A Bíblia: Inspiração e Revelação

 

por Amin A. Rodor

“A Bíblia se coloca à parte da filosofia humana, suas máximas e opiniões. Muito mais que mero fenômeno da literatura universal, ela é a Palavra de Deus, vestida nas palavras dos homens. Frequentemente, menciona-se evidências em favor da autenticidade do Livro Sagrado:

1-O cumprimento de suas profecias

2-Sua sobrevivência a toda sorte de oposições, antigas e recentes

3-A enorme quantidade dos seus manuscritos preservados

4-Descobertas arqueológicas extraordinárias confirmando detalhes de suas narrativas

Contudo, sua autoridade singular nunca se manifesta mais bela e majestosa, do que quando pelo poder da Palavra, vidas são transformadas para sempre. O poder da Palavra de Deus, em confortar, consolar, desafiar, instruir, iluminar e dar sabedoria, torna as Escrituras um livro absolutamente especial e diferente de tudo o que conhecemos. Qual é a fonte de tal poder? O que, ou realmente, quem está por trás das páginas das Escrituras?

A Palavra do Senhor

1- […] os autores bíblicos, em frases como: “Veio a mim a Palavra do Senhor,” “Assim diz o Senhor,” invariável e frequentemente atribuíram o conteúdo de suas mensagens ao próprio Deus. Veja a introdução de cada um dos profetas menores. Veja em Jeremias e Ezequiel a alta frequência com que estes profetas atribuem a Deus aquilo que eles pronunciaram.

2- Acima de qualquer dúvida, os autores do Novo Testamento, identificam as Escrituras do Antigo Testamento com a Palavra de Deus. Aquilo que As Escrituras do Antigo Testamento dizem, é identificado como a própria voz de Deus, ou o que Deus diz é identificado como aquilo que as Escrituras dizem (veja por exemplo: Gênesis 12:1-3 comparado com Gálatas 3:8; Êxodo 19:13-16 comparado com Romanos 9:17).

Por outro lado, os autores do Novo Testamento frequentemente citam personagens e eventos do Antigo Testamento com a mais absoluta convicção de que suas narrativas são verdades históricas a serem aceitas. A carta aos Hebreus, por exemplo, foi destinada a ser uma ponte entre o AT e o NT. Inicia relembrando que Deus “falou no passado aos pais pelos profetas” (Hebreus 1:1). Esta epístola faz mais de 35 referências diretas ao AT, tiradas de 11 livros das Escrituras Hebraicas, confirmando grande número de fatos e episódios do AT: A criação e o repouso divino no sétimo dia (Hebreus 11:3; 4:4); O tabernáculo (caps. 8 e 9; Melquisedeque (7:1-10) O maná (9:4). Todo o capítulo 11, é uma lista de chamada dos grandes vultos da História Sagrada, dando testemunho a respeito de pessoas e eventos do AT: Abel, Enoque, Abraão, Moisés, a Páscoa, o Mar Vermelho etc. Esta epístola introduz o AT, referindo-se não aos seus autores humanos, mas diretamente a Deus como Aquele que falou: “Ele (Deus), disse” (Hebreus 1:5-6, 7, 8, 13), ou Ele (Deus) tem falado (Hebreus 4:4). “Falando através de Davi…” (Hebreus 4:7). De outra forma, o Espírito Santo é também indicado como o verdadeiro autor: “Como o Espírito Santo diz…”(Hebreus 3:7-11) “…dando nisso a entender o Espírito Santo…” (Hebreus 9:8). “O Espírito Santo no-lo testifica…: (Hebreus 10:15). Evidentemente, o uso e aplicação do AT, pelo autor da epístola está baseado numa estrita posição quanto à origem deste conjunto de escritos.

Os apóstolos e as Escrituras

3- Nós encontramos a mesma abordagem em relação a Paulo, Pedro e Tiago. Na carta aos Romanos, considerada a mais sistemática exposição da doutrina cristã, encontramos que a expressão “está escrito” ocorre como um refrão 17 vezes (o mesmo é verdade em relação a outras cartas paulinas: 8 vezes em 1 Coríntios, 3 vezes em 2 Coríntios, e 4 vezes em Gálatas). Em Romanos, aquilo que o apóstolo escreve está profundamente enraizado no AT: A extensão e fonte do pecado (Romanos 3:9-20); a justificação pela fé (Romanos 4:3-25; 5:1-21); A eleição (Romanos 9 a 11), e a validade da missão aos gentios (Romanos 15:7-13). Todos estes fatos são argumentados em detalhes, com base no ensino do AT. Apenas na carta aos Romanos é impressionante o número de fatos e eventos registrados no AT, confirmados por Paulo: circuncisão (2:25); a entrega da lei (2:17); Adão (5:14), Davi (4:6), Abraão (4:1-3, 9-12, 9:6). Isaque e Rebeca (9:10), Elias (11:2), etc.

Para Paulo, não há nenhuma dúvida quanto a autenticidade histórica deles. O apóstolo declara ainda que esses fatos “foram escritos para a nossa instrução para servir de exemplo para nós” (Romanos 15:4, cf. 1 Coríntios 10:11).Para Paulo, o AT é a Palavra de Deus, assim como para Tiago e Pedro, que demonstram a mesma confiança nas Escrituras do AT. Tiago afirma que os profetas “falaram no nome do Senhor” (Tiago 5:10). Ele adverte seus leitores a receberem “com mansidão a Palavra implantada [neles] a qual é poderosa para salvar… almas” (Tiago 1:21). Na perspectiva de Pedro, os antigos profetas foram “movidos pelo Espírito de Cristo” (1 Pedro 1:10-12). Tanto Pedro como Tiago insistem na veracidade dos fatos, histórias e personagens apresentados nas Escrituras do AT: Jó (Tiago 5:11), Abraão (2:21), Raabe e os espias (2:25), Elias (5:17-18) etc. Para Pedro, Noé, o Dilúvio, a criação da Terra, a queda dos anjos, Sodoma e Gomorra, Ló e Balão, são considerados personagens reais e fatos reais (2 Pedro 2:4-8, 15-16, 3:5).

O livro de Atos reflete a posição adotada pelos cristãos primitivos quanto à inspiração e autoridade do AT (nesse período, o NT ainda não estava disponível). Deus mesmo é descrito falando pela boca de Davi (Atos 4:25; cf. 1:16; 28:25). Citações do AT são atribuídas diretamente a Deus: “Ele [Deus] falou deste modo (Atos 13:34, cf. Isaías 55:3). “Ele [Deus] diz também…”(Atos 13:47; Isaías 49:6). O Evangelho proclamado pela igreja primitiva foi plenamente admitido como tendo sido anunciado por Moisés e os Profetas, os quais tinham predito o Messias (Atos 3:33, 19), e anunciado o Seu dia (Atos 3:23-24). Todos os profetas prometeram perdão para os pecados através do Messias (Atos 10:43). Embora Cristo tivesse sido aceito como o Senhor deles, para os cristãos primitivos, as Escrituras do AT, foram aceitas como Sua palavra e a autoridade final. Cerca de metade dos grandes sermões encontrados no livro de Atos, são compostos de versos extraídos do AT: O discurso de Pedro, no Pentecostes, 12 versos de 23 (Atos 2:14-36). Os 49 versos do discurso de Estevão são, nada mais nada menos que uma enumeração dos fatos tomados do AT (Atos 7:2-50). O discurso de Paulo em Antioquia e Pisídia, 15 de 26 versos são fatos ou citações do AT (Atos 13:16-41). Veja ainda Atos 17:2-3, 28:23. Os apóstolos, representando a perspectiva da igreja primitiva, afirmaram sem reservas sua fé em toda a Escritura. “Eu sirvo ao Deus de nossos pais, acreditando em todas as coisas que estejam de acordo com a lei nos escritos dos profetas” insiste em suma Paulo (Atos 24:14).

No Apocalipse, referências ao Antigo Testamento, fazem parte da própria tecidura do livro: referências a trombetas, pragas, gafanhotos, bestas, períodos proféticos, o cântico de Moisés, Babilônia, e um incontável número de alusões, não são senão ecos dos livros do AT.

Assoprada por Deus

4/5- O texto chave da doutrina bíblica da inspiração é 2 Timóteo 3:16. Esta passagem garante que “Toda Escritura é divinamente inspirada” (do grego theopeustos: composta de dois vocábulos – Theos = Deus, e pnew = assoprar, exalar). A palavra “inspirada,” que aparece apenas uma vez na Bíblia, significa literalmente “assoprada por Deus.” Para os familiarizados com o AT, logo vem à mente o sentido do termo. Esta é uma vívida metáfora, explícita na atividade divina, como já mencionado anteriormente (Salmo 33:6; Jó:4, etc). O fôlego ou sopro de Deus é visto no AT como a causa de todas as coisas. Por exemplo, o próprio homem foi feito “alma vivente” quando Deus “assoprou em suas narinas” (Gênesi 2:7). As Escrituras são consideradas o produto da atividade de Deus. Elas devem sua existência à ação divina. Seu conteúdo, natureza e caráter são determinados pela ação de Deus. Esta é a razão pela qual, Paulo acrescenta “é útil e proveitosa”.”

· 2 Timóteo 3:16 ensina:

a) A inspiração plenária das Escrituras (toda a Escritura; tota Scriptura).b) A autoridade divina da Escritura: “dada por inspiração de Deus, ou “assoprada por Deus”.

c) A suprema avaliação da Escritura: ela “é proveitosa.”

d) Seu propósito santo: “para que o homem de Deus seja perfeito e habilitado…”

A teologia faz distinção entre Revelação e Inspiração

. Revelação é o ato divino pelo qual Deus revela verdades a Seu respeito, ao profeta: Verdades que o homem não poderia descobrir de outra forma. A revelação é sempre teocêntrica, isto é, está centralizada em Deus, e seu propósito final é levar o homem ao correto relacionamento com Ele.

Inspiração, por outro lado, é o ato divino pelo qual Deus habilita o profeta a comunicar de forma confiável e precisa, o conteúdo da revelação.

Deus não comunicou aos autores bíblicos Suas idéias e verdades de infinito significado para, então, abandoná-los, deixando que eles comunicassem tais verdades de modo inadequado (Veja L. Morris, I Believe in Revelation, pág. 112)

2 Pedro 1:21 afirma que “homens santos da parte de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo”. Vários grupos evangélicos creem que a inspiração caiu sobre as palavras (um dos significados da noção da inspiração verbal). […] E. White observa: “A Bíblia é escrita por homens inspirados, mas não é a maneira de pensar e exprimir-se de Deus… Deus, como escritor não Se acha aí representado… A inspiração não atua nas palavras do homem nem em suas expressões, mas no próprio homem que, sob a influência do Espírito Santo é possuído de pensamentos. As palavras, porém, recebem o cunho da mente individual.” […] (Mensagens Escolhidas, vol. 1. pág. 21). Leia, ainda, em Mensagens Escolhidas, vol. 1, as págs. 16-39, para uma ampla visão do fenômeno da inspiração. […]

Visão de Cristo das Escrituras

6/7- Para os seguidores de Cristo, a atitude dEle quanto às Escrituras é crucial. Jesus é a norma para os cristãos, e a maneira como Ele considerou as Escrituras é fundamental e definitiva.

· Está acima de qualquer disputa que Jesus tinha profundo respeito por Sua Bíblia. Quaisquer que sejam as diferenças na descrição que os quatro Evangelhos apresentam de Sua vida e ministério, nisto há perfeita harmonia: Seu constante uso e inquestionável endosso da autoridade do Antigo Testamento.

· Em qualquer discussão onde Ele pudesse dizer “Está Escrito”, isto claramente definia a questão. Para Jesus, o que está escrito na Palavra de Deus é confiável. Assim, Jesus oferece o mais claro e compelente exemplo de absoluta confiança nas Escrituras.

· Em discussão com os oponentes, Ele referiu-se ao AT para responder questões e estabelecer Sua posição. “O que está escrito?” “Como lês tu?”

· Para instruir os discípulos, Ele frequentemente usou o AT, mesmo quando aqueles já estavam prontos para aceitar Sua própria autoridade.

· Ele Se referiu ao AT em Suas orações, quando estava sozinho, na presença do Pai.· Jesus citou o AT na cruz, quando Seus sofrimentos facilmente teriam absorvido Sua atenção.

· Ele citou o AT em Sua ressurreição, quando qualquer limitação, real ou suposta, dos dias de Sua carne, haviam sido superadas.

· Ele foi contrário aos rabinos dos Seus dias que freqüentemente faziam referências às tradições e escolas rabínicas (Shammai, a escola rigorista, ou Hillel, a escola liberal). Jesus Se eleva acima de qualquer convenção e tradições humanas. Ele rejeita, como no caso do voto do casamento (Mateus 19:3-9), tanto Shammai como Hillel, e Se coloca contra o divórcio sem justa causa, afirmando que o casamento, como ensinado pelo AT, não é mera instituição civil, mas uma ordenança da Criação, e qualquer que separa o que Deus uniu se opõe ao próprio Deus e à Sua vontade. E aqui, Seus oponentes não têm como responder, porque contra eles, Jesus invoca Moisés e as Escrituras.

Jesus frequentemente reprova a leitura parcial, partidária e incompetente das Escrituras. “Errais não conhecendo as Escrituras…” (Mateus 22:29).

No Seu confronto com o tentador, no deserto, “Está escrito” foi o único argumento que Ele empregou (Mateus 4).

Para Ele, aquilo que os profetas predisseram haveria de acontecer: João 6:45; 15:24; Lucas 18:31-11; Marcos 14:21, 27, 49; Lucas 24:5; 24:44, Mateus 21:16; Mateus 5:7-18; Lucas 16:17 etc.

Jesus aceitou sem reservas o AT, e colocou o Seu “imprimatur’ nos eventos cruciais da história bíblica, precisamente aqueles que no futuro seriam questionados: Criação, casamento monogâmico, o sábado e a lei no Sinai, o Dilúvio, Sodoma e Gomorra, a história de Jonas, a purificação de Naamã. Ele apelou para a profecia de Daniel quanto à destruição de Jerusalém. Para Ele, os profetas, personagens e eventos do AT não são figuras ou quadros de ficção. Em João 10:35, Ele sintetiza Sua inquestionável aceitação das Escrituras Hebraicas, o que se torna normativo para os cristãos: “As Escrituras não podem ser anuladas.

Unidade na Diversidade

As Escrituras compõem uma verdadeira biblioteca: É composta de sessenta e seis livros diferentes, escritos durante um período de dezesseis séculos (de, aproximadamente 1500 anos a.C., até o ano 100, d.C.). Este período de tempo seria comparável aproximadamente ao período que cobre desde o triunfo do Cristianismo, em 313 d.C., até os dias atuais. Os autores humanos do texto sagrado, cerca de quarenta e cinco, variaram grandemente entre si: Houve pastores, reis, estadistas, escribas, sacerdotes, eruditos, poetas, historiadores, um coletor de impostos, um médico, pescadores iletrados, além de outros escritores anônimos. Paralelamente a esta assombrosa diversidade, testemunhamos maravilhados a extraordinária unidade da inspiração, através da Bíblia, como visto em suas mensagens, ensinos, doutrinas, e mesmo em sua estrutura, e conteúdo geral. A Unidade da Bíblia se manifesta de maneira surpreendente. É interessante, por exemplo, notar como as primeiras páginas da Bíblia encontram perfeito paralelo com suas últimas páginas:

PROTOLOGIA (as primeiras coisas)   ESCATOLOGIA (as últimas coisas)
  Criação dos céus e da Terra (Gênesis 1:1)   Criação do novo céu e da nova Terra (Gênesis 21:1)
      O primeiro Adão, e sua esposa no paraíso, chamados para reinar sobre a Terra (Gênesis 1:27-28).           Cristo, o segundo Adão, com Sua esposa, a Igreja, no paraíso restaurado, onde reinará para sempre (Gênesis 21:9, 3:21).    
  No meio da jardim, está a árvore da vida e o rio para regar o paraíso (Gênesis 2:9-10).   No paraíso restaurado está a árvore da vida E o rio da vida (Gênesis 2:7; 22-1-2)
  Surgimento de Satanás, o tentador (Gênesis 3).       O julgamento e subversão final de Satanás (Gênesis 12:9; 20:10).    
  Início do pecado, queda do homem e sua expulsão do paraíso, tornando-se sujeito à morte (Gênesis 3:19-21; Romanos 5:12)   O fim do pecado, a restauração do homem. As bodas do Cordeiro… e a vida eterna no paraíso (Gênesis 19:7, 22:1-5). A segunda morte para os impenitentes (Gênesis 20:14-15; 14: 10-11).
      O primeiro julgamento universal, com o Dilúvio (Gênesis 6 – 9).       O último julgamento por fogo (20:11, cf. 2 Pedro 3:6-12).
      Por ocasião da torre de Babel, Deus destrói a unidade da raça com a confusão das línguas (Gênesis 11).       Diante do trono celestial, a unidade é selada pelo sangue do Cordeiro, reunindo pessoas de todas as línguas, raças e nações. (Gênesis 5:9)
  O chamado de Israel, o povo eleito, para a salvação de outros (Gênesis 12).       Desfecho da redenção. “O veadeiro beneficiários dos oráculos divinos Israel de Deus” em Cristo, encontra o seu lugar na Jerusalém celestial, herdeiro das promessas eternas, (Gênesis 21:12-14).

Apenas Deus, que vive acima do tempo, poderia planejar e executar o destino de todo o Universo dessa forma engenhosa e intrincada. E os exemplos dados são apenas uma pálida representação de algo profundo e complexo. De eternidade em eternidade Ele é Deus (Salmo 90:2). Apenas Ele poderia prever e conduzir, tanto o passado como o futuro. Apenas Ele, Aquele que inspirou as Escrituras, poderia ter dado a elas a exclusiva perspectiva e unidade temática que elas apresentam.

Paralelismo de estrutura

Os escritos bíblicos não são um amontoado de linhas confusas. A estrutura do AT funciona em unidade de linhas com o NT.

· No Antigo Testamento  
· Nos Evangelhos  
· No livro de Atos
· Nas Epístolas  
· No Apocalipse
· A salvação é preparada  
· A salvação é realizada  
· A salvação é propagada  
· A salvação é explicada  
· A salvação é consumada

A unidade dos livros da Bíblia, que embora não estejam organizados em ordem cronológica, sugere a direção da Mão invisível, realizando um propósito muito mais amplo do que aquilo que os olhos humanos podem perceber à primeira vista. Tempo e espaço não permitem uma exposição elaborada do caráter progressivo dos temas bíblicos. Tomando apenas os Evangelhos, observamos aspectos complementares que se unem para formar um quadro completo da pessoa do Senhor Jesus Cristo:

· Mateus
· Marcos
· Lucas  
· João
· Apresenta-nos o Rei  
· O Servo  
· Filho do Homem  
· O Filho de Deus

As chamadas epístolas gerais de Paulo, embora estejam aparentemente reunidas ao acaso, ao leitor atento elas parecem dar a impressão de que suas mensagens se projetam, de uma para outra, para formar um todo completo, como um belíssimo mosaico:

· Romanos  
· Coríntios  
· Gálatas  
· Efésios  
· Filipenses  
· Colossenses  
. Tessalonicenses
· Justificação  
· Santificação  
· Libertação  
· Ressurreição espiritual  
· Satisfação  
· Plenitude  
· Glorificação

As Escrituras revelam a eterna soberania de Deus, cuja mão governa o mundo das alturas do Seu trono exaltado. Do Gênesis ao Apocalipse, da queda da raça às bodas do Cordeiro, Ele tem um único propósito e uma mensagem para Suas criaturas: A vinda de Cristo ao mundo e Sua obra redentora Este é o grande tema unificador da Bíblia. A partir desta perspectiva, tem-se dito dos dois Testamentos: O NT está escondido no AT, e, inversamente, o AT está revelado no NT. A unidade dos dois Testamentos pode ser vista no fato de que Mateus abre suas páginas como se ele fosse o próximo passo depois daquilo que foi dito no último livro do AT, embora os dois estejam separados por um período de 400 anos. 

Outro aspecto extraordinário nas Escrituras é a impressionante unidade de doutrinas. Os grandes temas das Escrituras se desdobram progressivamente, do Gênesis ao Apocalipse, com uma extraordinária coerência e força cumulativa. 

1. Temas como: O homem, sua origem e queda; O pecado, seu início e punição subseqüente; Satanás, o instigador do mal, mentiroso, pai da mentira e assassino; Israel, seu desenvolvimento social, sua idolatria, preservação e substituição; A Igreja, sua história, seu estabelecimento e vitória final. 

2. A salvação e sua provisão, como mencionado: o NT está escondido no AT, enquanto o AT está revelado no NT. 

3. Podemos identificar um elo temático entre o AT e o NT, apesar de haver, como vimos, 400 anos entre eles. Malaquias fecha a revelação do AT, com a predição da vinda do Messias e do Seu precursor, no “espírito e poder de Elias” (Malaquias 3:1-4; 4:5-6), enquanto, Lucas, ao escrever os primeiros fatos do NT, faz referência ao cumprimento desta promessa (Lucas 1:16, 17). 

4. No primeiro verso, Mateus introduz Cristo como o Filho de Davi, e Filho de Abraão, Herdeiro do trono e de todas as promessas feitas a Israel, desde Gênesis 12. 

5. Lucas transporta a genealogia de Jesus até Adão, o homem universal, o pai da raça: “… filho de Adão, o filho de Deus” (Lucas 3:38), cobrindo num arco histórico toda a era da revelação. 

6. O elo entre AT e NT é freqüentemente reafirmado: Mateus, por exemplo, constantemente refere-se a antigas profecias sendo cumpridas em Cristo (Mateus 1:22; 2:5, 15, 17, 23; 3:3, 4:14, etc) de acordo com o plano divino. 

7. Temas tais como: Arrependimento, salvação pela graça, fé, a vida de obediência, a oração, o serviço a Deus etc., são os mesmos nos dois Testamentos. 

8. Espírito Santo, Aquele que fala, ensina, corrige, exorta, testemunha, apela, intercede, convence… Aquele que está presente na Criação (Gênesis 1:2), é o mesmo que pronuncia a última oração das Escrituras (Apocalipse. 22:17). 

9. Deus, o mesmo para sempre, Sua soberania, Sua eternidade, Sua santidade, onipotência, Sua singularidade, Sua onisciência, onipresença, Sua justiça e amor. 

10. Jesus Cristo, o tema por excelência de toda a revelação escrita. Para Ele convergem todos os símbolos, tipos, sombras e profecias… Ele está presente em cada página das Escrituras, na Lei, nos Salmos e nos Profetas, encarnando-Se afinal nas páginas do Novo Testamento. 

Tais temas permanecem os mesmos, apenas desdobrados, ampliados e esclarecidos, mas nunca contraditórios ou em conflito. 

A questão final é: A quem atribuir tal unidade que corre como um fio de ouro em toda a Bíblia? A quem atribuir sua unidade de visão, estrutura, mensagem e doutrina, apesar dos longos séculos e dos muitos personagens usados como instrumentos para a sua finalização? Para estas perguntas existe apenas uma resposta: Em realidade, as Escrituras tem apenas um Autor, o Espírito Santo. Para Ele, existe apenas uma revelação, uma vez que Ele fala de um único tema. Há apenas uma salvação, anunciada, efetuada e consumada por um único Salvador. A natureza humana permanece a mesma através de todas as eras, suas necessidades, fraquezas e potencial, dependendo sempre da revelação divina. A própria verdade é apenas uma, e não poderia ser diferente! 

O leitor superficial pode, às vezes, ficar confuso com a diversidade e multiplicidade das Escrituras. Mas sob a iluminação do Espírito Santo, logo ele se torna consciente da estrutura da revelação e familiarizado com os elementos de conexão entre suas partes, ficará maravilhado com a profunda unidade e coerência de sua mensagem. Então será levado a adorar o Mestre e Soberano da Criação, o Deus dos Profetas, o Pai do Senhor Jesus Cristo, o qual habita no coração dos Testamentos, os liga e autentica. Será levado a adorar o Deus da encarnação, como pregado pelos apóstolos; Rei dos reis e Senhor dos Senhores, Aquele que é, que era e que há de vir. Assim as Escrituras, apresentando em sua unidade as marcas dAquele que a inspirou, desde a sua primeira até a última página, alcançarão o seu propósito final.”  

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3 respostas para A Bíblia: Inspiração e Revelação

  1. Livro maravilhoso que eu não me canso de ler…

  2. Pedro diz:

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    “Revelação é o ato divino pelo qual Deus revela verdades a Seu respeito, ao profeta: Verdades que o homem não poderia descobrir de outra forma. A revelação é sempre teocêntrica, isto é, está centralizada em Deus, e seu propósito final é levar o homem ao correto relacionamento com Ele.

    Inspiração, por outro lado, é o ato divino pelo qual Deus habilita o profeta a comunicar de forma confiável e precisa, o conteúdo da revelação.
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    E. White observa: "A Bíblia é escrita por homens inspirados, mas não é a maneira de pensar e exprimir-se de Deus… Deus, como escritor não Se acha aí representado… A inspiração não atua nas palavras do homem nem em suas expressões, mas no próprio homem que, sob a influência do Espírito Santo é possuído de pensamentos. As palavras, porém, recebem o cunho da mente individual." […] (Mensagens Escolhidas, vol. 1. pág. 21). Leia, ainda, em Mensagens Escolhidas, vol. 1, as págs. 16-39, para uma ampla visão do fenômeno da inspiração. […]
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    • Está acima de qualquer disputa que Jesus tinha profundo respeito por Sua Bíblia. Quaisquer que sejam as diferenças na descrição que os quatro Evangelhos apresentam de Sua vida e ministério, nisto há perfeita harmonia: Seu constante uso e inquestionável endosso da autoridade do Antigo Testamento.

    Jesus freqüentemente reprova a leitura parcial, partidária e incompetente das Escrituras. "Errais não conhecendo as Escrituras…" (Mateus 22:29).”
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    Bíblia Sagrada, o Manual do Cristão!

    A mensagem é divina, a apresentação humana. A essência é imutável, a didática circunstancial.

    Segundo entendo, é isto que nos dizem os textos acima, portanto, devemos ter cuidado com a literalidade textual!

    Gostei muito de ter lido essa postagem.

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  3. Pedro,que bom que vc gostou. Ficamos felizes quando o texto que apresentamos vem ao encontro de nossos leitores.

    Estou programando pelo menos mais uns dois textos nas próximas semanas com eate tema. Acho por demais importante, uma vez que a Bíblia é o nosso livro fonte de informação sobre fé e a vontade de Deus.

    abraço

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