No diálogo que tivemos no texto “É o homem imortal?” eu afirmei: “Assim, Adão e Eva não puderam transmitir para sua posteridade o que não mais possuíam. Longe de Deus não há imortalidade. O homem não guarda em sua natureza a imortalidade. Essa é a verdade completa.”
E Pedro argumentou: “Se essa foi a condição para que o homem vivesse eternamente, Deus estava exigindo dele algo absolutamente impossível de se conseguir, pois fora Ele mesmo que criara o homem sem essa capacidade.”
A imortalidade prometida pelo Criador à humanidade estava realmente sob a condição da obediência e, portanto, foi perdida pela transgressão. As interpretações vagas e imaginosas da Bíblia geraram muitos dogmas de fé religiosa e até hoje se encontram no meio cristão. Isto porque o inimigo de Deus trabalhou para fazer o homem crer que guardara em sua natureza a imortalidade.
Contraria todo sentimento de amor e misericórdia, e mesmo a todo o senso de justiça a doutrina do purgatório ou dos homens ardendo eternamente em um lago de fogo e enxofre devido a uma curta vida em pecado. Isto é um absurdo! Porém, esta doutrina é aceita por muitos cristãos. Mas é um ensino de satanás, não tem base bíblica. “Vivo eu, diz o Senhor DEUS, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho, e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos;” (Ezequiel 33:11)
Deus deu a humanidade uma revelação de Seu caráter, e de Seu método de tratar com o pecado: “Passando, pois, o SENHOR perante ele, clamou: O SENHOR, o SENHOR Deus, misericordioso e piedoso, tardio em irar-se e grande em beneficência e verdade; Que guarda a beneficência em milhares; que perdoa a iniquidade e a transgressão e o pecado; que ao culpado não tem por inocente;” (Êxodo 34:6-7)
Reflitamos sobre o que a Bíblia fala sobre a morte:
Gênesis 3:19
Salmo 146:3 e 4
Salmo 115:17
Salmo 6:5
Eclesiastes 9:5 e 10
Gênesis 2:7
Segundo o dicionário Novo Aurélio Séc.XXI, entre os muitos outros significados:
Terra = poeira, pó, argila própria para escultura
Ora, ‘pó da terra’ é a matéria. Como um Criador, Deus criou a partir de algo que já existia. Deus pescou na natureza os elementos químicos e nos formou. Inspirando-se em Si mesmo, vendo o todo idealizou cada detalhe dos intrínsecos e complexos sistemas do que se tornaria o organismo, o ser humano. Nesses sistemas injetou o segredo da vida. O ‘óleo vital’ para seu funcionamento. O Criador respirou sobre o homem e sua obra tornou-se viva, alma vivente.
“E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra. E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.” (Gênesis 1:26-28)
O ser humano começou a viver no momento em que o “pó” da terra juntou-se ao fôlego, ou sopro de vida. Sem esse sopro de vida não há alma vivente. Não é, portanto, um espírito que sai do corpo, mais o sopro de vida.
Sopro é sopro, não pensa, não sente. Sopro é o dom da vida que nos é concedido por Deus, o Criador. Da mesma forma “pó da terra é pó da terra”, não é ser humano. Ao morrer, Deus recolhe esse dom, o Seu fôlego de vida, que a Bíblia chama de espírito. O corpo apodrece e seca, vira pó.
A palavra hebraica para espírito é ruach, que quer dizer exatamente sopro. Em grego, que é a outra língua em que a Bíblia foi escrita, a palavra usada é pneu, que também significa sopro. Somente quando o sopro divino se une ao “pó” é que o ser humano passa a existir. Com isto, a Bíblia afirma que não existe espírito vivo e pensante quando o ser humano morre.
pó = no sentido figurado é ‘coisa sem valor’
A expressão ‘descer a terra’ = morrer
“E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu.” (Eclesiastes 12:7)
“Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, mas a sua memória fica entregue ao esquecimento. Também o seu amor, o seu ódio, e a sua inveja já pereceram, e já não têm parte alguma para sempre, em coisa alguma do que se faz debaixo do sol.” ( Eclesiastes 9:5-6)
“Assim como a nuvem se desfaz e passa, assim aquele que desce à sepultura nunca tornará a subir.” (Jó 7:9)
centelha de vida = espírito = fôlego de vida. Estes termos são sinônimos e denotam somente o elemento de vida, não a consciência nem a inteligência.
Não, Pedro, a Bíblia não apresenta Deus como co-responsável com relação aos erros do homem. Deus é Onisciente, o erro não faz parte da Sua natureza. Um pai que cria seu filho de forma correta, dá todas as orientações e boa assistência educativa não pode ser co-responsável se o filho decide enveredar para o mundo do crime.
Deus criou o homem livre moralmente. Não estava exigindo além do que o homem podia dar como criatura. Além do mais, Deus pôs em seu coração o conceito de moralidade. Afinal, fora criado a Sua imagem e semelhança: intelectual, moral e espiritual.
Se no exercício do livre arbítrio o homem decidisse pela confiança e obediência aos conselhos divinos teria um resultado (vida plena- eternidade). Mas, se escolhesse a desconfiança e desobediência aos Seus conselhos seria outro o resultado (vida interrompida).
Não é difícil entender. O fôlego não é atributo humano, vem de Deus. Ele nos criou sem a capacidade de vida por nós mesmos, porque é essa a nossa natureza: a de dependência. Nem por isso o fôlego é algo absolutamente impossível para nós, apesar de termos sido criado sem essa capacidade independente. Faz diferença quando o enxergamos como um dom de Deus.
A eternidade é como o fôlego, fomos criados sem essa capacidade. Fôlego e eternidade não são atributos humanos, mas são atributos possíveis na medida em que são vistos como um dom de Deus. Como a salvação entende? Por nós mesmos é impossível alcançá-la. Deus criou o homem para a eternidade, mas estabeleceu condições para usufruí-la. Deus realmente estabelecera a imortalidade condicionada à obediência.
Lembra-se que está escrito em Eclesiastes 3:11? “Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até o fim.”
A eternidade do homem será sempre diferente da eternidade de Deus. É uma eternidade concedida. A incapacidade do homem de ser imortal não foi estabelecida por Deus, é que a natureza do homem é a natureza da criatura. É uma natureza dependente. Não tem vida própria. Precisa de um Agente externo. Precisa do Criador.
Como as plantas que precisam de água e da luz do sol, senão morrem. Diferentemente de Deus que é o Criador, o princípio e o fim. O Alfa e o ômega. Deus Se basta.
Deus tem existência própria. É a Vida em abundância. Está escrito em Apocalipse 21:23 que a cidade de Deus “não precisa nem do sol, nem da lua, para lhe darem claridade, pois a glória de Deus a iluminou, e o Cordeiro é a sua lâmpada.”
Em Apocalipse 22:1-2 fala do rio da água da vida que sai do trono de Deus e em cujas margens se encontram a árvore da vida, “que produz os frutos e as folhas que são para a cura dos povos.” E esta árvore estava tanto numa margem como na outra. Uma visão coletiva com árvores que dão frutos diferentes mês a mês. Deus é espírito, Seu Reino é espiritual. É imortal por natureza, pois é vida pura e em abundância. Ao contrário do homem que DEle depende. Por isso, Ele disse que a Sua glória Lhe pertencia e Ele não daria a outro.
“Eu sou o SENHOR, este é o meu nome; a minha glória, pois não darei a outrem, nem a minha honra…” (Isaías 42:8)
A ideia de conceber Deus não necessitando do sol, nem da lua, mas Ele mesmo Se bastando, contrasta com a concepção pagã de divindade do sol e da lua.
O homem foi criado com a imortalidade condicionada, porém, Deus ofereceu todas as condições para que o homem pudesse ter acesso a essa imortalidade. Isto porque Deus é extremamente justo e bom, pois Deus foi muito mais além do que a lei pedia. Sem essa “condicionalidade” teria sido muito triste para a humanidade viver por toda eternidade testemunhando as conseqüências de sua rebelião!
Em João 7:17 temos “Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se eu falo por mim mesmo.”
O que ele quer nos dizer? Ele nos diz que para Deus a obediência moral é mais importante do que a compreensão intelectual. Deus quer de nós um culto racional, um culto que se confirme através de um agir fundamentado nos princípios divinos. Foi exatamente a não obediência a essência da vontade divina que fez surgir a manifestação das conseqüências do erro.
Adão e Eva duvidaram do amor de seu Criador ao dar ouvidos às acusações de Seu inimigo. Foi assim que a rebelião manchou nosso mundo. Não podiam mais permanecer no Jardim, pois este havia sido dado como um presente especial de Deus. O Jardim era um pequeno “pedaço do Céu” na Terra, pois a Bíblia diz que Deus passeava nele ao cair da tarde.
A Bíblia nos conta que nossos primeiros pais caíram não porque ouviram os argumentos do inimigo de Deus, mas porque deram crédito às suas acusações ao duvidarem dos conselhos e amor divinos.
Por isso, Ele disse que teríamos que ser como as crianças, se quiséssemos entrar no Seu Reino. Não se trata aqui da vontade divina que sejamos imaturos. Trata da exigência de sermos adoradores conscientes de nossa dependência DEle. Livres, sem reservas e em confiança plena e incondicional.
Deus os advertiu quanto ao fato de experimentarem o fruto proibido, mas não os privou de experimentá-lo. Ele os deixou moralmente livres para escolher. Adão e Eva o pegaram e o comeram. Em consequência, experimentaram a desobediência, provaram do sentimento de culpa e da morte. Passaram a conhecer o bem e o mal.
Pedro disse: “O homem foi criado em estado de pureza, isto é, não tinha maldade em seu coração, foi agraciado com o livre arbítrio, porém limitado em conhecimento.”
“O que se pode esperar de um inocente que tenha liberdade plena, irrestrita, porém limitado em conhecimento? Que erre, claro! Mas, a causa do engano será maldade ou ignorância?
O que me diz estes versos? Diferentemente dos animais, Deus nos dotou de raciocínio e não apenas de instinto. Fomos feitos à semelhança intelectual de Deus. Deus não teria dado a sujeição da terra e dos animais a Adão e Eva se estes não tivessem capacidade de discernimento e responsabilidades.
Em Gênesis 3:8 é dito que “Quando ouviram a voz do SENHOR Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do SENHOR Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim.”
Deus tinha um relacionamento muito íntimo com o casal. Um relacionamento que com certeza trazia orientações e advertências sobre o Anjo rebelde. Não fazemos isto com os nossos pequenos? Não lhes orientamos quanto aos perigos da má companhia? Não esperamos que eles cresçam para lhes ensinar, vamos ensinando dia após dia. Foi isto que o Criador fez com Adão e Eva. Deus os buscava não porque estivesse separado de Seu conhecimento. Claro que Ele sabia onde eles estavam! Deus os buscou porque queria comunhão com eles, apesar de terem desobedecido. Deus resiste a compactuar com os erros e decisões erradas do homem (é imutável nisto). Mas, aproxima-Se de quem se sujeita à Sua Autoridade (atende a mutabilidade humana).
Pedro diz: “O que se pode esperar de um inocente que tenha liberdade plena, irrestrita, porém limitado em conhecimento? Que erre, claro! Mas, a causa do engano será maldade ou ignorância? (…) Ora, se Deus perdoa o tempo da ignorância, a resposta quem dá é Ele mesmo, ao criar o plano da redenção. mesmo antes da existência do homem.”
Você disse bem, “o tempo da ignorância”. Mas, acontece que ignorante é quem não tem informações e a Bíblia diz que Deus passeava pelo jardim no final do dia para encontrar-Se com o casal. Sobre o que será então que conversavam? Será que Deus os havia deixado ignorantes com relação à existência de um inimigo mortal?
Há quem diga que Deus é co-responsável por nossos enganos, mas permitir a possibilidade do erro não dá ao Deus Criador a cumplicidade em nossos erros. Simplesmente porque Deus é um Ser perfeito. A imperfeição é atributo das criaturas.
Quanto à questão do espiritismo que você não consegue assimilar.
“Consciência” não é uma “entidade”, algo que tenha vida própria. É apenas a capacidade do discernimento, de optar. Consciência é a formulação do conhecimento construído no exercício do viver. É o palco dos princípios éticos morais e espirituais. É a nossa capacidade de pensar. Não é isto que retorna à Fonte da Vida. Isto simplesmente adormece junto com o corpo.
“… e o pó volte à terra, como era, e o espírito volte a Deus, que o deu.”
A dúvida aqui não é com relação ao fôlego, mas com relação a se existe uma diferença entre o respirar dos homens e o respirar dos animais. Cada qual volta à origem onde teve início: o corpo para o pó e o espírito (o sopro, o respirar de Deus, o “ruach”, o “pneu”) volta para Deus.
“… mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, porque a sua memória jaz no esquecimento. Amor, ódio e inveja para eles já pereceram; para sempre não têm eles parte em coisa alguma do que se faz debaixo do sol.”
Pedro disse “a consciência pode ir e voltar desde que o corpo ainda tenha vida”. Não “creio que ela vive eternamente em Deus”, haja vista que ela é resultante do exercício do viver do homem. Boa consciência e má consciência são atributos humanos, não divinos. Ser consciente ou não consciente são atributos humanos, não divinos.
A “Consciência” é a formulação do conhecimento construído no exercício do viver, os sentimentos, os princípios éticos morais e espirituais. A capacidade de pensar jaz com o corpo. Exatamente porque ela não tem vida própria. Ela não vai a lugar algum, “dorme” com o pó.
Mas, o respirar de Deus (o fôlego, que não é o oxigênio) este sim volta à sua origem, pois é de Deus. Não se trata de literalidade do texto, mas da compreensão do que é atributo divino e atributo humano. Nunca diremos o suficiente o quanto precisamos separar Deus dos homens.
Não sigo a literalidade textual, mas faço parte do grupo que defende o “Sola Scriptura”. Compartilho o pensamento de que a Bíblia é um livro contextualizado e que tem a capacidade de explicar-se a si mesma. E essa contextualização não pode ser vista como um fator negativo ou que possa pontuar a favor dos argumentos de que a Bíblia é um livro que se contradiz, mas como um instrumento de comprovação da verdade teológica de Deus.
Gosto do pensamento que afirma que a Bíblia traz nela mesma a marca de sua origem. De que nenhum livro tem a capacidade de responder ao ser humano as suas mais profundas interrogações. E de que apesar de sua historicidade ela encerra uma mensagem para todas as épocas e todas as condições de vida.
Loron Wade em seu livro “Os Dez Mandamentos” diz o seguinte:
Ruth Alencar
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Boa leitura a todos!
Meus irmãos, quando forem citar Eclesiastes 9,para defenderem o "sono da alma",cite-o dentro do seu contexto, por favor!O texto em seu contexto, deixa claro,QUANDO FALA DA CIÊNCIA além morte, ESTÁ SE REFERINDO EM relação as coisas desta vida!!! POR EXEMPLO, VC TRABALHAR LÁ?
O contexto de Eclesiaste 9 é uma reflexão que o sábio faz sobre a aparente igualdade de sorte entre os impios e os justos.
Eclesiastes 9:1-3 "Deveras me apliquei a todas estas coisas para claramente entender tudo isto: que os justos, e os sábios, e os seus feitos estão nas mãos de Deus; e, se é amor ou se é ódio que está à sua espera, não o sabe o homem. Tudo lhe está oculto no futuro. Tudo sucede igualmente a todos: o mesmo sucede ao justo e ao perverso; ao bom, ao puro e ao impuro; tanto ao que sacrifica como ao que não sacrifica; ao bom como ao pecador; ao que jura como ao que teme o juramento. Este é o mal que há em tudo quanto se faz debaixo do sol: a todos sucede o mesmo; também o coração dos homens está cheio de maldade, nele há desvarios enquanto vivem; depois, rumo aos mortos."
O sábio fala da sabedoria da morte. Ele conclui que a vida é uma pistas onde todos têm que correr juntamente, saltar os mesmos obstáculos, sob os mesmos riscos… e o interessante é que todos chegam ao mesmo fim.
Em Eclesiastes 7, vemos a mesma reflexão do sábio. Ele conclui que o pensamento sobre a morte torna os homens mais sábios, porém, para os que já morreram, a esperança desapareceu: a porta da graça fechou-se.
Há um estado de inconsciência sim com a morte. esta é a verdade que a Bíblia ensina. Não há uma via alternativa.
Alguns versos que fundamentam minha afirmação:
“Sai-lhe o espírito, volta para a terra; naquele mesmo dia perecem os seus pensamentos.” (Salmo 146:3 e 4)
“Os mortos não louvam ao SENHOR, nem os que descem ao silêncio” (Salmo 115:17)
“Porque na morte não há lembrança de ti; no sepulcro quem te louvará?” (Salmo 6:5)
“Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma.” (Eclesiastes 9:5 e 10)