por Leonardo Herrmann1
Filosofia é uma palavra que costuma assustar muita gente. Geralmente associa-se filosofia a uma matéria chata onde se estudam homens velhos que escrevem em tantos termos estranhos e desconhecidos que parecem falar outra língua. Apesar de infelizmente algumas pessoas no meio acadêmico pensarem exatamente dessa forma e se esforçarem ao máximo para tornarem seus textos o mais indecifráveis que puderem, a filosofia é (e deve ser) uma ciência prática, útil e presente no dia a dia de toda e qualquer pessoa.
Filosofar é pensar, e pensar é algo que não passamos um dia sem fazer. A filosofia está presente na religião que professamos, nas atitudes que tomamos, nos políticos que elegemos, nos jornais que lemos e mais uma centena de coisas que se passam conosco durante o curso da vida. Quando votamos em um candidato de esquerda, estamos filosoficamente alinhados com pessoas que acreditam que o coletivismo é um caminho melhor para a prosperidade do país, enquanto que votar em um candidato liberal mostra que acreditamos na livre-iniciativa individual como caminho mais acertado e estamos filosoficamente alinhados a outra corrente de pensamento.
Poderia prosseguir com outros exemplos em praticamente todos os aspectos da nossa vida, desde o social até o religioso, mas não é exatamente o objetivo do presente texto. Essa pequena introdução serve apenas para ilustrar a importância da filosofia e argumentar que apesar de sua aparente complexidade e dificuldade, ela é na verdade útil, presente, prática e perde muito quem não se demora um pouco em aprender com ela.
Como não poderia deixar de ser, a política também é um assunto que não foge do interesse dos filósofos. Toda decisão que tomam os políticos nos afetam diretamente para bem ou para mal, e tudo o que nos afeta deveria estar sempre em nosso pensamento. Em toda a história temos registros de pessoas que pensaram na autoridade e no poder, em reis e súditos, presidentes e eleitores e como todos esses fatores se relacionam e formam a realidade política. Desde antes de Platão e Aristóteles vemos pessoas propondo diferentes formas de governo e de que maneira deve se organizar o poder para atingir o máximo de progresso do estado e o bem-estar entre as pessoas. Porém de todos esses pensadores, quero discutir apenas um, que no curso da história é considerado o “primeiro dos pensadores políticos modernos”. Trata-se de Maquiavel e de sua obra mais famosa, intitulada O Princípe.
O nome Maquiavel não nos é estranho e deu origem a um termo conhecido que é muito empregado quando queremos nos referir a uma pessoa inescrupulosa, fria e calculista, ou seja, maquiavélica. Mas a palavra não se originou na personalidade e fama do pensador, mas na natureza do seu pensamento político e para começar a entendê-lo vamos voltar à Itália do século XVI para saber o que levou Maquiavel a escrever O Príncipe.
No século XVI a Itália era muito diferente do que conhecemos hoje. Não era um país com unidade política e fronteiras bem definidas, mas antes, várias cidades que disputavam territórios entre si e faziam o que podiam para esse objetivo através da guerra, do comércio, traições políticas, assassinatos e etc. Dentro dessas cidades o cenário também não era diferente. Partidos Políticos e pessoas poderosas disputavam o poder de forma igualmente inescrupulosa e violenta, muitas vezes guerreando entre si. Esse caos político e social era antigo e desde o fim do império romano a situação foi basicamente essa na península itálica.
Maquiavel era um servidor público da cidade de Florença, na época uma das mais poderosas cidades italianas, e após uma violenta sucessão de governos naquela cidade, ele foi forçado ao exílio, vivendo em outras cidades e de favores de poderosos locais, assim como Dante Alighieri, outro florentino famoso muito antes dele. Para tentar voltar a sua amada Florença, Maquiavel se pôs a escrever um livro-carta para Lorenzo II de Médici, duque de Urbino, mostrando como a sua experiência política poderia ser útil para a gestão do Duque na cidade de Florença e assim conseguir retornar para sua pátria. Esse livro veio a se chamar “O Príncipe”.
Mas afinal, qual a importância desse livro para nós, brasileiros em pleno século XXI, em uma realidade tão diferente daquela que conheceu Maquiavel? De toda importância, pois Maquiavel –segundo Rousseau- ao escrever um livro para o rei sobre como governar, acabou ensinando a nós, o povo, como é que os poderosos nos governam. E apesar da diferença de cultura, de século e de governo, incrivelmente as formas que os poderosos usam para dominar e se manter no poder continuam praticamente as mesmas.
Quando aprendemos a respeito do governo durante nossa educação escolar, aprendemos que vivemos em uma democracia, onde o povo escolhe seus representantes por meio do voto e dessa forma esses representantes (que sustentamos com nossos impostos) podem defender os nossos interesses na câmara legislativa e no poder executivo. No entanto, esse é o modelo que gostaríamos que existisse. Todos veem os sorrisos, promessas e acenos dos candidatos durante os meses de campanha, mas poucas são as pessoas que dão a devida atenção ao que ocorre nos bastidores, pois por algum motivo, somos levados, sem boa razão, a acreditar que aquele candidato quer o poder para defender e fazer o bem para a população que o elegeu. Infelizmente a realidade é muito diferente, e aparentemente continuará assim por muito tempo.
Ao ler Maquiavel percebemos como a realidade é perversa. Os políticos não fazem o bem para o povo por sentirem essa obrigação para com quem os elegeu. Segundo Maquiavel, o único motivo para o governante fazer algum bem para o povo é justamente para se manter no poder: “Quem se torna príncipe mediante o favor do povo deve sempre manter-se seu amigo(…)”
Um Príncipe, ou no nosso caso, um político que depende do voto para subir ao poder, tem que se fazer amigo do povo para que não perca eleições. Até aí parece razoavelmente natural que apenas aquele político que seja amigo do povo seja eleito. Mas essa amizade sugerida não é tão bonita como parece já que pouco depois Maquiavel deixa bem claro de que forma que essa amizade deve ser conduzida: “(…) um Príncipe prudente deve cogitar da maneira de fazer-se sempre necessário a seus súditos e de precisarem estes do Estado; depois, ser-lhe-ão sempre fiéis.”
Ou seja, não há interesse do político manter uma amizade com o povo para beneficiá-lo, mas sim para que este se torne cada vez mais dependente e assim seja sempre fiel a esse político. Não faltam exemplos no Brasil e posso citar um muito facilmente. Já aviso que sei que o exemplo que vou citar é controverso e que pode causar algumas caretas em alguns leitores. Não é meu interesse discutir a validade e benefícios dos programas sociais do governo, mas é necessário analisar esses programas pelo seu viés político e pelo ponto de vista de quem está no poder e o apóia, sem medo dos rigores do politicamente correto e dos interesses partidários de cada um.
O discurso do governo é que projetos como o bolsa-família servem para distribuir a renda para as populações carentes que não conseguem se sustentar apenas com o próprio trabalho, ganhando assim uma quantia inferior àquela proposta como necessária para a sobrevivência de um trabalhador. Mas o que realmente acontece é que com essa pequena quantia de dinheiro, o partido que está no poder consegue “fazer-se sempre necessário a seus súditos e de precisarem estes do Estado”. Isso ficou claro durante a campanha presidencial de 2010 quando o partido do governo (PT) dizia que o partido da oposição (PSDB), assim que subisse ao poder, acabaria com o bolsa-família.
Dificilmente essa alegação era verdadeira, já que o PSDB, na época em que ocupava a presidência, criou projetos semelhantes que foram as raízes dos programas do governo do PT; e que tanto o PSDB como o PT sabem muito bem que esses programas sociais são um excelente modo de se fazerem sempre necessários ao povo. No entanto, a campanha governista foi extremamente eficiente, pois conseguiu, com muito sucesso imprimir, na mente dos beneficiados pelo programa que era necessário o PT no poder para que continuassem recebendo o benefício, gerando assim fidelidadeao partido governista.
Por estas duas curtas frases de Maquiavel, já é possível entender grande (senão todas) as motivações de um político quando agem desta ou daquela forma. Este é apenas um aspecto da obra de Maquiavel que podemos notar nos nossos dias e de forma bastante clara. No entanto, como foi dito antes, nossa realidade é um tanto diferente da de Maquiavel, portanto faz-se necessário esclarecer que onde Maquiavel diz Príncipe, deveríamos entender – dentro da nossa realidade democrática – todos aqueles que são agentes no poder público que podem ser tanto os políticos individualmente, como os partidos políticos.
Mas além das motivações e de como uma pessoa deve agir para manter o poder, Maquiavel também descreve a maneira que um príncipe deve se comportar publicamente para se tornar querido e admirado pelo povo. Diríamos que uma pessoa que admiramos é uma pessoa honesta, íntegra, gentil, religiosa (ou que ao menos respeite as religiões) e trabalhadora. Mas vejamos o que é que Maquiavel diz em seu livro: “(…) um Príncipe novo, não pode observar todas as coisas a que são obrigados os homens considerados bons, sendo frequentemente forçado, para manter o governo, a agir contra a caridade, a lealdade, a humanidade, a religião.”
É uma sentença extremamente fria e que por aí já se começa a entender porque o maquiavelismo tem o significado que conhecemos; mas Maquiavel não para por aí e diz mais: “O Príncipe deve, no entanto, ter muito cuidado em não deixar escapar da boca expressões que não revelem as cinco qualidades acima mencionadas, devendo aparentar, à vista e ao ouvido, ser todo piedade, lealdade, integridade, humanidade, religião.”
Na vida pública, mais importante do que ser é parecer, e isso acho que sabemos por experiência, afinal, político no Brasil já se tornou, praticamente, um sinônimo de desonestidade. No entanto o lembrete nunca é inútil e dessas características gostaria de explorar especificamente a da religião. Parece que num país laico como o nosso, a religião já não tem mais tanto peso político como teve na época de Maquiavel; mas será que é assim mesmo? Vamos puxar pela memória rapidamente? Quem é que já viu um político se declarando ateu? Quem é que já viu um político em missa, igreja, romaria, sinagoga, mesquita, etc? As respostas são óbvias, e apesar de existirem políticos sabidamente ateus, dificilmente se pronunciam a respeito em uma campanha política. Se existe uma raça que pela aparência deveria ser a primeira na fila do céu, essa sem dúvida seria a raça dos políticos. Tamanha a piedade, sinceridade e religiosidade dos políticos que até mesmo os apóstolos se orgulhariam. Não há maior papa-missa que político e a razão disso é clara; o povo se identifica com quem é religioso, dando valor mais à fé que o político diz professar do que o que ele realmente faz.
Vale lembrar dois exemplos, um no Brasil, e outro nos EUA, para mostrar como essa questão ainda é presente. A alguns anos atrás quando FHC ainda concorria a prefeitura de São Paulo, foi perguntado, em determinada altura de uma entrevista, se ele era ateu. Apesar de saber o perigo de afirmar publicamente que era ateu, no final de uma longa resposta, ele acabou dizendo que era. A oposição logicamente viu essa entrevista e não demorou muito para que essa resposta fosse veiculada na campanha da oposição, dando a entender que FHC não era confiável. Foi um sucesso da oposição, que conseguiu manchar a reputação de FHC naquela eleição. Alguns anos depois quando Fernando Henrique Cardoso concorreu à presidência, não faltaram presenças em missas, cultos ecumênicos, fitinhas do Senhor do Bonfim e todo tipo de manifestação religiosa. Isso por si só ganhou a eleição? Provavelmente não, mas certamente ajudou.
Nos Estados Unidos, ainda mais recentemente, durante a campanha presidencial do então candidato Obama, a oposição questionou a religião de Obama, dando a entender que ele seria muçulmano. Isso pegou mal para a reputação de Obama e demorou muito pouco para que o partido Democrata veiculasse fotos e vídeos do candidato na igreja, depoimentos de outros membros, endereço da igreja e mais uma série de “evidências” para comprovar a religiosidade de Obama. Ironicamente, devido a toda essa publicidade a igreja se tornou famosa, e quando o pastor da referida igreja fez um sermão polêmico sobre o 11 de Setembro acabou afetando a reputação de Obama. Adivinhe qual foi o primeiro membro a se desvincular daquela igreja?
Isso não é problema da religião em sí, mas das pessoas que julgam mais pelas aparências do que pelas ações e Maquiavel também deixa isso claro quando diz: “os homens em geral, julgam mais pelos olhos do que pelas mãos, pois todos podem ver, mas poucos são os que sabem sentir.”
Como disse anteriormente, sem motivo lógico aparente somos levados a pensar que servidores públicos são diferentes do resto de todos nós. Somos levados a pensar que essas pessoas que votam servir o povo não estão sujeitas a roubar, trapacear e de cometer toda a desonestidade que vemos no nosso dia a dia. Quando sai uma matéria no jornal sobre algum escândalo de corrupção não leva muito tempo para que muitos digam que político é tudo corrupto. Mas por qual motivo continuamos a eleger levas e mais levas de pessoas corruptas?
O motivo é simples. Simplesmente fechamos os olhos para o que ocorre no poder. É muito simples dizer que a culpa é do povo que vota em quem promete qualquer coisa pelo voto. Mas será o nosso voto de alguma maneira mais racional que o “do povo” que tanto criticamos? Com qual critério escolhemos os candidatos? Quais fontes consultamos quando buscamos dados para avaliar um candidato? Em que momento nossa participação política começa e termina? São simples perguntas, mas tratemos cada uma delas individualmente.
O que determina o nosso voto? É a honestidade do político? A integridade ética? As propostas no campo econômico? O partido ao qual está afiliado? Porque já o conhecemos de um programa de TV? A falta de opção de melhores candidatos? Muitos são os motivos, mas qual deles é o mais importante para nós? São de alguma forma, nossos motivos muito mais diferentes dos motivos do resto das pessoas? Como buscamos informações? Em rodas informais? Em um jornal? Em dois? Em diversas fontes diferentes? Como trabalhamos essas informações? Damos alguma chance para aquelas que não corroboram a versão que queremos ouvir? Estamos sendo realmente honestos quando recebemos informações a respeito de um ou outro político? E quando é que nossa atividade política termina? No período de campanha e no dia da eleição? Acompanhamos os que fazem os políticos que elegemos nos seus anos de mandato? Vamos as ruas quando discordamos de uma atitude do governo?
Não sei quais as respostas de cada um para cada uma das perguntas propostas, mas no meu caso é simples. Sou um cidadão tão desonesto quanto os políticos que elejo. É comum a todos nós a vontade de passar sobre as pessoas, de querer levar vantagem em tudo. Seja quando nos devolvem troco a mais no mercado e saio com o dinheiro, seja quando “maquio” a declaração do imposto de renda, o que acontece é que frequentemente quero levar vantagem e tudo. E como costuma ser desde tempos imemoriais, os vícios do povo se manifestam nos governantes.
Infelizmente no Brasil parece ser motivo de orgulho a malandragem e isso é tão comum e tão declarado que ninguém faz questão de esconder. É muito fácil apontar o dedo para os políticos e reclamar do quanto eles são corruptos e como a conduta deles afetam nossa vida, mas nunca paramos para pensar em como nossa conduta afeta a vida dos outros. Pode ser que o mais simples ato irregular que cometemos no nosso dia tenha conseqüências grandes para alguma pessoa. O próprio exemplo do troco, que para nós não passam de alguns centavos, para o dono daquele pequeno mercado na esquina de casa significa muito quando somados no final do mês, ou então aquele atestado médico falso para escapar do tiro de guerra pode acabar atrapalhando a vida de alguém que tenha alguma necessidade real.
Enfim, são milhares os exemplos que poderia citar e que acabariam no mesmo lugar: gostamos de criticar nossos políticos mas não percebemos que a causa da corrupção deles é apenas a manifestação pública daquilo que fazemos no dia a dia. É claro que devemos sempre criticar nossos políticos acompanhar cada movimento deles, seja na votação de leis ou no emprego de verba pública, mas para que isso seja realmente eficaz é necessário primeiro ver onde está nossa honestidade, pois se toda uma nação age de certa forma, não espanta que também o ajam os políticos.
Das muitas coisas que foram ditas no passado, uma que Jesus disse parece que se aplica precisamente a esse tema. Em uma parábola que se encontra no capítulo 25 do Evangelho de Mateus, nos versículos 14 até o 30, Jesus fala de um empregador que confiou determinadas quantias de dinheiro aos seus empregados. Cada um deles, fez algo diferente com o dinheiro e ao final foi recompensado de forma diferente. As interpretações dessa parábola são diversas e não é a intenção discuti-las aqui, mas existe um versículo do texto que parece se encaixar perfeitamente com o texto em questão. Diz o versículo 21: “Disse-lhe o seu senhor: Muito bem, servo bom e fiel; sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.”
É interessante notar como poucas palavras dizem tanto. Parece que Jesus ensina que uma pessoa, quando honesta em naquilo que parece pouco, também o será quando muito o for encarregado. Um ensinamento claro, prático e sempre atual do maior mestre que andou por essa terra.
Não adianta apontar o dedo para o político desonesto que mente na televisão e desvia dinheiro público da construção do hospital quando entre amigos contamos mentiras sobre outra pessoa ou se no imposto de renda nos “esquecemos” de declarar algumas coisas. São essas atitudes que indicam que, caso estivéssemos na posição desses políticos, estaríamos fazendo as mesmas coisas.
Dizem que a ocasião faz o ladrão; é uma frase razoavelmente verdadeira e didática e pode ajudar a entender ainda melhor a questão. Roubamos (o que de fato é um roubo) os centavos do troco errado, pois é uma situação em que não há ninguém vigiando e que pela quantia pequena passará despercebido. Um político é desonesto, pois apesar de grandes quantias e mentiras estarem envolvidas, o ambiente de atuação (ocasião) é tão corrompido que dificilmente será percebido se mais alguma coisa for desviada.
Pode nos parecer surpreendente que saibamos que isso ou aquilo aconteceu em Brasília, mas pense bem; com um clima de corrupção tão grande, quem não se sentiria tentado à desonestidade também? É por isso que o ensino de Jesus nos ensina tão elegantemente, pois se somos honestos quando ninguém olha, somos também quando todos estão atentos. Em outras palavras ainda, a honestidade não se prova nos grandes atos quando todos estão olhando, mas sim naquelas pequenas coisas que quase ninguém dá atenção.
Maquiavel é muito criticado por ter escrito um livro frio e cruel, mas isso infelizmente não passa de um retrato da natureza humana. Apesar do tema ser política, sabemos que a política é feita pelas pessoas, e as vontades das pessoas sempre foram e sempre serão as mesmas. Então ler Maquiavel não é aprender apenas das maquinações políticas, mas acima de tudo sobre o quanto a nossa natureza é corrompida e podre. Somente com o amor e paciência de Deus é possível realmente mudar nossos vícios e erros, pois com as nossas próprias forças estaremos – como fazem os políticos – sempre parecendo e nunca verdadeiramente sendo.
1-estudante de Engenharia Mecânica pela Unesp
Leonardo, muito obrigada pelo texto há realmente muito o que refletirmos (que eu reflita)e mudarmos (que eu mude)isto é certo.
Muito obrigada por sua disponibilidade em elaborá-lo.
Embora tenhamos divergido em alguns debates políticos (risos) quero que saiba o quanto admiro seu saber e interpretar.
Estamos aguardando o próximo. Que Deus lhe abençoe.
grande abraço.
Esse é o Leonardo da comunidade?
"Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte, e, como se assentasse, aproximaram-se os seus discípulos; e ele passou a ensiná-los, dizendo:
Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus."
Numa linguagem atual seria os que são sem vaidade, sem arrogância do ser. Os que são capazes de enxergar a si mesmos e verem seus erros. Desejam mudá-los e por isso entram em ação. Muitos, mas muitos mesmos estão longe de tais bem-aventurados! Que o Senhor dê discernimento aos "principes", mas também aos "súditos".
"Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. […] Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos."
O sentimento de impunidade gera revoltas, mas a justiça será feita e não será no outro mundo. Mas, aqui mesmo. Enganam-se os que pensam que estão acima da lei. Um dia a justiça será feita, pois grandes e pequenos, homens e mulheres, jovens e velhos comparecerão diante do tribunal divino.
"Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus."
Se vc ver que alguém caiu, não seja o primeiro a atirar a pedra, mas a exortá-lo a caminhar na vereda do certo. Dê a sua mão e ajude-o a se reerguer. Seja elegante com o seu próximo.
Sim Leonardo, "nossa natureza é corrompida e podre. Somente com o amor e paciência de Deus é possível realmente mudar nossos vícios e erros, pois com as nossas próprias forças estaremos – como fazem os políticos – sempre parecendo e nunca verdadeiramente sendo."
Excelente texto.
"Pode nos parecer surpreendente que saibamos que isso ou aquilo aconteceu em Brasília, mas pense bem; com um clima de corrupção tão grande, quem não se sentiria tentado à desonestidade também? É por isso que o ensino de Jesus nos ensina tão elegantemente, pois se somos honestos quando ninguém olha, somos também quando todos estão atentos. Em outras palavras ainda, a honestidade não se prova nos grandes atos quando todos estão olhando, mas sim naquelas pequenas coisas que quase ninguém dá atenção."
Certa vez meu irmão disse: "Todos nós somos corruptos… somos corruptos ao baixar um filme pela internet pois deixamos de comprar uma cópia original, somos corruptos ao comprar um tênis ou uma roupa de "marca" "falsificada" pois deixamos de comprar e pagar pela marca original dando margem a pirataria…"
Concordei com as palavras dele que tão simplesmente ditas me fez refletir ainda mais sobre o assunto. Julgamos o indivíduo que foi pego em corrupção e quanto aos tantos que não são pegos? E quanto a nós que deixamos passar algo que levaremos vantagem deixando passar?
Por isso penso que eu sou pecadora e preciso da misericórdia de Deus em minha vida. Sou imperfeita, mas isso não me impede de seguir o Mestre perfeito na esperança que um dia minha natureza "corrompida e podre" possa se transformar em alguém que agrade verdadeiramente meu Deus.
Como já adiantei a ti, Leonardo, parabéns pela excelente reflexão. Esperamos por mais textos, de acordo com sua disponibilidade, é claro!
Grande abraço!
Léo, muito interessante teu texto.. corrobora com algumas idéias minhas de aplicação das idéias de Durkhein sobre coerção social aliadas a idéia da teoria comportamental aplicadas a um contexto de relacionamentos cristãos..
É complicado cobrar dos outros quando existe todo um mecanismo social levando o sujeito a se adequar a regras que não necessáriamente são boas.. os mecanismos de coerção social utilizados pela mídia como novelas, talkshows, filmes, esportes entre outros, ditam tendências comportamentais que o indivíduo que não está ligado nA Fonte da Vida não tem como agir diferente do que os mecanismos oferecem como opção.. bom, isso a teoria comportamental explica bem né..
boa lembrança da parábola dos dinheiros.. ser fiel no pouco é muito mais importante.. mas não é fácil dado a lógica em que o mundo caminha..
enfim, cuidar dos pecados dos outros sempre foi mais fácil e creio que a porta estreita é para os que cuidam dos próprios pecados..
abraço!
Ruth, talvez meus comentários tenham ficado sobre a idéia de que o meio define o homem mas não foi isso que eu quis dizer.. provavelmente utilizei poucas palavras pois estava no trabalho naquele momento e, talvez elas não tenham sido suficientes para deixar claro o pensamento..
bom, o que define o carater do Homem é o próprio Homem.. minhas escolhas definem se sou uma pessoa ao lado do bem ou do mal por assim dizer.. claro que o meio tem seu carater influenciador do indivíduo mas, no final, quem decide é o próprio indivíduo sobre qual decisão tomar e quando tomar..
chamei a atenção para a questão do julgar o próximo pois, muitas pessoas tendem a ler textos como estes e pensar no erro de outros e não nos próprios erros (mais ou menos como eu estou fazendo ao pensar neste erro deles agora com o agravante de que geralmente são feitas leituras más sobre o indivíduo pecador).. o detalhe é que todos pecam..
e como todos pecam, todos estão sujeitos à tentação que é o que tento chamar atenção quando cito a questão da coerção social.. a tentação é o instrumento de coerção social utilizado pelo diabo para criar o fato social chamado pecado (ato) internalizando-o no homem como sendo algo normal e, muitas vezes, desejável.. com a força de mídias, modas, costumes e etc., o homem vai pensando que os princípios mudam junto com costumes et, quando vê, está em uma enrascada complicada de sair.. mas o detalhe é que foi ele mesmo quem se colocou nesta posição..
este detalhe cria na sociedade cristã uma classe de pessoas desestruturadas espiritualmente pelo fato de que a consciência, da qual nos dotou D'us, os chama a voltarem ao caminho estreito e isto entra em choque com a idéia internalizada de que tais atos são normais e, como falei antes, desejáveis..
talvez passe por ae a dificuldade de se falar aos pós-modernos sobre religião e um D'us que quer mudar a vida deles pois, ao seus olhos, eles não estão foram do normal.. aliás, ser cristão não é normal pelo fato de que lutamos contra o pecado (condição) que está em nós como definiu Davi ao dizer ".. em pecado me concebeu minha mãe.."..
lutar contra o que somos: este é o resumo do que é ser cristão e, esta idéia vai contra o que é pregado por ae hoje, a saber, "seja você mesmo" e outras coisas do gênero..
no final, olhando para as religiões vamos ver que maquiavel estava correto nas suas avaliações.. o que não pode acontecer é nós, participantes das religiões, ao analisarmo-nos de frente ao pecado e ver que o príncipe deste mundo conseguiu fazer que estes conceitos fossem internalizados em nós..
é a história da porta estreita novamente.. e é o indivíduo que decide entrar por ela ou não..
Excelente texto!! A visão difundida sobre Maquiavel o afasta do interesse de alguns estudiosos, mas ,como muito bem explanado no texto, sua intenção era a unficação da Itália. Daí a expressão: Os fins justificam os meios.
Infelizmente, muitos utilizam essa "máxima" em suas vidas, para alcançar um objetivo atropelam valores, princípios e pessoas.
AS vezes fico imaginando que se todos se propusessem a guardar tão somente os 10 mandamentos deixados por Deus, viveríamos num mundo maravilhoso!
Verdade, muito longe de mandamentos restritivos os 10 mandamentos são princípios para a vida.
Ruth AlencarAug 3, 2011 09:59 AM
É.
Estou esperando o seu… Vanedja.
será uma grande honra.
bjs
Ruth AlencarAug 4, 2011 10:29 AM
Mateus,
O impressionante é que “O Principe” de Maquiavel parece tão atual!
Realmente, Mateus, há muita coisa independente do indivíduo e que é estabelecida pela sociedade que exerce um forte poder, para não dizer domínio, sobre o individuo:
. É preciso estar na moda, uma moda que é ditada, onde outros decidem o estilo a ser usado. Para muitos não há limites para estar na moda. Todo esforço e concessão se justifica.
.É preciso ipode, iphone, tablet, o último modelo do carro, o tênis da moda. O problema não é tê-los, mas quando não se tem condição para tê-los e mantê-los e o cidadão é incentivado a negligenciar princípios, para não se sentir menor que os do seu ambiente;
. é o jovem que se deixa viciar, ingressa em “tribos” para não se sentir à parte;
. é o jovem que experimenta a sexualidade por que é cafona se preservar. É “fashion” ficar, por que se comprometer se posso usufruir do liberalismo?
A sociologia chama esses “elementos de coerção” social de fatos sociais. E como fatos sociais ela define as regras jurídicas, morais, princípios ou dogmas religiosos, sistemas financeiros, maneiras de agir, costumes, enfim, tudo que é capaz de condicionar ou até determinar suas ações. O interessante é que a sociologia define esses “tudo” como sendo dotado de existência própria, ou seja, independente de manifestações individuais.
Interessaria a alguém tal sistema? Se olharmos de um ponto de vista espiritual, existe alguém sim que se beneficia de tal situação. Daí a importância de escutarmos o conselho do Mestre quando diz que o leão ruge buscando a quem derrotar. A solução é realmente ligar-se à Fonte.
Agora, por que uma determinada sociedade se caracteriza por ser corrupta e outras não? Em que sentido essa “existência própria” perde ou ganha força? Parece que a resposta cairá sobre o homem e suas escolhas.
Se analisarmos a sociedade brasileira, há uma tendência a dizermos que aqui a pilantragem é geral. Não podemos, por isso, afirmar que o comum define o fato social. Há também os íntegros e os honestos. Portanto, há uma opção. Vc tem razão é a porta estreita, é preciso ter uma moral sólida para adentrá-la.
Os fenômenos sociais exercem sim poder sobre os padrões, mas eles parecem não defini-los quando a integridade é parte inerente do ser.
abraço Mateus
Ruth AlencarAug 4, 2011 06:40 PM
Mateus,
eu compreendi o que vc disse e concordo com vc quando diz para termos cuidado com o julgar o próximo.
É muito fácil definirmos sobre a vontade de Deus quando se trata do nosso próximo. Mas, e a vontade de Deus quando diz respeito a nós, a mim?
Por isso, falei sobre os misericordiosos, sobre a própria questão do conflito no qual estamos todos envolvidos e sobre a misericórdia de Deus diante de nossa natureza tão contraditória.
Na verdade a história sempre se repete. o que muda são os personagens.
As páginas da história política e religiosa estão repletas de registros da trajetória do homem. Quem não conhece o percurso do mundo da religião com sua inquisição, cruzadas, reforma protestante, etc?
Quem não conhece a história de Napoleão, por exemplo, degolou rei e rainha, assassinou descendentes reais com o discurso de uma França livre, mas na verdade o tempo mostrou uma ditadura napoleônica. Um homem que foi capaz de abdicar do amor em nome de um legado sucessório de tirania. Um homem que subjulgou jovens de vários países para formar um exército em nome de sua megalomania. E portanto, muitos o aclamaram e o aclamam como um grande herói.
Na verdade não é só o dinheiro que corrompe, o poder é muito mais feroz. Daí o ditado: quer conhecer alguém? Dê-lhe dinheiro e poder.
É a natureza podre, como diz Leonardo em seu texto, que precisa da misericórdia de Deus.
É a minha e a sua natureza que precisa está ligada na Fonte se quisermos ser positivos.
Concordo demais com vc quando diz: "no final, olhando para as religiões vamos ver que Maquiavel estava correto nas suas avaliações.. o que não pode acontecer é nós, participantes das religiões, ao analisarmo-nos de frente ao pecado e ver que o príncipe deste mundo conseguiu fazer que estes conceitos fossem internalizados em nós… é a história da porta estreita novamente.. e é o indivíduo que decide entrar por ela ou não.."
Discernirmos isto e a necessidade DEle já nos faz dá um passo à frente. Compreendendo aqui a frase de J. Bailey: "A primeira e pior de todas as fraudes é enganar-se a si mesmo. Depois disto, todo o pecado é fácil."
Engana-se quem pensa que está isento de quedas. Afinal, não é lá que está escrito: "Aquele que está em pé cuidado que não caia."
Muito obrigada por sua participação Mateus. Valeu mesmo.
abraço
Ruth AlencarAug 4, 2011 11:04 AM
É interessante…
Léo aborda o contexto social e político de Maquiavel como fonte de inspiração na elaboração de seu pensamento abordado no livro O Principe.
E vc nos menciona Durkheim em seu comentário. Gostei. Com Durkheim não foi diferente afinal, ele não somente assistiu mas participou de acontecimentos marcantes e que se refletiram em suas obras. Ele chega a chamar o ambiente de o “vazio moral", referindo-se à 3ª República (francesa). No seu contexto, entre outros, fora introduzido o divórcio na França e a instrução laica nas escolas francesas(proibição formal do ensino religioso nas escolas). É interessante que o que se chama de vazio religioso foi preenchido pela ideologia patriótica (moral e civismo).
Como cristãos sabemos que a verdadeira religião é estruturada essencialmente sobre a ética. A solução que eles buscavam, ao meu ver, foi equivocada. Embora eu seja partidária da escola laica.
Maquiavel fala de um contexto de traições políticas e brigas pelo poder. Num processo inescrupuloso e violento.
Não vivemos, nós tão pouco, um momento ético em nossa sociedade. A vida parece perder seu valor quando por trás do poder, seja ele um revólver ou um sistema político, o levar vantagem é o que conta.
Em que dimensão estamos? Longe ou próximos do contexto de Maquiavel?
Não estou falando apenas da política não, falo tb do nosso contexto religioso. Estamos vivendo uma verdadeira loucura moral, que não tem nada de espiritual, no que se compõe hoje como mercado eclesiástico.
Há um contexto onde religião se confunde com dinheiro. Pastor com mercador. Igreja com hipocrisia. Qual é o meu papel como cristã no meio de tudo isto?
Parece que as palavras do Mestre fazem eco: "o tempo está próximo. Continue o injusto fazendo injustiça, continue o imundo ainda sendo imundo; o justo continue na prática da justiça, e o santo continue a santificar-se. E eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras." (Apoc. 22:10-12)
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