O escritor Christopher Hitchens, que faleceu recentemente de câncer, em seu livro “Deus não é grande” fez uma crítica às principais religiões com seu ateísmo afiado. Para Hitchens a religião é a fonte de toda a tirania. Neste livro o leitor encontra um debate entre Hitchens e Douglas Wilson, teólogo liberal. Seu argumento é o de que muitas perversidades foram cometidas em nome da religião.1
No prefácio escreve John Goldberg: “A história do cristianismo não é absolutamente imaculada, conforme Christopher Hitchens deixa claro e Douglas Wilson admite, mas o cristianismo pelo menos oferece instrumentos para condenar os que praticam o mal em seu nome. Há muitos ismos ‘seculares’ que não têm condições de alegar o mesmo. Eles precisam – ou preferem – simplesmente redefinir o mal como deslealdade para com a Causa, ao passo que todo mal praticado em prol da Causa é considerado ato de heroísmo. Com toda a certeza, o cristianismo teve seguidores que agiram perversamente em nome de Deus. Mas, pelo menos, ele cultiva uma consciência moral pela qual os homens podem tentar olhar para seus atos com os olhos de um Deus de amor. Diante de algumas alternativas, esse princípio de organização dificilmente parece ser o pior para a humanidade.”
Como bem disse o cristão Norbert Huguede: “O mal é imenso. O sofrimento está em todos os lugares. A escutar o clamor existente ao nosso redor, sentimos a angústia universal da tristeza humana. […] Protesto contra a indiferença. Protesto contra o desespero. Quero falar diretamente aos que não têm fé e lhes dizer que Deus não é a causa, não importa o que tenha sido dito, ao contrário, se tivéssemos dado um pouco mais de atenção a Ele ao invés de representarmos com nossas grandes demonstrações de religião, certamente não estaríamos nesta situação. […]
Precisamos retornar à autoridade da Bíblia. […] Nós também confundimos Deus e os homens. […] Falamos muito numa linguagem intelectual, mas tem nos faltado a simplicidade da fé. […] O que é necessário ao cristianismo é procurar nas Escrituras, e não em outro lugar, o fundamento de nossa fé. Quase sempre, por muito tempo, o homem tem falado no lugar de Deus, e nunca veio coisa boa. Por isso, vemos o mundo cristão dividido em doutrinas.”2
Esta semana meu esposo me disse uma frase que muito me fez refletir: “a culpa disto tudo é a distância entre o que se diz e o que se faz.” Conversávamos sobre os princípios do Cristianismo e o agir dos cristãos. Para ser mais fiel, falávamos sobre o nosso comportamento como cristãos. Conversávamos sobre alguns artigos que eu li sobre o esvaziamento dos templos cristãos na Europa e a apatia do mundo atual ante a religião.
Ty Forrest Gibson e Jalmes M. Rafferty refletindo sobre a Igreja militante e triunfante escreveram: “Sua missão de proclamar o Evangelho eterno a toda a nação, tribo, língua e povo é o último esforço do Céu para alcançar e salvar os perdidos. Ela é o último apelo da verdade e da misericórdia lançada ao mundo antes do término do tempo da graça. Segundo a profecia bíblica, esta igreja deve triunfar, embora seja severamente atacada pelo adversário.”3
“Irou-se o dragão contra a mulher e foi pelejar com os restantes da sua descendência, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus; e se pôs em pé sobre a areia do mar.” (Apocalipse 12:17)
Aqui me dirijo a todos os que se identificam com esta Igreja. A ordem de Jesus para a missão de proclamar o Evangelho foi dada não somente aos discípulos do Seu tempo. Mas, a cada um de nós também que portamos o nome de Cristãos. Sim, há algo tremendo, uma experiência sobrenatural que nós, Igreja do Senhor, precisamos considerar e viver. Entretanto, para que isto se torne realidade, necessário se faz compreendermos que “a Igreja sobre a terra não é perfeita. A Igreja militante não é a Igreja triunfante. A terra não é o Céu. A Igreja é composta de homens e de mulheres sujeitos a erros, os quais terão necessidade de paciência, esforços perseverantes e que desejarão ser instruídos, treinados e disciplinados pelo preceito e exemplo, para cumprir de boa vontade sua missão nesta vida e serão coroados de glória e de imortalidade na vida futura.” (Manuscript Releases, vol. 9, p. 154)
“Os membros da Igreja militante que terão provado sua fé tornar-se-ão a Igreja triunfante.” (Evangelismo, p. 707)
“É verdade, Deus tem uma Igreja, mas é mais verdade ainda compreendermos que a Igreja tem duas fases distintas na existência e experiência. Agora ela é a Igreja militante. […] Em sua fase de Igreja militante, ela se compõe de Videiras e Sarças. […] Ela é a arena de ‘duas forças oponentes’. Enquanto uma experimenta a purificação, outra vive a corrupção. Na Igreja militante há ‘males’ que existem e existirão até o fim dos mundo.”3
Compartilhamos com vocês esta reflexão escrita pelo pastor Batista John Piper, fazemos-lhe o convite para também refletirmos sobre o chamado do Senhor para que vivamos em nossas vidas a missão do Ide.
“O mandamento final de Jesus é que jamais percamos de vista a abrangência global de sua declaração a respeito da raça humana. Jesus não é uma divindade tribal. Ele é o Senhor do Universo. Um dia, todo joelho se dobrará diante dEle, espontaneamente ou não.
“Quando vier o Filho do Homem na sua majestade e todos os anjos com ele, então, se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas em sua presença, e ele separará uns dos outros, como o pastor separa dos cabritos as ovelhas;” (Mateus 25:31-32)
[…] O mandamento é que seus seguidores alcancem todas as nações, obedecendo a tudo o que Ele ordenou: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.” […] Este é o significado de fazer discípulos: não apenas levá-los a professar a fé, mas a obedecer a tudo o que Jesus lhes ordenou.
[…]Jesus constatará que a missão foi cumprida, mas a responsabilidade está em nossas mãos. Cumprimos nossa responsabilidade pela oração, pela Palavra e pelo sofrimento a favor do nosso próximo. Jesus disse: “A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara.” (Lucas 10:2) Precisamos orar fervorosamente para que Deus faça o que prometeu fazer. As promessas não tornam as orações supérfluas: garantem as respostas.
Precisamos, pois abrir a boca e proclamar a verdade de Jesus a todas as nações: “O que vos digo às escuras, dizei-o a plena luz; e o que se vos diz ao ouvido, proclamai-o dos eirados.” (Mateus 10:27).
“Respondeu-lhe o senhor: Sai pelos caminhos e atalhos e obriga a todos a entrar, para que fique cheia a minha casa.” (Lucas 14:23).
“Digo-vos que, assim, haverá maior júbilo no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.” (Lucas 15:7).
Não devemos nos envergonhar, porque Jesus diz: “Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus; mas aquele que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus.” (Mateus 10:32-33).
Finalmente, todas as vezes que orarmos e falarmos devemos estar prontos para sofrer. “Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio.” (João 2o-21). Jesus veio para sofrer. Não seremos capazes de fazer discípulos de todas as nações sem carregar nossa cruz e sem acompanhar os passos de Jesus no caminho do Calvário, do sacrifício feito com amor (Marcos 8:34). Essa é a luz de Jesus que o mundo pode ver mais claramente.
Jesus não nos chama para uma vida fácil nem para uma missão fácil: “Antes, porém, de todas estas coisas, lançarão mão de vós e vos perseguirão, entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, levando-vos à presença de reis e governadores, por causa do meu nome; e isto vos acontecerá para que deis testemunho.” (Lucas 21: 12-13). O sofrimento não será em vão. No curto prazo, sempre será uma ocasião de apresentar a realidade de Jesus. No longo prazo, nos conduzirá à vida eterna, “Quem quiser, pois, salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por causa de mim e do evangelho salvá-la-á.” (Marcos 8:35).
Portanto, em todo o seu sofrimento para levar adiante a missão de Jesus, você receberá mais e mais recompensas:“Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós.” (Mateus 5:11-12). Esta recompensa é a alegria da companhia gloriosa e inexaurível de Jesus para todo o sempre.”4
Jesus nos ordenou levarmos a um mundo confuso a Sua mensagem. Para cumprirmos essa missão teremos que primeiramente nós mesmos sermos luzes. Professarmos a fé implica vivermos em consequência, doutra forma nossa mensagem será apenas um mero discurso.
Como cristãos que argumentos diremos diante de pensamentos tais como:
“Entre os responsáveis pelo massacre [do 11/09], Deus também estava na lista. Se a religião não existisse, o fanatismo jamais teria voado até Nova York. A religião destrói tudo. A história da religião é a história da desgraça humana.” (Christopher Hitchens)
“Tudo pode ser perigoso quando levado ao extremo: a fé; a raça; a nação; o amor; o futebol; a estupidez. […] Só um ingênuo acredita, por exemplo, que o problema israelo-palestino é uma contenta religiosa entre extremistas. A história, a política e as ideologias que sacudiram o Oriente Médio (desde, pelo menos, a queda do Império Otomano) tiveram uma palavra maior. […] A história da arte no Ocidente é indissociável da herança judaico-cristã que a contaminou. Eu, pessoalmente, só vejo um caminho: lançar na fogueira todas as obras que transportem resquícios religiosos.” (João Pereira Coutinho)
Temos questões importantes a nos fazermos. Temos respostas importantes a dar ao mundo, mas necessário se faz que as tenhamos para nós mesmos em primeiro lugar. Jon Paulien em seu livro Deus no Mundo Real faz algumas dessas importantes questões:
1- Qual é o fundamento da fé cristã?
2- Como podem os elementos básicos do evangelho ser expressos de modo a fazer sentido no ambiente secular?
3- Como as pessoas se relacionam corretamente com Deus?
4- Por que desejaria alguém ter um relacionamento com Deus?
5- O que significa relacionar-se com alguém que você não vê, não ouve, não toca?
6- Como posso conhecer verdadeiramente a Deus num mundo real?
7- Deus ainda se comunica diretamente com pessoas nos dias de hoje?
8- Como andar verdadeiramente com Deus de um modo que faça diferença no mundo atual?
9- Que diferença faz conhecer a Deus?
“Somente quando conhecemos e experimentamos o evangelho por nós mesmos é que poderemos esperar exercer algum impacto significativo sobre a vida de pessoas de mente secular.”5
Finalizando, deixo para reflexão: “A fé cristã é boa para a humanidade porque fornece o padrão fixo que o ateísmo não consegue fornecer e porque proporciona perdão dos pecados, algo que o ateísmo também não pode dar. Precisamos da direção de um padrão porque somos pecadores confusos. Precisamos do perdão porque somos pecadores culpados. O ateísmo não apenas conserva a culpa, mas também mantém a confusão.” (Douglas Wilson)
Referências
1-http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2011/12/morre-christopher-hitchens-autor-de-deus-nao-e-grande.html
2- Norbert Hugede, “Le Christ Oublié “ (O Cristo Esquecido) Fontenay – aux – Roses (07.1960)
3- Ty Forrest Gibson e Jalmes M. Rafferty, “Epreuves et Triomphe de l’Église du Rest” (Provações e Vitórias da Igreja do Resto)
4- John Piper, “O Que Jesus Espera de seus Seguidores: Mandamentos de Jesus ao Mundo”, Editora Vida
5- Jon Paulien, “Deus no Mundo Real: segredos para viver o cristianismo na sociedade moderna”, CPB.6- http://www.criacionismo.com.br/2010/05/o-cristianismo-e-bom-para-o-mundo.html
Ruth Alencar