Este texto é a continuação de “Como Conversar com Deus – O Pai Nosso”.
Veja o texto de introdução.
“Há uma divisão bem distinta bem no meio do Pai Nosso. Logo se nota a mudança de pronomes. Nas três primeiras proposições, usamos o pronome na segunda pessoa do singular: teu reino, teu nome, tua vontade. Nas três ultimas, porém, o pronome é nós, nós e nosso. Primeiro, pensamos em Deus; e só depois é que podemos ocupar-nos de nós mesmos.
E a primeira petição que o Senhor nos permite fazer em nosso favor é uma que realmente desejamos fazer. É justamente a que devemos fazer, se quisermos sobreviver. “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje” engloba todas as nossas necessidades materiais.
Alguns dos pais da Igreja, como Jerônimo, Orígenes e Agostinho, ensinavam que a palavra “pão” ali se referia ao mesmo pão que Jesus mencionou quando disse: “Eu sou o pão da vida”. Eles acreditavam que era errado orar pelas bênçãos materiais. E até hoje alguns apóiam esta idéia.
Mas por que tentar espiritualizar esta frase? Até mesmo um santo precisa se alimentar. Se não ingeríssemos alimento para o sustento de nosso corpo, não poderíamos nem orar. Jesus pregou ao povo; curou os enfermos; perdoou pecados e também usou seu maravilhoso poder para alimentar multidões com o pão material.
Se examinarmos a vida do Senhor, veremos que ele conhecia a luta diária pelo sustento. Ele sabia o significado da pequena oferta da viúva pobre; sabia o que poderia representar a perda de uma moeda valiosa; sabia o que era usar roupas remendadas. Sabia o que era fazer as compras do armazém com cuidado para não sair fora do orçamento.
Mesmo após a sua ressurreição, ele se interessou por alimentos. Nós o vimos acompanhando dois discípulos até em casa, naquele primeiro domingo de páscoa. Ele lhes falou de esperanças, e depois encontrou tempo para sentar-se à mesa com eles. A bíblia diz até que “tomando ele o pão, abençoou-o, e, tendo-o partido, lhes deu” (Lc. 24:30).
Depois nós o encontramos na praia, à luz cinzenta da madrugada do dia seguinte. Os discípulos tinham estado a pescar a noite toda. Agora estavam voltando, e o Senhor estava preparado para recebê-los. Que iria ele fazer? Uma reunião de oração? Eles precisavam de oração…. Uma poderosa revelação de si mesmo? Eles haviam perdido a fé nele…. Não; ele preparou-lhes uma refeição. O Cristo ressuscitado, triunfante, preparava um desjejum. Apesar de ter os pés feridos ele andara pela praia pedregosa à procura de gravetos.
Embora suas mãos tivessem sido atravessadas pelos cravos, ele se ocupara em limpar peixe. Ele sabia que aqueles pescadores estariam com fome.
Ele sabe que nós temos que comprar mantimentos, pagar o aluguel ou a prestação da casa, adquirir roupas; sabe que haverá despesas com as crianças na escola e todo tipo de contas para pagar. E não somente isto.
Ele conhece os desejos e necessidades pessoais que temos além das coisas essenciais. Nós não somos como os irracionais. Por isso desejamos gozar das coisas agradáveis da vida.
Ele sabia melhor do que nós que o corpo e a alma são inseparáveis. Assim como o medo e a preocupação podem afetar o corpo e causar enfermidade, assim também as condições físicas da pessoa podem alterar sua maneira de encarar a vida, sua fé religiosa e sua conduta moral.
O Deus que criou nosso corpo está interessado em nossas necessidades físicas, e espera que nós lhe falemos a respeito delas.
Todos os dias o sol se levanta no horizonte e aquece a terra. Se ele deixasse de brilhar por um minuto que fosse, toda a vida sobre a terra se extinguiria. As chuvas servem para irrigar a terra. A fertilidade se encontra no solo; a vida, nas sementes; o oxigênio, no ar. A providência de Deus está ao nosso redor o tempo todo, em abundância incrível, mas nós encaramos todas essas coisas como sendo corriqueiras.
O Dr. John Whiterspoon foi um grande educador americano e um homem de Deus. Foi um dos que assinaram a Declaração de Independência dos Estados Unidos. Foi diretor da escola que mais tarde viria a ser a Universidade de Princeton. Ele morava a pouco mais de três quilômetros da escola e ia para lá todos os dias em sua caleça.
Certo dia, um vizinho entrou bastante nervoso em seu gabinete e lhe disse: “Dr. Whiterpoon, eu queria que o Senhor me ajudasse a dar graças a Deus por ter-me salvo a vida. Eu estava rodando em minha charrete hoje de manhã e o cavalo soltou-se e fugiu. A carroça bateu contra as rochas e ficou em pedaços, mas eu sai ileso”.
Ao que o Dr. Whitherspoon respondeu:
“Eu sei de um exemplo mais notável. Eu já rodei por aquela estrada centenas de vezes. Meu cavalo nunca escapuliu; a caleça nunca se quebrou e nem eu fui ferido. A providência de Deus para mim foi muito mais extraordinária do que para você”.
É como diz o poema de Maltbie D. Babcock:
Por trás do pão está a farinha;
Por trás da farinha, o moinho;
Por trás do moinho, o trigo, a chuva,
O sol e a vontade do Pai.
Podemos aplicar esta verdade a tudo que possuímos — o carro de que tanto nos orgulhamos, ou a casa em que vivemos, as roupas que usamos. Todos estes bens provém da terra que Deus criou. Ele os colocou ao alcance de nossas mãos, porque sabia que nós iríamos querê-los e apreciá-los. Muito antes de nós nascermos, Deus já havia respondido esta nossa petição de bênçãos materiais. “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje” é uma declaração do que Ele já fez. Gosto muito daquela história de Jesus no deserto. Mateus conta que havia cinco mil pessoas ali (14:21). Eles estavam famintos e o Senhor desejava vê-los alimentados. Os discípulos fizeram um levantamento da situação, e tudo que puderam encontrar foi o lanche de um rapazinho, que constava de cinco pães e dois peixes.
Eles criam que aquilo era pouco demais para ser levado em conta. Era tão pouco que não adiantava nem tentar. Mas vejamos a atitude de Cristo. Ele não reclamou da quantidade; antes, a primeira coisa que fez foi agradecer. Depois, utilizou o que tinha em mãos; Ele começou a partir pedaços de pão e distribuí-los.
Para espanto geral, aquele alimento deu para todos. Na verdade, houve mais do que o necessário, eles recolheram doze cestos cheios de sobras. O povo ficou tão maravilhado, que quis pegá-lo à força e proclamá-lo rei (Jo 6:5-15).
Se nós também começarmos a agradecer a Deus pelo que temos, e passarmos a usar isto da melhor maneira possível, o Senhor nos dará discernimento a respeito de como poderemos multiplicá-lo a fim de satisfazer todas as nossas necessidades, e ainda haver sobra. Nós nos sentiríamos tão venturosos que cairíamos a seus pés para adorá-lo como Senhor e Rei.” (Charles L. Allen)
Sejam bem vindos!
Melhor visualização do blog no Google Chrome e Firefox!
Em alguns navegadores poderá ocorrer a não visualização de comentários postados ou poderá ocorrer a visualização de comentários sobrepostos aos posts recomendados: "Poderá também gostar de:".
Boa leitura a todos!