por Pr. Josimar Rios
O sono é uma necessidade básica do ser humano. Para dormir bem há vários requisitos como fazer refeições leves a noite, deixar de pensar em problemas, usar colchão confortável que alinhe a coluna cervical com o tronco, diminuir ou eliminar iluminação e barulho, mas também convém ter um bom travesseiro. Há pessoas que gostam de travesseiros altos, outras preferem os baixos, macios, mais duros, etc. O mercado oferece vários tipos de travesseiros: penas de ganso, espuma da NASA, fibra, microfibra, poliéster siliconada dentre outros. A oferta está esteada nas principais promessas de serem macios, flexíveis, moldáveis, leves, se ajustarem facilmente ao formato da cabeça e ativarem a circulação sanguínea.
As duas principais menções de travesseiro na Bíblia o colocam como um lugar de consulta ao coração (Salmo 4:4) e símbolo de dependência e segurança do Senhor (Marcos 4:38).
“Irai-vos e não pequeis; consultai com o vosso coração em vosso leito, e calai-vos.” (Salmo 4:4)
“Ele, porém, estava na popa dormindo sobre a almofada; e despertaram-no, e lhe perguntaram: Mestre, não se te dá que pereçamos?” (Marcos 4:38).
Mas, quem gostaria de ter sob a cabeça um travesseiro de pedra? Em Gênesis 28:11 lemos que Jacó fugiu de Berseba em direção a Mesopotâmia, dormiu ao relento e usou uma pedra por travesseiro. Mas pedras não dão bons travesseiros. Jacó estava nessa situação por sua própria conta, pois ardilosamente havia explorado a cegueira de seu pai e enganado duas vezes seu irmão. Deus escolheu Jacó entre os dois filhos de Isaque para receber a bênção de Abraão. Mas, ao que parece, Jacó quis dá uma “força” pra Deus quando regido pela equivocada concepção de que o fim justifica os meios tentou criar a maneira e o momento do recebimento da promessa. O terrível mal do imediatismo sempre leva o homem a manipulação do sagrado. Jacó não esperou o pontual horário do relógio da providência divina. Mas, o que isso lhe valeu? Estava isolado, desamparado e com o peso do pecado que tinha cometido.
Assim como Jacó toda pessoa pode, circunstancialmente, usar um travesseiro de pedra quando sozinha reflete profundamente nas insensatezes que cometeu, falou ou anuiu. Quando se encontra consigo mesma e conclui que conseguiu enganar ou esconder algo de todo mundo, mas não de si mesma. No fundo, sabe ser hipócrita, prepotente, egoísta, soberba, orgulhosa, traidora, exibicionista, arrogante, falsa, lasciva, leviana, etc. Assim a consciência não descansa confortavelmente, pois se reclina num circunstancial travesseiro de pedra e a sensação é de condenação e fracasso.
Após reclinar a cabeça sobre o travesseiro de pedra e dormir, Jacó sonhou que uma escada era posta na Terra cujo topo tocava o céu e anjos subiam e desciam por ela. Apesar dos deslizes e imerecimento, a manifestação sobrenatural a Jacó era uma garantia, da parte de Deus, de que a promessa de recebimento da terra e uma descendência forte e abençoada seriam cumpridas. Talvez, o único ponto positivo para o homem ao usar um circunstancial travesseiro de pedra é o de que tal situação é o ponto de maior incentivo para o abandono do salto alto da confiança própria e soberba. Em muitos casos, o ser humano só deixa de olhar para o “próprio umbigo” quando está na sarjeta, pois no fundo do poço da impotência humana é dissipada a nevoa da dependência dos próprios métodos e recursos para se enxergar Jesus, a única escada capaz de tirar alguém do abismo sem fim dando-lhe acesso ao céu. Apesar dos lapsos, Deus estava a todo tempo junto a Jacó (Gênesis 28:16).
“Ao acordar Jacó do seu sono, disse: Realmente o Senhor está neste lugar; e eu não o sabia.”
O Senhor sempre está perto de seus filhos, mesmo quando ludibriam a mente com a escusa de impunidade por estarem longe de tudo e de todos e secretamente cometem pecados; mesmo quando se sentem bastardos na casa de oração; mesmo quando estão imobilizados, espiritualmente, pela própria consciência que afere toneladas de culpas ou quando se sentem um caso perdido. A companhia divina também se faz presente quando feridos, traídos, desprezados, humilhados, desertados pela família ou pelos amigos.
Se o homem se agarrar ao Senhor se apossando do penhor do cabal cumprimento da promessa de habitação na Canaã Celestial pelos méritos de Cristo, viverá intensamente a noção da presença e guia do Espírito Santo. A partir de então sua experiência com Deus será radicalmente diferente. Haverá maior dependência, o Senhor será mais sentido e percebido. O resultado será mais temor e respeito a Deus e Seus assuntos.
Cristianismo não se limita a uma atitude comportamentalmente pontual, geralmente vivida entre quatro paredes de um templo, mas, por ser um estilo de vida, se propõe ser uma conduta linear de imitação e reprodução das virtudes de Cristo. Que o uso do circunstancial travesseiro de pedra, por cada filho de Deus, seja o instrumento de unção do céu para verdadeiramente torná-lo submisso e dependente de Deus e independente da autossuficiência.
Pr. Josimar Rios Oliveira
Amei seu texto pastor Josimar… muito obrigada por ter pensado em nós.
Muito obrigada por essa mensagem-conselho. Há uma riqueza muito grande na verdade que vc nos transmite através dessas palavras: "Que o uso do circunstancial travesseiro de pedra, por cada filho de Deus, seja o instrumento de unção do céu para verdadeiramente torná-lo submisso e dependente de Deus e independente da auto-suficiência."
Faz grande diferença quando compreendemos a soberania de Deus em nossas vidas.
Sim… as pedras falam… ainda que estejamos sob o efeito do sono da mornidão ou da frieza!
Louvado seja Deus por Sua misericórdia e amor. Louvado seja Deus por nos ver como somos e desejar operar através de nós como instrumentos Seus.
Louvado seja Deus por permitir que provas ainda que difíceis nos sobrevenham. Louvado seja Deus por estar conosco ainda que não mereçamos!
Um grande abraço e que Deus abençoe seu lar.
Estou ficando cada vez mais vaidoso. Uma vez quando ouço uma pregagação. Outra quando leio – por exemplo – texto como este. Só falam de mim. Que importante !
Obrigado
Amei profundamente este texto irmão. Já perdi as contas… tantos foram e são os meus travesseiros de pedra…
Pensei em Davi e em toda sua história. Que exemplo de grande pecador perdoado! Só alguém que experimentou a superabundância da graça pode exprimir tal oração:
"Confessei-te o meu pecado, e a minha iniqüidade não encobri. Disse eu: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a culpa do meu pecado." Salmo 32:5
Penso que há uma mensagem central no processo do perdão: Deus nos perdoa para assim termos condição de perdoar os outros e a nós também. Não podemos jamais dar verdadeiramente se não possuímos.
Por outro lado, há uma pedagogia muito grande no cair. Aprendo a ser humilde e misericordioso com relação ao meu próximo.
A experiência de Jacó é realmente algo que todos nós precisamos refletir…
Amigo Pastor Josimar,
Preciosas palavras Deus tem depositado em sua pessoa como Seu instrumento. Para mim, uma valiosa interpretação do verdadeiro sentido de deitarmos sobre um travesseiro de pedra.
Excelente texto e, lembrando, excelente sermão, quando ainda na IASD Aldeota.
Grande abraço,
Mairo Rommel
Ele nos deixou saudades não é Mairo…