Uma Cidade Fantasma – parte 2

Oradour -sur- Glane

Você pode ver a parte 1 aqui
Muitos moradores da cidade estavam fora porque trabalhavam em outras cidades e há o relato de um trem que chegou quando a cidade estava sendo incendiada. Os nazistas separaram os que eram moradores e os assassinaram. Obrigou o maquinista do trem a continuar sua rota, levando consigo outros passageiros que não eram moradores da cidade.
Um milagre. É assim que o pequeno número de sobreviventes define sua situação. A despeito de toda crueldade daqueles homens alguns escaparam e foram estes que ficaram como testemunhas desse horror.
A única mulher sobrevivente estava entre as mulheres que foram aprisionadas na igreja. Mme Rouffanche de 47 anos escalou alguns metros e pulou por um vitral da igreja. A altura da queda da janela lhe resultou em fraturas, mas com grande esforço, impulsionada pelo enorme desejo de sobreviver, ela arrastou-se até um matagal e lá, escondida sob as folhagens, pôde com angústia assistir o drama dos que ficaram no interior da igreja. Entre as vitimas estavam duas filhas e um netinho. E como se não bastasse tão grande perda e dor, seu filho e esposo foram metralhados.

Alguns homens sobreviveram porque se dissimularam como mortos e permaneceram embaixo dos corpos de outros metralhados. Escaparam porque se jogaram por terra na primeira rajada das metralhadoras e fingiram-se de mortos. Foram salvos pelos corpos que caíram por cima dos seus.

O mais perigoso, porém, foi tentar se livrar de suas “coberturas de corpos” sem serem vistos. E em seguida esconder-se atrás de objetos dos celeiros e granjas onde haviam sido aprisionados, sendo assim obrigados a testemunharem as fogueiras sendo acesas nos próprios corpos dos que caíram mortos. Enquanto as chamas crepitavam, eles ainda tiveram que ousar sair e esconder-se nos matos.

Outros suspeitando da intenção dos nazistas não atenderam ao chamado de presença coletiva da população na praça principal da cidade. Conseguiram fugir e esconder-se nos matos. Este segundo grupo foi composto de 8 pessoas. Um pequeno grupo. Entre estes estava o pequeno Roger Godfrin de 8 anos.

Roger não confiou no comportamento calmo daqueles homens fardados quando estes entraram na cidade. Reconhecendo o inimigo, de maneira corajosa e inteligente no momento do chamado para o ajuntamento da população, recusou-se a se colocar em situação de perigo. Para ele fugir dali significava viver. E foi o que fez. Das 206 crianças foi a única que escapou.

Este garotinho tinha na época a idade de minha caçulinha… fico imaginando tamanha experiência para uma criancinha ainda!
Enquanto estes adultos sobreviveram por sua maturidade esse pequeno homenzinho de 8 anos escapou porque ouviu os conselhos do seu pai.
De origem judia e em tempos de guerra e perseguição contra os judeus, seu pai havia feito advertências quanto ao que ele deveria fazer se visse um soldado nazista. O garoto ouviu e entendeu a mensagem. Compreendeu quais sinais observar e estava atento.
Isto me fez lembrar outros tempos de “guerra” e os conselhos de outro Pai.

Mateus 16:1-3 diz:Aproximando-se os fariseus e os saduceus, tentando-o, pediram-lhe que lhes mostrasse um sinal vindo do céu. Ele, porém, lhes respondeu: Chegada a tarde, dizeis: Haverá bom tempo, porque o céu está avermelhado; e, pela manhã: Hoje, haverá tempestade, porque o céu está de um vermelho sombrio. Sabeis, na verdade, discernir o aspecto do céu e não podeis discernir os sinais dos tempos?
O Messias já estava entre eles. Sinais já haviam se cumprido de acordo com as indicações contidas nas profecias do Antigo Testamento. Mas, “cegos” os judeus em sua maioria permaneciam indiferentes diante dos ”sinais” enviados por Deus, através das mensagens dos Seus profetas e da própria história que se desenrolava diante deles.
Como aconteceu no primeiro advento, o segundo será acompanhado por uma série de sinais também mencionados nas Santas Escrituras. Um grupo numeroso de contemporâneos de Jesus não discerniu os sinais quanto à Sua presença e primeira vinda. Da mesma forma, um grupo numeroso da última geração arrisca ser vitima da mesma indiferença por ocasião do Seu segundo advento.
“Então, os que estavam reunidos lhe perguntaram: Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a Israel?” (Atos 1:6)
“Para compreender o sentido de tal questão, é preciso levar em conta certo número de elementos:
1. No tempo de Jesus, a Palestina vivia sob a ocupação romana. Os Judeus, privados de sua soberania nacional desejavam naturalmente estabelecer sua independência.
2. À medida que o Salvador, por Seus ensinos e milagres, confirmava Sua autoridade, Seus discípulos acalentavam a esperança como o Messias viria cedo ou tarde a expulsar os Romanos da Terra Santa e acabaria por ser investido como soberano dos Judeus. Sem dúvida eles experimentaram uma primeira desilusão quando, após o milagre da multiplicação dos pães, seu Mestre Se afastou da multidão entusiasmada, sabendo que eles haviam decidido coroá-LO rei.
“Sabendo, pois, Jesus que estavam para vir com o intuito de arrebatá-lo para o proclamarem rei, retirou-se novamente, sozinho, para o monte.” (João 6:15)
3. Quando Jesus enviou Seus discípulos para evangelizar seus compatriotas Ele lhes deu esta ordem: “à medida que seguirdes, pregai que está próximo o reino dos céus.” (Mateus 10:7)Em suas mentes, isto significava o anúncio da instauração iminente do reino do Cristo em Israel.
4. No dia que o Salvador fez Sua entrada triunfal em Jerusalém, os que iam adiante dele como os que vinham depois clamavam: Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! Bendito o reino que vem, o reino de Davi, nosso pai! Hosana, nas maiores alturas! (Marcos 11: 9-10)Impulsionados pela exaltação geral, os apóstolos creram que a hora na qual o Senhor estabeleceria o reino de Davi, seu precioso ancestral, estava próxima.
5. Além do mais, durante Seu ministério, o Cristo tinha declarado a Seus apóstolos: “Em verdade vos digo que vós, os que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do Homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel.” (Mateus 19:28)Em qual momento este grande acontecimento dar-se-ia? Jesus não tinha dado nenhuma indicação a este respeito. Levado perante Pilatos Jesus disse: “O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui.” (João 18:36).
6. Em todo caso, os Doze sofreram uma segunda frustração quando, ao invés de contemplar seu mestre assentado sobre o trono de Israel, eles O viram sobre uma cruz, condenado à morte como um pária. Então, brutalmente, todas as esperanças que tinham de restabelecimento do reino messiânico se volatizaram. Dois dias após a crucifixão deram livre curso à sua amargura: Ora, nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir a Israel; mas, depois de tudo isto, é já este o terceiro dia desde que tais coisas sucederam.” (Lucas 24:21). Porém, assim que souberam que o Cristo havia ressuscitado, esta grandiosa vitória sobre seus inimigos fez renascer, mais viva que antes, a esperança de assistir enfim o estabelecimento de Seu reino sobre Israel. Daí esta pergunta: “Senhor, é neste tempo que Tu estabelecerás o reino de Israel?”
Jesus, lhes alimentou de outras ambições: Ele queria antes de tudo estabelecer Seu trono no coração dos que Nele criam, não importava a nação a qual pertencessem. Por isso, longe de lhes encorajar em suas aspirações nacionalistas, aproveitou para ampliar seu horizonte até a humanidade inteira: “Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade; mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra.” (Atos 1:7-8).
Esta declaração tem sido evocada para deduzir que nunca, em nenhum momento da história, os cristãos não pudessem ter o menor conhecimento dos sinais anunciadores do fim dos tempos. Não podemos esquecer que esta resposta foi dirigida antes de tudo aos apóstolos. Jesus tinha razões para não lhes revelar nada concernente ao tempo do estabelecimento de todas essas coisas: “Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora;” (João 16:12).


Então se o Senhor julgou nada dizer quanto a isto aos primeiros cristãos nada prova que no momento ideal e em circunstâncias favoráveis, Deus não desejasse dar aos cristãos as indicações pelo menos parciais concernentes a esta época crucial. À medida que a humanidade caminha em direção ao termo de sua história, a Providência pode estimar necessário desvendar o que pensa ser oportuno neste terreno.1

“Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade;”
O que este texto quer dizer? Há aqui uma proibição para os cristãos de estudar para saber se o segundo advento do Seu Senhor está próximo? As Escrituras nos dão outros versos que podem muito bem nos falar sobre qual a vontade do Senhor a este respeito:
Mateus 24: 32-33 diz: Aprendei, pois, a parábola da figueira: quando já os seus ramos se renovam e as folhas brotam, sabeis que está próximo o verão. Assim também vós: quando virdes todas estas coisas, sabei que está próximo, às portas.”
2 Pedro 1:19 diz:Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em atendê-la, como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração,”
Penso que há uma enorme diferença entre pretender determinar com precisão o dia e a hora desse acontecimento supremo e procurar discernir os sinais característicos da época do tempo do fim, afim de estar preparado para reconhecer a verdade e se posicionar com relação a ela.


O pequeno Roger Godfrin escapou da morte porque ouviu os conselhos do seu pai e entendeu a mensagem de sobrevivência que este lhe propôs. Compreendeu quais sinais observar e estava atento.
Queremos lhe falar sobre os conselhos deste outro Pai. Por isso, continuaremos neste tema.
Lembre-se, porém antes de tudo, que o Senhor deseja estabelecer Seu trono em nossos corações. Somente assim podemos compreender em sua plenitude o que é o Reino de Deus.
O primeiro passo é crer que Jesus é a resposta e a solução de um Deus de amor e de justiça para um mundo em crise.
O primeiro apelo que fazemos, ao encorajar você no caminho do viver pela fé e na fé nas promessas do Deus da Bíblia, é o de que gostaríamos de encorajá-lo a conhecê-LO.
Se você ainda não crê no Deus apresentado pelas Santas Escrituras, amplie seu horizonte. Somente assim você poderá compreender a proposta do Reino de Deus e o qual será realmente o futuro que nos espera.
Referência:
1. A L’Écoute de La Bible (Éditions SDT) p. 337-338.


Ruth Alencar

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4 respostas para Uma Cidade Fantasma – parte 2

  1. Pedro diz:

    "O pequeno Roger Godfrin escapou da morte porque ouviu os conselhos do seu pai e entendeu a mensagem de sobrevivência que este lhe propôs. Compreendeu quais sinais observar e estava atento."

    Pois é, tudo que nós precisamos é entender, compreender. Depois disso, a fé e a entrega fluirão naturalmente.

    Salomão só pediu sabedoria!

    Tudo que peço a Deus é que, realmente,eu esteja certo na minha escolha, que eu, realmente, conheça aquEle "em quem tenho crido".

  2. Olá Débora!

    Já te sigo e recomendo os seus belos trabalhos!

  3. Exatamente, Pedro, "tudo que nós precisamos é entender, compreender. Depois disso, a fé e a entrega fluirão naturalmente."

    O problema é que muitos simplesmente não querem nem saber… penso até que entenderam, apenas não aceitaram como verdade e rejeitam os sinais.

    Por isso, amo demais Jesus, pq mesmo em tremenda agonia orou intercedendo por Seus torturadores: "Pai, perdoa porque eles não sabem o que fazem."

    Eu quero aprender a ser assim… ser além de mim mesma, para poder refletir minha Filiação.

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