Agradecemos a Inês Hart a indicação de leitura do livro “A HISTÓRIA dos HEBREUS de Abraão à queda de Jerusalém.” Este livro foi escrito pelo historiador judeu Flávio Josefo, traduzido por Vicente Pedroso e publicado pela Casa Publicadora das Assembleias de Deus. Estando o mesmo disponibilizado gratuitamente neste site aqui.
Consideramos a Bíblia, de maneira especial o Antigo Testamento, uma grande fonte de conhecimento histórico. Concordo com Inês quando diz que o estudo do livro de Daniel é enriquecido quando traçamos um paralelo com a história dos hebreus. Isto é indispensável.
É de Claudionor Corrêa de Andrade1 o texto que pegamos emprestado para compartilhar com nossos leitores.
“Flávio Josefo é considerado um dos maiores historiadores de todos os tempos. Acha-se ele, devido à sua importância não somente aos judeus, mas também a toda a humanidade, ao lado de Herodoto, Políbio e Estrabão. Embora não fosse profeta, e apesar de não contar com a inspiração dos escritores bíblicos,” nesta obra literária, “mostra-nos ele claramente como as profecias do Antigo Testamento cumpriram-se na vida dos filhos de Abraão.
O que isto vem demonstrar? Que a história, qual solícita e amável serva dos desígnios divinos, tem como função realçar a intervenção do Todo-Poderoso nos negócios humanos. Vejamos, a seguir, como podemos definir a história. No Dicionário Teológico, assim a conceituamos: “A palavra história é de origem grega. Vem de histor. Aquele que sabe, que conhece, conhecedor da lei, juiz.” Aprofundando-nos um pouco mais em sua etimologia, descobrimos que este vocábulo origina-se da raiz de um termo que significa conhecer: “id”.
“Cientificamente, a História pode ser definida como a narração metódica dos principais fatos ocorridos na vida dos povos, em particular, e na vida da humanidade, em geral. “Usada pela primeira vez por Herodoto (484-425 a.C), tinha a palavra história as seguintes conotações: informação, relatório, exposição. Na mesma obra, discorremos ainda sobre a função da história:
“David Ben Gurion lia regularmente a História Universal. Por causa deste seu compromisso com o estudo das antigas civilizações, conforme disse, certa vez, ao escritor brasileiro, Érico Veríssimo, não tinha tempo para outros entretenimentos. Se pudéssemos perguntar ao fundador do Estado de Israel o porquê desta sua preferência, certamente responder-nos-ia com estas palavras de Cícero: “Ignorar… o que aconteceu antes de termos nascido equivale a ser sempre criança”. Como um estadista não se deve portar infantilmente, punha-se Ben Gurion aos pés da História para não repisar as asneiras passadas.
Desgraçadamente, bem poucos foram os governantes que se dedicaram ao exame do pretérito. Eis porque são tão lamentáveis nossas crônicas; e, nossas memórias, tão cruentas.
Que lições de História assimilou Napoleão? Apenas aquelas que contavam as glórias de Alexandre? E, Hitler? Limitou-se a circunscrever-se às efemeridades do Império Romano? Isto é aprender História? Não! É repetir as idiotices de ontem com o nariz enterrado no dia anterior.
Sendo didática a função primordial da História, com ela aprendemos a olhar o mundo de forma retrospectiva e perspectiva. Para que o primeiro olhar seja límpido, é mister que comecemos a estudar a História Universal pelas Sagradas Escrituras. Afinal, teremos de responder a algumas perguntas que, embora simples, não deixam de ser complexas e intrincadas àqueles que ignoram os escritos hebreus e cristãos.
Eis as perguntas que tanto nos desafiam: Quem criou o Universo? Quem foram nossos primeiros pais? Proviemos todos de um mesmo tronco genético? E: Foi realmente Deus quem nos criou? Das respostas a estas indagações é que se formarão nossas filosofias de vida e de governo.
Quanto ao segundo olhar, é desnecessário dizer que ele depende essencialmente do primeiro. Só conseguiremos trafegar com segurança, se os nossos retrovisores não estiverem quebrados. Doutra forma: atropelaremos o futuro por não perceber que o presente é uma estrada de mão dupla; e, que os semáforos desta via tão irregular, nem sempre funcionam. Quando funcionam, o verde passa para o vermelho sem nenhuma contemplação. Mas quem aprende com a História Sagrada; e, da História Universal, faz-se discípulo (ambas são regidas pelo Altíssimo) sabe avançar e parar. Quando necessário, espera. Isto é aprender História: estar com os olhos no futuro, com o espírito no pretérito, e com o coração sempre presente.
O historicismo, porém, desconhece por completo a ação de Deus na história. Vejamos, em primeiro lugar, o que vem a ser esta filosofia. O historicismo é a “filosofia que ensina estarem todos os acontecimentos e fatos humanos condicionados pelas circunstâncias históricas. Desta forma, a religião, a moral e o direito nada mais são do que resultados dos vários processos e movimentos da história. Como se vê, este método torna as coisas relativamente perigosas, inclusive a religião e a moral, induzindo o ser humano a deixar de lado os valores absolutos, a fim de se apegar às circunstâncias”
Quando a história é fielmente relatada, afigura-se-nos ela como algo além da história; poderíamos denominá-la, sem cometermos qualquer exagero, como a História da Salvação. Recorramos, uma vez mais, à obra já citada: “A História da Salvação é ação redentiva de Deus no contexto da História, conduzindo amorosa e providencialmente os filhos de Adão a usufruírem do sacrifício vicário de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Jesus é o personagem central da História da Salvação, que compreende quatro momentos distintos: o Antigo Testamento, o Novo Testamento, a História da Igreja de Cristo e a consumação de todas as coisas.
Num sentido mais amplo, a História da Salvação compreende toda a História Universal; pois esta, à semelhança daquela, também é comandada por Deus. Num sentido mais estrito, a História da Salvação é o conjunto dos fatos que compõem a vida e o ministério de Nosso Senhor Jesus Cristo, que culminaram com a Sua morte e ressurreição”.”
A obra de Flávio Josefo, “A HISTÓRIA dos HEBREUS de Abraão à queda de Jerusalém”, é uma leitura obrigatória aos que desejam conhecer a história judaica, principalmente o período que marcou a segunda maior tragédia dos filhos de Abraão – a destruição do Santo Templo no ano 70 de nossa era. Neste relato, observamos, claramente, como a profecia de Cristo, no que tange à ruína de Jerusalém, cumpriu-se nos mínimos detalhes. Embora Josefo não fosse cristão, demonstrou de forma indireta estarem os cristãos mais do que certos em depositar sua confiança em Jesus de Nazaré.”1
Edward J. Young2 escreveu: “No Monte Sinai, no deserto, o Deus do Céu e da Terra depositou Sua afeição de modo peculiar sobre Israel, escolhendo essa nação para ser Seu povo e declarando que Ele seria Seu Deus. Dessa maneira entrou em relação de concerto com Israel manifestando tal relação por um poderoso ato de livramento. Seu propósito para essa nação é que ela fosse ‘um reino de sacerdotes’ e que Deus fosse seu governante. Assim foi estabelecida a teocracia (governo de Deus). Israel deveria ser uma nação santa, uma luz para iluminar os gentios e dar testemunho do conhecimento salvador do verdadeiro Deus a todos.
Israel, todavia não foi fiel a esse alto propósito. Depois que já se achava por algum tempo na Terra Prometida exibiu insatisfação com os princípios fundamentais da teocracia ao solicitar um rei humano, para que fosse semelhante às nações ao seu derredor. Em primeiro lugar lhe foi dado um homem mau como rei, e então um homem segundo o coração de Deus. Davi, entretanto, era homem de guerra, pelo que foi senão durante o reinado pacífico de Salomão que o templo, o símbolo externo do reino de Deus, foi edificado. Após a morte de Salomão rebelaram-se as tribos do norte, renunciando às promessas da aliança. Dessa ocasião em diante, tanto nos reinos do norte como do sul, a iniquidade passou a caracterizar o povo, pelo que Deus anunciou Sua intenção de destruí-los. (Oséias 1:6; Amós 2: 13-16; Isaías 6:11-12)
Os instrumentos que o Deus soberano empregou para realizar Seu propósito de fazer ponto final na teocracia foram os assírios e babilônicos. Sob o poder dessas nações o povo teocrático foi levado em cativeiro, e o exílio ou período de ‘indignação’ foi iniciado.
“porque daqui a bem pouco se cumprirá a minha indignação e a minha ira, para a consumir.” (Isaías 10:25)
“e disse: Eis que te farei saber o que há de acontecer no último tempo da ira, porque esta visão se refere ao tempo determinado do fim.” (Daniel 8:19)
O próprio exílio foi seguido por um período de expectativa e preparação para a vinda do Messias. Foi revelado que um período de setenta vezes sete tinha sido determinado por Deus para a materialização da obra messiânica.
“Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados, para expiar a iniquidade, para trazer a justiça eterna, para selar a visão e a profecia e para ungir o Santo dos Santos. Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Ungido, ao Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas; as praças e as circunvalações se reedificarão, mas em tempos angustiosos.” (Daniel 9:24-27)
O livro de Daniel, um produto do exílio, serve para mostrar que o próprio exílio não seria permanente. Pelo contrário, a própria nação que havia conquistado Israel desapareceria da cena da história para ser substituída por outra, de fato, por três outros grandes impérios humanos. Enquanto esses impérios estivessem em existência, entretanto, o Deus do Céu erigiria outro reino que, diferentemente dos reinos humanos, seria ao mesmo tempo universal e eterno. O propósito de Daniel, por conseguinte, é ensinar a verdade que, embora o povo de Deus esteja escravizado em uma nação pagã, o próprio Deus é seu soberano e aquele que em última análise dispõe dos destinos, tanto dos indivíduos como das nações.
Essa verdade é ensinada por meio de um rico uso de símbolos e comparações, e o motivo dessa característica se encontra no fato que as revelações feitas a Daniel tiveram a forma de visão. O livro de Daniel, pois, pode assim ser chamado de obra apocalíptica, mas se eleva muito acima dos apocalipses pós-canônicos. A única obra que pode com justiça ser-lhe comparada é o livro neo-testamentário do Apocalipse. Essencialmente, Daniel exibe qualidades de um livro verdadeiramente profético e suas comparações são usadas tendo em vista um propósito didático.”2
Depois de 31 de dezembro de 1992 o mundo não foi mais o mesmo. A unificação comercial dos países europeus afetou de forma clara a vida da grande maioria dos habitantes de nosso planeta. Essas mudanças se deram desde a criação de uma moeda única até a adoção de regras comuns para o comércio e as viagens, por exemplo.
Hoje, a grande verdade é que os países europeus quando formaram esse bloco comercial de mais de 322 milhões de habitantes esqueceram-se de fazer a lição de casa que a história tanto ensina. O paraíso do capitalismo que eles propuseram, antítese do socialismo soviético como sistema econômico, vislumbrava a formação de um novo império econômico. Os que conceberam o Mercado Comum Europeu tinham na mente a criação de um só país: os Estados Unidos da Europa.
Cometeram os mesmos erros históricos e agora amargam uma crise financeira preocupante. Sendo mais preocupante ainda o que poderá ser o resultado das medidas paliativas que provavelmente tomarão. A verdadeira mudança passa pelo ser humano e é muito difícil crermos que as mudanças da regra do jogo econômico e político possam fazer o efeito desejado sem que haja alteração na natureza humana. E é aí que penso na importância indispensável da presença de Deus nos negócios humanos.
Falam em religião nesta crise, mas falar de religião não é o mesmo que falar de Deus. Eles querem impor mudanças, mas não abrem mão de permanecerem no controle. Daí não será difícil um futuro com dificuldades espirituais para aqueles que decidirem deixar suas vidas nas mãos de Deus e submeterem suas vontades em direção ao centro da vontade de Deus.
Todo esse movimento em direção a um poder central, único, como querem os líderes mundiais e são apoiados politicamente por lideranças religiosas, é um presságio da proximidade do reino da pedra lançada não por mão humana como evoca a profecia de Daniel?
As profecias escritas no livro de Daniel são claras. Depois do 4º império o que virá é o Reino de Deus. Não tenho dúvidas de que Deus cumprirá o que determinou em Suas palavras a Daniel, reveladas no sonho do rei babilônico Nabucodonosor. Não tenho dúvidas porque historicamente tudo se cumpriu até aqui.
Por um instante é conveniente que observemos os acontecimentos com um olhar apurado para o estudo da Bíblia. Creio que vivemos os últimos atos do grande drama universal. Os homens, em sua ambição, continuam insistindo em sua ousadia de instituir o que Deus predisse que não acontecerá e não podemos permanecer como simples espectadores. Devemos decidir se perecemos com a presente ordem das coisas, regida pelo Mal, ou se viveremos para sempre sob a égide da promessa do único e legítimo quinto império universal.
“Quanto ao que viste dos pés e dos artelhos, em parte, de barro de oleiro e, em parte, de ferro, será esse um reino dividido; contudo, haverá nele alguma coisa da firmeza do ferro, pois que viste o ferro misturado com barro de lodo. Como os artelhos dos pés eram, em parte, de ferro e, em parte, de barro, assim, por uma parte, o reino será forte e, por outra, será frágil. Quanto ao que viste do ferro misturado com barro de lodo, misturar-se-ão mediante casamento, mas não se ligarão um ao outro, assim como o ferro não se mistura com o barro. Mas, nos dias destes reis, o Deus do céu suscitará um reino que não será jamais destruído; este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos estes reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre,” (Daniel 2:41-44)
É importante conhecermos e sabermos o que a Bíblia diz. E, um excelente passo é estudarmos o livro de Daniel. Sobre o plano pessoal, você e eu devemos nos fixar em conhecer sobre qual fundamento repousa nosso destino.
Continuaremos…
Referência:
1- Flávio Josefo, “A HISTÓRIA dos HEBREUS de Abraão à queda de Jerusalém”. Casa Publicadora das Assembléias de Deus.
2- Edward J. Young, P.H.D., Professor do Antigo Testamento do Westminster Theological Seminary, Filadelfia, USA., Daniel.
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Ruth Alencar