com comentário de Siegfried J. Schwantes
Daniel previu com antecedência cerca de 25 séculos de História. Desde os primeiros anos do Império Neobabilônico até o presente. O mais maravilhoso é que essa profecia atravessou o véu do futuro em que Deus intervirá decisivamente nos negócios da humanidade e isto nos traz esperança e segurança.
Jesus, em Mateus 24:15-16, nos adverte e nos convida a estudarmos o livro de Daniel: “Quando, pois, virdes estar no lugar santo a abominação da desolação, predita pelo profeta Daniel (quem lê, entenda), então os que estiverem na Judéia fujam para os montes;”.
Advertindo às pessoas dos Seus dias quanto à destruição de Jerusalém, Jesus na verdade faz uma aplicação dupla, pois ela também se refere ao final dos tempos.*
“Deus utilizou duas categorias de símbolos, animais e elemento humano, para antecipar a Daniel importantíssimos eventos que ocorreriam no Céu, e também na Terra até o estabelecimento de Seu reino. Os mesmos eventos históricos são previstos, mas numa perspectiva diferente. Os do capítulo 2, na perspectiva dos reinos que dominam sobre a Terra, e os do capítulo 7, na perspectiva da experiência do povo de Deus em meio a esses dominadores. Mas ambas as profecias apontam para um desfecho comum: o domínio último caberá ao reino de Deus, do qual Seu povo será parte essencial.”1
O segundo animal era como um urso.
“Como o leão estava em casa nas planícies da Mesopotâmia, assim o urso tinha seu habitat nas montanhas da Pérsia. Os traços de crueldade e voracidade do urso são atribuídos aos medos em Isaías 13: 17 e 18 . Mesmo se a aptidão do símbolo nos escapa, é claro nas páginas da história que a Medo-Pérsia seguiu à Babilônia como a potência que dominou o mundo conhecido de então. O fato do urso se ter levantado sobre um dos seus lados parece apontar para o fato de que primeiro os medos, e depois os persas, detiveram a liderança nesta monarquia dupla. É um fato que os medos foram os primeiros em se organizar num reino unido e a manter a Pérsia em vassalagem. Mas com a vitória de Ciro II em 550 a.C. as mesas se inverteram, e desde então reis persas ocuparam o trono dos medos e persas.
A afirmação “na boca, entre os dentes, tinha três costelas”, é geralmente interpretada como denotando as 3 principais conquistas da Pérsia: a Lídia em 546 a.C., a Babilônia em 539 a.C., e o Egito em 525 a.C. A estes outros territórios menores foram acrescentados cumprindo a ordem: “levanta-te, devora muita carne”. O domínio Medo-Persa se estendia da Trácia na Europa até a fronteira da Índia no Oriente.
O terceiro reinado é representado por um leopardo com 4 asas.
O leopardo é conhecido pela sua rapidez e agilidade. Sua rapidez é realçada pela presença de 4 asas nas costas. O Império Greco-Macedônico, fundado por Alexandre o Grande é aqui simbolizado.
O que o distinguiu do império precedente foi a rapidez de suas conquistas. Com a morte de seu pai Filipe da Macedônia, em 336 a.C., Alexandre, com apenas 20 anos de idade, tomou as rédeas do poder, e para a admiração de todos conseguiu unificar os estados gregos e lançá-los contra a Pérsia. Embarcou numa campanha relâmpago para conquistar o vasto território da Pérsia. Com um exército de 35.000 homens cruzou o Helesponto e derrotou o pequeno exército persa às margens do Grânico em 334. Toda a Ásia menor caiu em suas mãos em questão de meses. A segunda grande batalha foi travada em Isso, em 333 a.C., e a despeito da superioridade numérica do exército persa, sob o comando de Dario III, este sofreu uma derrota ignominiosa diante do exército Greco macedônico muito mais aguerrido.
Esta vitória foi seguida pela conquista de Damasco, onde se achava parte do tesouro persa, e então pela conquista de Arvade, Sidon e Tiro, privando assim os persas de seus portos na Fenícia. No Egito Alexandre foi saudado como libertador do país da opressão persa. Sem perder tempo Alexandre voltou para a Ásia, atravessou os rios Eufrates e Tigre, e enfrentou os exércitos de Dario III pela última vez em Arbelas (Gaugamela), não longe da antiga Nínive, em 331 a.C. A derrota do inimigo foi tão completa que Alexandre não teve dificuldade em conquistar as cidades de Babilônia, Susã, Persépolis e Ecbatana em rápida sucessão. Nos anos seguintes seu exército penetrou através d0 território inimigo até a fronteira da Índia. Nunca tanto território foi conquistado em tão pouco tempo. Sonhando, enquanto residia em Babilônia, com a conquista da Arábia, Alexandre morreu em 323, quando tinha apenas 33 anos.
A divisão do império de Alexandre entre seus generais é indicada pelas 4 cabeças do leopardo. Estas encontram seu paralelo nos 4 chifres do bode peludo de Daniel 8:8, 21 e 22, o qual é interpretado pelo anjo como sendo o reino ou rei da Grécia, e os quatro chifres simbolizando os 4 reinos que o sucederam. A questão a ser decidida agora é se o império devia permanecer unido sob Antígono e Demétrio, ou dividido entre os 4 generais de Alexandre. A decisão foi feita pela batalha de Ipso em 301 a.C., na qual Antígono perdeu a vida. Como resultado dessa batalha o Império de Alexandre foi desmembrado: Ptolomeu conservou o Egito, a Palestina, e parte da Síria; Cassandro recebeu a Macedônia; Lisímaco ficou com a Trácia e uma parte da Ásia Menor, e Seleuco herdou a parte oriental do Império, incluindo partes da Síria e da Ásia Menor. O poderio destes reinos e suas fronteiras respectivas variaram durante os séculos, mas a grosso modo o símbolo das “quatro cabeças” é bem apropriado para descrever as várias partes do Império de Alexandre até sua absorção gradual por Roma.”2
“Os planos proféticos de Daniel se relacionam num esquema de repetição e desdobramento enfáticos, o capítulo 7 não repetirá alguns detalhes do 2, mas acrescentará outros, indispensáveis para a obtenção de um vislumbre mais ampliado do grandioso propósito de Deus para este mundo.”1
“A sucessão dos impérios representados pelos animais ocorre em um contexto de poder que se amplia. Os dois primeiros animais simbolizam dois impérios orientais (Babilônia e Medo-Pérsia), que exerceram o domínio apenas no oriente, o segundo, numa extensão territorial maior que a do primeiro. Por sua vez, os dois animais seguintes apontam para impérios ocidentais (Grécia/Macedônia e Roma), cujo domínio avançou também para o oriente, o segundo em amplitude de tempo e espaço mais significativa. Sendo assim, um crescendo de domínio de império para império é observado. Os últimos se tornam mais mundiais que os primeiros. […] Como somos abençoados por saber que Deus não só está no controle, mas que, não importa o que aconteça aqui e agora, finalmente, Ele vai estabelecer Seu reino eterno!”3
“Esse crescendo de domínio territorial vai reunir as condições favoráveis para as pretensões do anticristo num futuro próximo, pois, de alguma forma, esse poder estará associado àquele que no passado exerceu maior domínio territorial. As profecias do Apocalipse revelam claramente que a besta que emerge do mar terá autoridade sobre todo o mundo, e daí receberá apoio em sua nefasta obra de combater a Deus e a Seu povo (Apocalipse 13: 3, 7, 8, 12, 14 e16). Esse poder apocalíptico é o mesmo representado pelo “chifre pequeno” de Daniel 7.
Existe um importante paralelo entre Daniel 2 e Daniel 7 que não devemos perder. Em Daniel 2, o ferro, o quarto poder, surgiu depois da Grécia (vs. 32, 33, 39-45) e, embora tomando outra forma, permaneceu até o fim. Só foi destruído quando Deus instalou Seu reino.
Em Daniel 7, com o quarto animal, o quarto poder, acontece a mesma coisa. O quarto animal, que surgiu depois da Grécia (vs. 6 e 7), permanece até o fim do tempo (embora sob outra forma), quando é destruído no estabelecimento do reino eterno de Deus (vs. 19-27).
Deste modo, tanto em Daniel 2 como em Daniel 7, o quarto poder, que surgiu depois da Grécia, permanece até o fim do mundo.”1
À minha mente veio agora a imagem de uma grande colcha de retalhos. A História da humanidade vista numa dimensão bíblica é como uma colcha de retalhos que vai costurando os pequenos pedaços até compor o todo.
Somos os agentes da história, mas Deus tem alinhado o nosso fazer da história ao cumprimento da Sua Palavra. Exatamente porque o controle da História Lhe pertence. A grande maioria das frustrações humanas em relação a vida e toda a sua complexidade seria resolvida se de fato essa autoridade de Deus fosse reconhecida pela humanidade.
Foi assim desde o princípio da nossa história.
Se Eva tivesse isso em seu coração e mente, não teria desconfiado da palavra de Deus e não teria cedido a um qualquer que de repente lhe apareceu propondo um novo conceito de ‘verdade’. Se Caim tivesse discernido sobre a soberania da autoridade divina, não teria comparecido diante de Deus, no exercício de seu relacionamento com Deus, de uma maneira segundo o seu próprio conceito. Isto é, se apresentando diante de Deus de forma arrogante, segundo o seu querer e conveniência. O mundo não teria sido destruído por um dilúvio se a humanidade daquela época não tivesse sido tão má, tão corrompida e corruptora em sua moral!
Abraão, Jacó, Sansão, Davi e muito outros poderiam ter agido de outra forma. Com certeza Deus está no controle a despeito de toda a nossa liberdade de agir.
Os judeus durante muito tempo aguardaram o dia em que o Messias chegaria para estabelecer Seu Reino. Eles viram com os próprios olhos o Messias e tiveram, através de Suas palavras e atos, vislumbres da natureza e essência desse Reino. Mas, como esperavam por um Messias à sua maneira, não O perceberam diante de seus próprios olhos. Por isso, Jesus lhes disse: “O reino de Deus não vem com aparência exterior;” (Lucas 17:20).
Mas, para Seus discípulos Ele disse que havia o “mistério do Reino de Deus” (Marcos 4:11). O mistério era este: o Reino de Deus cumpriu-se na História antes de sua manifestação final e triunfante. Cumpriu-se entre eles, embora ainda não tivesse se consumado entre eles. Essa consumação final do Seu Reino viria com o Messias em glória.
Nosso próximo tema será sobre o Quarto animal de Daniel 7. Continuaremos nosso estudo até chegarmos ao anúncio da vinda gloriosa do Reino de Deus.
* Indicamos este vídeo para complemento de sua reflexão e estudo sobre a tomada de Jerusalém. O tema começa no tempo: 12:15.
Ruth Alencar
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2- Siegfried J. Schwantes
3 José Carlos Ramos, Diretor de Pós-Graduação do Unasp-EC
– Conversando sobre o Livro de Daniel
– por Ellen White , Profetas e Reis, Capítulo 35
– por Ruth Alencar com texto base de Luiz Gustavo Assis e vídeos da Tv Novo Tempo
– por Ruth Alencar com comentários de Flávio Josefo e Edward J. Young
– por Ruth Alencar
– por Ruth Alencar com comentários de Flávio Josefo
– por Ruth Alencar
– por Ruth Alencar com comentário de Siegfried J. Schwantes
. Uma Introdução ao Livro de Daniel (parte 2) (Siegfried J. Schwantes)
. capítulo 1
. capítulo 2
. Revelação e explicação do sonho de Nabucodonosor (com Comentário de Siegfried J. Schwantes)
. O Reino da Pedra
– por Ruth Alencar
– por Ruth Alencar
– por Ruth Alencar
. capítulo 3
– por Ruth Alencar com comentário de Siegfried J. Schwantes
. Um pouco mais sobre a Mensagem de Daniel 3
– comentários de C. Mervyn Maxwell e Ellen White
. capítulo 4
– comentário de Siegfried J. Schwantes
– por Ruth Alencar com comentários de C. Mervyn Maxwel, Urias Smith e Dr. Cesar Vasconcellos de Souza
. capítulo 5
– por Ruth Alencar com comentários de Siegfried J. Schwantes e C. Mervyn Maxwel
. capítulo 6
– comentários de Siegfried J. Schwantes e C. Mervyn Maxwel
. capítulo 7
– comentários de Siegfried J. Schwantes e C. Mervyn Maxwel.
– por Ruth Alencar
– com comentários de Siegfried J. Schwantes e José Carlos Ramos
– por Ruth Alencar
– com comentários de Siegfried J. Schwantes e José Carlos Ramos
– por Ruth Alencar
– com comentários de Siegfried J. Schwantes e José Carlos Ramos
– por Ruth Alencar
Continuando nossos estudos sobre Daniel 7
– por Ruth Alencar
. capítulo 8
– com comentários de Siegfried J. Schwantes e C. Mervyn Maxwel
Continuando nossos estudos sobre Daniel 8
– por Ruth Alencar
. capítulo 9
– com comentários de Siegfried J. Schwantes
– por Matheus Cardoso
. capítulo 10
. Daniel 10: O Conflito nos Bastidores
– Comentário de Siegfried J. Schwantes
. capítulo 11
– Comentário de Siegfried J. Schwantes
. capítulo 12
. Daniel 12 : O Tempo do Fim – Parte 1– Por Siegfried J. Schwantes