O livro bíblico Gênesis é maravilhoso, pois apresenta a origem da humanidade desde os primórdios da criação da vida no planeta Terra. Gênesis 1 é a história da formação e preenchimento do planeta que achava-se sem forma e vazio. A Terra era sem vida e luz. Um caos sob o controle do Grande Criador que no princípio criara todo o Universo com seus muitos planetas e bilhões de galáxias. O capítulo 1 é a história da alegria e prazer da divindade ao criar.
Gênesis 2, ao contrário do que alguns afirmam, não é uma segunda criação. As duas narrativas falam da mesma criação. A repetição é uma característica da narrativa hebraica. Os capítulos 1 e 2 são apenas narrativas distintas complementares. Essa técnica literária serve para insinuar ao leitor que a história se inicia novamente agora com um rumo diferente. Gênesis 2 é a história do paraíso. Explica a origem da morte e do sofrimento no mundo pela desobediência do homem. A ordem diferente dessa apresentação satisfaz as necessidades internas da narrativa e não uma diferente concepção da cronologia dos acontecimentos.
A criação é a verdade fundamental da Bíblia. Todo o ensinamento bíblico inclui a encarnação de Cristo, Sua morte na cruz, Sua segunda vinda, Sua redenção intercessora. Gênesis cumpre em si mesmo a revelação da salvação: “Porei inimizade entre você e a mulher, e entre seu descendente e o descendente dela; ele ferirá sua cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar.” (Gênesis 3:15) Reflita nesta passagem bíblica à luz de Gálatas 3:29 e Romanos 3:20.
O Filho de Deus decidiu que assumiria nossa culpa. O pecado na Terra, existente a partir da transgressão de Adão e Eva, encontrou “uma divinal resistência em entregar a humanidade a outro domínio. Como indivíduos nunca saímos do coração de Deus. O pecado nos arrancou de Sua ética, mas não da Sua misericórdia e bondade”. (Pr. Benedito Muniz)
Gênesis 3 nos fala do comportamento humano após a desobediência. O homem não refletia mais a imagem de Deus. Esconderam-se. Fugiram da presença de Deus envergonharam-se por sua culpa. Já não estavam mais ligados pela obediência. Tornaram-se covardes e acusadores.
Para resgatar o pecador Deus sempre deu o primeiro passo (Gênesis 3: 9 e 4:9).
Todo o ritual do Antigo Testamento estava centralizado no sacrifício. O sistema de sacrifício foi destinado a apontar a morte de Jesus em favor da humanidade. Nossa salvação é por Jesus Cristo e não pela morte de animais. Abel compreendeu o plano da salvação e agia em consequência. Adorava a Deus reconhecendo nEle a salvação. O ritual de sacrifício de animais deveria mostrar a futilidade de nossas obras para nos salvar. Deveria mostrar que o custo do pecado foi a vida de uma vítima inocente e que o Senhor tinha um plano pelo qual os pecadores poderiam ser perdoados, purificados e aceitos pelo Senhor, por meio de Sua graça.
Certa vez conversando com um amigo ateu fui questionada pelo fato, segundo ele, de que Deus era sanguinário. Saciava-Se, em seu sistema de justiça, somente com o sangue.
Compreendo a decisão de Deus… O pecado trouxe morte para a humanidade. O que combate a morte? A vida. Então o instrumento do perdão teria que ser aquilo que mais representa vida: o sangue. O sangue tem como função a manutenção da vida do organismo no que tange ao transporte de nutrientes, excretas (metabólitos), oxigênio e gás carbônico, hormônios, anticorpos, e demais substâncias ou corpúsculos cujos transportes se façam essenciais entre os mais diversos e mesmo remotos tecidos e órgãos do organismo. Para que haja vida é preciso o sangue. Por isso, a morte dos cordeirinhos. Esse era o evangelho para um povo cuja mente estava endurecida. Jesus foi o Cordeiro perfeito e Sua morte anulou todo o sistema de sacrifício de animais.
“[…] Através dos séculos, cada vez que um animal inocente era sacrificado, apontava para o dia em que o Filho inocente de Deus morreria no lugar do homem. Esse foi o preço do perdão.
O povo de Israel, recém saído da escravidão, precisava de uma comunicação simples e fácil para compreender o plano de Deus para a Salvação. Eles precisavam de algo prático, que demonstrasse a terrível natureza do pecado de modo vivo. Eles necessitavam de uma noção clara do elevado custo de nossa salvação. E foi o que Deus fez. Ele ordenou: “E Me farão um santuário, e habitarei no meio deles. Conforme a tudo que Eu te mostrar para modelo do tabernáculo, e para modelo de todos os seus vasos, assim mesmo o fareis.” (Êxodo 25:8 e 9)
Deus desejava estar com o Seu povo, para isso era necessário um santuário. O santuário deveria ser um templo portátil que pudesse ser montado no deserto e transportado enquanto viajassem. Deus mostraria a Moisés um padrão, e daria a ele instruções detalhadas sobre a construção e a mobília. Para a construção desse santuário, Deus deu a Moisés uma planta detalhada, conforme o modelo original existente no Céu.
“Ora a suma do que temos dito é que temos um sumo sacerdote tal, que está assentado nos céus à destra do trono da majestade, ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor fundou, e não o homem.” (Hebreus 8:1 e 2). Jesus, ao deixar a Terra, tornou-Se nosso sumo sacerdote. Ele ministra no santuário do Céu, portanto existem dois santuários: o do Céu e o da Terra.
“… Moisés divinamente foi avisado… olha, faze tudo conforme o modelo que no monte se te mostrou.” (Hebreus 8:5). O santuário portátil do deserto era uma cópia exata do santuário existente no Céu.
Essa réplica seria uma escola adequada para nos ensinar muitas coisas sobre o plano elaborado por Deus para a salvação da humanidade.
Ao sair do Egito, o povo de Israel acampou na vasta planície próxima do Monte Sinai, a aproximadamente 1.500 anos antes de Cristo. O acampamento era uma verdadeira cidade de tendas onde imperava a limpeza e a ordem. […] Na área central ficava o santuário. Ao se entrar no pátio, a primeira coisa que se podia ver era o altar dos holocaustos, onde eram oferecidos todos os sacrifícios.
Pouco além ficava o santuário, que era dividido em dois compartimentos: o Santo, onde havia uma mesa com pão sagrado e o candelabro com sete lâmpadas. Ainda nessa parte, ficava o altar de incenso. O segundo compartimento, separado do primeiro com um véu, chamava-se Santíssimo. Nele estava a arca do concerto com as duas tábuas de pedra, em que Deus, com Seu próprio dedo, escreveu os Dez Mandamentos.
[…] sem derramamento de sangue não há perdão, nem para o povo de Israel no passado, nem para nós hoje. O perdão é a coisa mais preciosa do Universo, pois custou a vida do Filho de Deus. Era isso o que a morte do cordeiro queria dizer. O substituto inocente, sacrificado no altar, demonstrava a fé do pecador no inocente Cordeiro de Deus, Jesus, que um dia morreria em seu lugar.
Quando alguém pecava e se arrependia, deveria providenciar um cordeiro e se apresentar ao sacerdote no santuário. O pecador, colocando sua mão sobre a cabeça do cordeirinho, confessava os pecados e em seguida matava o animal. O sacerdote, então, espalhava um pouco desse sangue nos cantos do altar. O livro de Levítico, no Velho Testamento, descreve os vários sacrifícios que ocorriam no santuário. Tudo apontava para um grande e único tema central: prover um meio de trazer o pecador de volta a Deus, tornar possível para ele compreender o pecado e o que isso custou para Deus.
Os sacerdotes, por sua participação pessoal no sacrifício, quando transportavam o sangue para dentro do santuário, cumpriam esse mesmo propósito (Levítico 10:17). […] Uma vez por ano, uma coisa especial acontecia: “Ora, estando estas coisas assim preparadas, a todo tempo entravam os sacerdotes no primeiro compartimento cumprindo os serviços; mas no segundo, só o sumo sacerdote, uma vez no ano, não sem sangue, que oferecia por si mesmo e pelas culpas do povo.” (Hebreus 9:6 e 7.
Uma vez por ano, o sumo sacerdote entrava sozinho no Santíssimo para realizar um serviço especial. Era a purificação dos pecados que tinham sido transferidos para o santuário durante todo o ano. Essa cerimônia ocorria no dia da Expiação. Era uma espécie de dia do Julgamento. Essa cerimônia tinha a finalidade de apontar para a fase do ministério sacerdotal de Cristo após Seu sacrifício na cruz.
O serviço do santuário com todas as suas cerimônias continuou através dos séculos. Primeiramente, no deserto; e depois, no templo construído em Jerusalém. O serviço do santuário continuou tendo validade até o dia em que Jesus morreu. A partir de então, não seria mais necessário imolar qualquer cordeiro para o sacrifício. O verdadeiro Cordeiro de Deus, o Senhor Jesus Cristo, para O qual todos os sacrifícios apontavam, havia dado a Sua vida pelo mundo todo. Mas o próprio povo, que durante séculos tinha demonstrado fé em Seu futuro sacrifício, não O reconheceu.
O sistema de sacrifícios estava encerrado, mas quando Jesus subiu ao Céu, Ele assumiu uma nova obra: “Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão. Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossa fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado.” (Hebreus 4:14 e 15).
O sacrifício de Jesus no Calvário foi completo e perfeito. Mas sem a obra de Cristo como nosso Sumo sacerdote, não poderíamos receber nenhum benefício pessoal desse sacrifício. Jesus fez um sacrifício perfeito. Ele fez provisão para todas as pessoas. Mas nem todas serão salvas. Milhões o rejeitarão. Como a salvação não é automática, o sangue de Jesus deve ser aplicado pessoalmente a quem aceitá-Lo.
[…] Ao morrer em nosso lugar e pagar o preço pelos pecados, Ele conquistou o direito de perdoar e de nos devolver a vida eterna. Como nosso Sumo sacerdote, Ele, desde a cruz, aplica os benefícios de Sua morte em favor de todo aquele que desejar. E quando aceitamos o Senhor Jesus como nosso Salvador, quando aceitamos Seu sacrifício e Sua morte em nosso lugar, nosso nome é escrito em um livro muito especial: o Livro da Vida.”1
O grande dia da expiação já começou no Céu. Jesus iniciou a Sua obra no santuário celestial. Foi iniciado o julgamento da humanidade. Já fizemos algumas reflexões sobre esse julgamento:
“Antes que Jesus retorne trazendo Consigo a recompensa devida a cada um, antes do dia em que homens e mulheres serão finalmente declarados salvos ou perdidos, o Livro da Vida, com os seus registros, deve ser aberto – o livro que revela sem disfarces o que cada indivíduo fez e foi. […]
Ninguém está isento de feridas e mágoas nesta longa e terrível guerra contra o pecado. Mas as marcas de nossa luta não se comparam aos terríveis sofrimentos que Jesus teve que suportar. Ele veio à Terra enfrentar o pecado frente à frente e dar a Sua vida em sacrifício para nossa salvação. Se fosse necessário, Ele daria a Sua vida ainda que a única pessoa a ser salva fosse você.
Desde o pecado de nossos primeiros pais, e através de toda história de Israel, primeiramente no deserto, depois na terra prometida, e ao longo da Igreja Cristã até os nossos dias, vemos um Deus que se esforça em nos fazer compreender o Seu sacrifício e o quanto Ele está disposto a fazer para nos salvar.
Há um fio de sangue que atravessa a história unindo cada situação, apontando para um Deus cheio de amor e disposto a perdoar a todos os que se sentirem necessitados de perdão.
Agora, Jesus está cumprindo a última etapa de Sua intercessão em favor da humanidade perdida. Como Sumo sacerdote, Ele apresenta os benefícios de Seu sacrifício para perdão e salvação. Logo, Ele deixará Suas vestes sacerdotais e, como Rei dos reis, voltará à Terra para buscar aqueles que aceitaram o Seu sacrifício.”1
Aceite hoje essa salvação pois o amanhã é incerto demais!
Ruth Alencar
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