantino.